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Scot Consultoria

Boi: futuros incentivam criadores a reduzir oferta de bois


Terça-feira, 24 de março de 2015 - 16h22

São Paulo - Os contratos futuros negociados na BM&FBovespa indicam valorização da arroba nos próximos meses, o que contribui para que os criadores retenham bois no pasto, intensificando a escassez de animais que confere viés de alta aos preços no físico. A baixa oferta de lotes já começa a ser sentida em praças que, até então, tinham preços atrativos aos compradores.

Enquanto isso, a indústria paulista é obrigada a pagar mais pelos bois, o que reforça a tendência de alta no Estado. Na sexta-feira, o indicador Esalq/Cepea à vista ainda recuou, fechando a R$ 145,55/arroba (-0,46%). Já o valor a prazo subiu 1,17% para R$ 147,84/arroba. No atacado, os consumidores buscam cortes mais baratos, o que causa oscilações nos preços da carne.

Indicador de preço do Boi ESALQ x BM&F

Indicador do preço disponível ESALQ/BM&F em SP

Apesar de terem cedido um pouco na sexta-feira, a maioria dos contratos futuros registrou valorização no decorrer da semana passada. O papel para abril subiu R$ 1,24, para R$ 148,44, enquanto o março avançou R$ 0,36 e fechou a R$ 147,25. "O março, que liquida em 7 dias úteis, está R$ 1 acima do indicador do Cepea/Esalq", observa Renata Fernandes, analista de agronegócios da Guide Investimentos. "Então o mercado acredita em novas altas no curtíssimo prazo. Cada vez mais os preços abaixo de R$ 145 ficam para trás." 

Preço do boi em R$ por arroba – BM&F

Preço do boi em R$ por arroba no mercado interno – CEPEA/ESALQ

Os números incentivam criadores a aproveitar as melhores condições de pasto para continuar a engorda e reforçar ganhos futuros na arroba, o que permite compensar os custos elevados na reposição. Segundo a Guide Investimentos, a relação de troca entre o bezerro e o boi gordo chegou a 1,72 em março, ante média histórica de 1,92 bezerro por animal terminado. Além disso, a expectativa de aumento nas exportações e, portanto, na demanda por gado, também implica valorização nos contratos.

No físico, a semana passada terminou com novas oscilações positivas. A Scot Consultoria observou alta de R$ 1 na cotação em São Paulo, que foi a R$ 146 à vista e R$ 147 a prazo. Houve valorização também em Cuiabá (para R$ 138/arroba), Campo Grande (R$ 140/arroba), Goiânia (R$ 138/arroba) e oeste do Maranhão (R$ 128/arroba), além de Três Lagoas (MS), onde a cotação atingiu R$ 140. Nessa praça, o Cepea também verificou alta, de R$ 0,77, para R$ 136,84 no preço da arroba à vista sem o Funrural. Já a Informa Economics FNP registrou alta apenas no Triângulo Mineiro, onde a arroba subiu R$ 1, para R$ 137.

Em parte, as variações refletem a busca da indústria paulista por animais em outras praças, ao mesmo tempo em que cede por lotes mais caros no Estado para preencher escalas. O BESI Brasil registrou nova mínima nas programações de abate no País, que atingiram média de 2,44 dias úteis. O Cepea registrou também alta na cotação à vista em Tocantins, sem o imposto, que chegou a R$ 123,62 por arroba. A valorização se relaciona à menor disponibilidade de bois, o que também começa a ser sentido no Pará.

No atacado, os preços refletem a preferência dos consumidores por cortes mais baratos. "Há uma redução no consumo do traseiro e aumento das compras do dianteiro. É um movimento típico do final do mês", afirma Alex Santos, analista da Scot. Em virtude das condições econômicas domésticas e do recuo nas exportações, o consultor espera que essa parte do boi seja mais consumida ao longo do ano. Na sexta-feira, a Scot registrou queda de R$ 0,70 no quilo do traseiro, para R$ 10,10, ao passo que o dianteiro subiu R$ 0,60, e chegou a R$ 7.

Fonte: Agência Estado, por Renato Oselame - renato.oselame@estadao.com. Publicado em 23/03/2015.


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