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Scot Consultoria

Seleção genética e cruzamento


Quinta-feira, 9 de setembro de 2021 - 10h00

Foto: Shutterstock


Introdução


Pode-se aumentar a produção animal de duas formas fundamentais. A primeira é pelo melhoramento do ambiente em que o bovino está condicionado, através de avanços nutricionais, sanitários e/ou reprodutivos, e se trata de um processo transitório e de custo elevado devido à mão de obra e insumos.


A segunda é por meio do melhoramento genético, realizado através de seleção genética, sistemas de acasalamento e técnicas de cruzamento, nos quais as melhorias demandam mais tempo em relação à primeira, porém, seus ganhos são praticamente permanentes.


Mas afinal, como funciona a seleção genética e o cruzamento, e como eles têm contribuído para uma produção sustentável?


Seleção genética

A seleção genética consiste na identificação de indivíduos geneticamente superiores por meio de suas características fenotípicas, para que sejam priorizados na reprodução do rebanho.


Assim, com um processo de seleção realizado durante várias gerações, maiores as chances de alguns genes se tornarem frequentes no rebanho. Pensando em gado de corte, algumas características de interesse para a seleção genética são: peso ao desmame, ganho de peso, idade ao primeiro parto e perímetro escrotal ao sobreano.


Esse processo consiste em duas etapas: a identificação de bovinos com um genótipo superior e a reprodução desses animais para a próxima geração.


Souza (2017) nomeou os resultados obtidos de um programa de melhoramento genético, considerando o peso de desmama, ganho de peso pós desmama, musculosidade e perímetro escrotal, como índices de seleção.


Dessa forma, a evolução anual estimada no ganho de peso de bezerros no período de 2000 a 2017 foi de 0,01 kg/dia (figura 1).


Figura 1. Ganho pós desmama (kg/dia) de machos nascidos em 2016, de acordo com o ano de nascimento da vaca.



Fonte: Souza (2017) / Elaboração: Scot Consultoria.


Esses resultados demonstram que a diferença estimada entre os ganhos de peso pós desmama dos bezerros nascidos em 2000 e 2017 foi de 0,17 kg/dia. É importante ressaltar que o manejo alimentar permaneceu o mesmo durante esse período.


Traçando um outro comparativo do mesmo estudo, ao olharmos para o ganho em precocidade e os dados apresentados, o ganho pós desmama em bezerros era de 0,509 kg/dia em 2000 e passou para 0,718 kg/dia em 2014.


Considerando um animal desmamado com 200 kg, até atingir 500 kg seriam necessários mais de 19 meses em 2000. Em 2014, o mesmo peso seria obtido em cerca de 14 meses graças ao ganho genético.


Cruzamento

O cruzamento ocorre quando é realizado o acasalamento de indivíduos pertencentes a raças ou espécies diferentes.


Dessa forma, é possível combinar duas raças ou mais, em diferentes esquemas de cruzamentos (rotacionado, terminal, entre outros) com o benefício dos efeitos da heterose ou vigor híbrido, que é o ganho em certa característica como: desempenho, eficiência produtiva, rusticidade, resistência a doenças e/ou parasitas, sendo superior quando comparado com seus progenitores.


Apesar da maior parte do rebanho brasileiro ser composta por bovinos Nelore ou anelorados, apresentaremos alguns cruzamentos que se destacam, assim como suas características de relevância (tabela 1). 


Tabela 1. Raças bovinas provenientes de cruzamentos, suas origens e características.


Raça Origem Cruzamento Característica
Brahman EUA Guzerá (predominantemente), Gir e Nelore Alta qualidade de carne, alta precocidade dos bezerros, de fácil adaptação ao clima tropical.
Brangus EUA, Brasil, Austrália e Argentina Brahman e Aberdeen Angus Rústico, resistente a parasitoses, alta precocidade sexual, boa habilidade materna, excelente acabamento de carcaça e marmorização da carne.
Tabapuã Brasil Nelore, Gir e Guzerá. Animal dócil com alto rendimento de carcaça e ganho de peso.
Canchim Brasil Charolês e Zebu. Resistente a altas temperaturas e boa reprodutividade.

Fonte: Fernandes (2021). Elaboração: Scot Consultoria.


Considerações finais

Apesar do cruzamento resultar em melhoria genética, em produção e produtividade, ele não descarta a necessidade da melhoria da seleção genética de raças puras. A associação de ambas possui uma sinergia positiva.


Assim, o melhoramento genético tem contribuído não somente para gerar um animal mais produtivo e precoce, mas também para ganhos ligados à resistência a ambientes adversos, doenças e parasitas.



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