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Clima ameaçará produtividade agrícola dos EUA até 2100, projeta EPA


Segunda-feira, 29 de junho de 2015 - 16h44

A agência ambiental americana, a EPA, divulgou estudo em que aponta que, se não for feita nenhuma ação "significativa" para mitigar a emissão de gases que promovem o efeito estufa, a produtividade das principais commodities agrícolas do mundo plantadas nos Estados Unidos deve diminuir de forma expressiva até o fim do século.


O órgão trabalhou com dois modelos climáticos, um desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), o IGSM, e outro desenvolvido pela Universidade de Tóquio, o MIROC.


As projeções baseadas no modelo japonês são as mais pessimistas. Pelo estudo da agência ambiental americana com base no MIROC, a cultura que mais deve sofrer o impacto das mudanças climáticas é o algodão. Até 2100, a EPA avalia que a produtividade das lavouras americanas da pluma que não são irrigadas deve sofrer um tombo de 27% caso nenhuma ação contra as mudanças climáticas seja adotada, enquanto as áreas irrigadas devem ter um potencial produtivo 17% menor.


As culturas de soja e trigo não irrigadas devem apresentar uma queda de potencial produtivo de 19% até o fim do século, enquanto, nas áreas irrigadas, as perdas devem ser de 23% e 13%, respectivamente. Para o cultivo de milho, a perspectiva é que a produtividade sofra uma redução de 8% nas áreas de sequeiro e 10% nas regiões irrigadas até 2100.


Já no cenário traçado com base no modelo do MIT, as perspectivas são mais otimistas com relação às áreas de sequeiro, embora ainda negativas para as lavouras irrigadas. Dentro deste cenário, o potencial produtivo das lavouras de algodão não irrigadas deve inclusive apresentar uma melhora, com perspectiva de crescimento de 17% até o fim do século. Por sua vez, as plantações irrigadas devem perder 11% de seu potencial produtivo em igual período.


O mesmo cenário, de aumento de produtividade nas áreas de sequeiro e queda nas irrigadas, deve ocorrer nos cultivos de milho e trigo nos Estados Unidos. Para o período projetado, a expectativa é de que a produtividade nas áreas não irrigadas suba 18% nas plantações de trigo e 6% nas de milho. Já nas áreas irrigadas, os cálculos indicam uma queda de 8% e 3% nos potencial produtivos de ambos, respectivamente.


Já a previsão para a soja, com base no modelo do MIT, é pessimista para os dois tipos de lavoura. Nas áreas de sequeiro, as plantações da oleaginosa devem perder 5% de seu potencial produtivo, enquanto as lavouras irrigadas devem perder 20%.


De forma oposta, a EPA avalia que "a mitigação da emissão de gases de efeito estufa globais é estimada para beneficiar substancialmente as produtividades das lavouras dos Estados Unidos".


Dentro das culturas mais importantes globalmente, o combate à emissão desses gases deve ter particular efeito positivo sobre as plantações irrigadas de soja. Dessa forma, as ações globais contra as mudanças climáticas devem resultar, em geral, em produtividades maiores e, consequentemente, "em menor pressão em recursos terrestres e preços de commodities em queda", avalia a agência americana.


Tanto as projeções baseadas no modelo japonês como no americano apontam para a perspectiva de que os preços das commodities podem começar a cair a partir de 2040 caso ocorram ações substanciais contra a emissão de gases estufa. O modelo do MIT, porém, permite que as estimativas quanto às cotações sejam de desvalorizações mais expressivas do que as realizadas com base no modelo MIROC.


Pelo modelo do MIT, a EPA avalia que os preços poderão recuar em torno de 4% até o fim do século, enquanto o modelo japonês permite à agência americana avaliar uma queda de quase 8% entre 2075 e 2010, encerrando o século com um potencial de queda de 6%.


O estudo elaborado pelo órgão do governo dos Estados Unidos foi realizado para oferecer suporte às discussões da 21ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP­21, que será realizada em Paris, em dezembro. Há uma grande expectativa de que as nações elaborem no encontro um novo acordo climático global que substitua o Protocolo de Kyoto.

Fonte: Valor Econômico. Por Camila Souza Ramos. 26 de junho de 2015.



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