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Scot Consultoria

Não comprar de quem desmata é comprar de ninguém


Terça-feira, 22 de novembro de 2016 - 16h00


Através de manchetes fiquei sabendo que as grandes redes de supermercados e a rede de comida rápida McDonalds não comprarão carne de frigoríficos que abatem boiadas originárias de áreas de desmatamento. 


Vejam só essas manchetes: “Carrefour e McDonalds estabeleceram critérios de compra de carne bovina de áreas sustentáveis” – Diário de Cuiabá. “Maior franqueadora do McDonalds inicia compra de carne de pecuária sustentável da Amazônia” – Reuters. Empresas buscam “carne verde”, para não maltratar boi nem desmatar Amazônia”.  – UOL.  “O lado verde do McDonalds” – Dinheiro Rural. “Carrefour veta compra de carne de área desmatada na Amazônia” – Estadão.


Bacana. Repentinamente essas redes de distribuição de alimentos, entre eles a carne bovina, tiveram uma febre de civismo. Louvável, não é mesmo? 


É o uso do poder econômico, quando deveria ser do Estado, para policiar quem produz obedecendo as regras e quem as não respeita. É um precedente perigoso. Um tanto fascista para o meu gosto.


E os exageros já começaram. Há quem não comprará carne de frigoríficos que compram de fazendeiros que desmatam, mesmo obedecendo as leis. Opa! Epa! Deixou de ser louvável para ser intimidatório, truculento, arbitrário.


Vejam só: “Rede de supermercados Carrefour anuncia nesta quinta-feira, 25/8/16, um compromisso com o desmatamento zero da Amazônia. Pelo acordo, alinhavado com a ONG ambientalista Greenpeace, a empresa afirma que vai monitorar sua rede de fornecedores de carne, em especial os que estão no bioma, a fim de bloquear a compra de fazendeiros que tenham colocado gado em área que teve a floresta cortada. O boicote é a qualquer tipo de desmatamento, ilegal e legal”. – Fonte: Estadão.


É preciso que se diga que é impossível a produção de alimentos, qualquer alimento - animal ou vegetal - de fibras, de energia renovável a partir da biomassa, sem desmatar. E então? Esses paladinos do meio-ambiente deveriam fechar as portas e deixar de vender alimentos? Quem daria semelhante conselho ensandecido? Esse é o lado negativo, tenebroso, totalitário. Mas tem lado positivo? Tem, é claro.


Como o Brasil exporta perto de um quinto do que produz é bom que o mundo saiba que a produção pecuária brasileira respeita seus biomas, respeita seus rebanhos, respeita seus vaqueiros e fazendeiros e respeita seus consumidores.


Essas ações, que em última análise visam promover as marcas dessas redes de supermercados e lanchonetes, são positivas, pois oportunamente atestam que esses compradores de carne bovina vão além de distribuir alimentos garantidos pelo serviço de inspeção federal. Neles o consumidor brasileiro e estrangeiro têm certeza de que a carne bovina ali exposta, seja ela in natura ou processada, é legal sob todos os aspectos. E são muitos os aspectos para um produto agrícola ser legal. Hoje um agricultor ou pecuarista precisa também ter entre seus consultores, um advogado, tal a quantidade de normas, regras e portarias a que está submetido. 


Essas ações são boas também por selecionar pecuaristas competentes que extraem do solo, da água, da energia solar, das pastagens e dos bovinos, um alimento saudável, rico em nutrientes e acessível aos consumidores de diferentes faixas de renda. São fazendeiros cujo modelo de exploração é sustentável, desenvolvido com tecnologia nacional, estudada para a produção de alimentos nos trópicos.


Por fim, como sempre há esperança no final do túnel. A rede McDonalds declarou recentemente que comprará carne bovina da região amazônica. Vejam: “A Arcos Dourados, maior franqueadora da rede de comidas rápida McDonalds no mundo, anunciou nesta quarta-feira (16/8/016) o início de aquisição de carne produzida em áreas de pecuária considerada como sustentável no bioma amazônico” (Reuters). 


É por aí. Melhor apoiar economicamente quem produz de maneira agronomicamente racional, sustentável socialmente e ambientalmente. Não comprar de quem desmata é comprar de ninguém.



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