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Scot Consultoria

Demanda russa por carnes do Brasil deve sustentar preços de aves e suínos


Quinta-feira, 14 de agosto de 2014 - 15h42

A decisão da Rússia de aumentar as importações de carnes do Brasil para compensar um embargo a outros países vai contribuir para uma alta nos preços da carne suína e de frango no país, mas terá impacto mais limitado sobre a área de bovinos, apontaram analistas e representantes do setor.


O governo russo praticamente triplicou o número de unidades brasileiras habilitadas a exportar à Rússia, depois de anunciar embargo a países fornecedores de alimentos em retaliação às sanções de países como Estados Unidos, União Europeia e Austrália, por causa da crise com a Ucrânia.


"Alguma elevação, sem dúvida, virá, porque o preço do frango está muito baixo", disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, embora ele acredite que o aumento não será "imediato ou abrupto". 


Turra ponderou que a Rússia pode deixar de comprar produtos dos EUA e Europa. Mas norte-americanos e europeus poderão, por sua vez, vender para outros mercados, possivelmente competindo com o Brasil, o maior exportador global de carne de frango.


O preço do quilo do frango resfriado subiu cerca de 3,0% em Toledo, no Paraná, maior produtor e exportador brasileiro do produto, desde o dia 6/8, quando a Rússia anunciou que compraria mais carnes do Brasil.


Já o preço do quilo do suíno no oeste catarinense teve alta de 2,2% em período semelhante, segundo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). 


Em seu relatório semanal mais recente, o CEPEA ressaltou que "uma grande oportunidade pode vir da crise política entre Rússia, Estados Unidos e União Europeia".


O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, disse que impacto da alta deve ser mais evidente em cortes como coxa e sobrecoxa, mais demandados pela Rússia. 


"A comercialização para a Rússia é muito direta entre importador e fornecedor, então isso já mexe com o mercado... Mesmo sem os embarques, já podemos começar a ver melhoras", disse Martins.


Ele acrescentou que os preços da carne de frango estão cerca de 5,0% mais baixos ante igual período do ano passado, e o mercado deve passar por um ajuste.


No caso da carne suína, que já vem com preços sustentados no ano, por menor disponibilidade de animais para abate, o aumento poderá ser mais expressivo, ponderou o presidente da ABPA, Turra.


"A carne suína, esta sim, já estava tendo uma elevação no mercado interno e externo, e com esta abertura russa tende a aumentar (mais)", acrescentou.


Outro cenário


Para o setor de carne bovina, porém, o impacto deve ser menos significativo, porque a demanda interna está desaquecida, ressalvou o analista da Scot Consultoria, Alex Silva.


"Não dá para ficar muito animado não... Porque internamente já não vemos muito poder de consumo, já virou clichê falar que a economia está ruim este ano", disse Silva.


Ele explicou que a demanda russa é justamente pelos cortes dianteiros, que são os mais baratos.


"Então, a Rússia poderá ajudar a escoar este tipo de corte, mas os cortes mais nobres, que estão ficando empacados, vão continuar assim", disse.


Fonte: Reuters. Por Fabíola Gomes. 12 de agosto de 2014.



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