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Scot Consultoria

Scania apresenta ônibus movido a combustível derivado de dejetos agrícolas


Quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015 - 17h15

Um ônibus movido a biometano, um tipo de biogás purificado, feito com resíduos da produção agrícola, foi apresentado quinta-feira (29/01), em Triunfo, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). O veículo, segundo a fabricante Scania, possui alto teor de metano (96,6%), e emite até 70% menos poluentes do que um ônibus que utiliza o óleo diesel como combustível.


Por enquanto, o veículo, que tem capacidade para 120 passageiros, está circulando apenas na região metropolitana de Porto Alegre e no final de fevereiro até o início de março, estará em São Paulo. De acordo com Silvio Munhoz, diretor de vendas da Scania, após este período, o ônibus será levado para o seu país de origem, a Suécia [mais de 50% da frota de ônibus na Suécia utiliza o biometano] e em meados de maio, outro veículo, semelhante a este, virá definitivamente para o Brasil e deve circular em todo o país. Antes disso, o veículo circulou pela Colômbia e México.


De acordo com o executivo, o ônibus sustentável é mais caro (algo em torno de 25% a mais) que o convencional, mas o custo benefício compensa. "É uma alternativa de abastecimento para o transporte coletivo, é ambientalmente correto, e tem um apelo social grande. As cidades podem gerar uma enorme economia com a saúde pública.", diz.


No Rio Grande do Sul, a Sulgás, empresa de distribuição de gás natural (GNV) será a responsável por distribuir o biometano, que ganhou o nome de GNVerde. Roberto Tejadas, diretor-presidente da empresa, diz que já existe a capacidade instalada para gerar 90 mil metros cúbicos do produto por dia. No entanto, o setor ainda aguarda a regulamentação do biometano para comercializa-lo. "Após a regulamentação, a comercialização do biometano deve se equiparar à do gás natural veicular", afirma.


Após a regulamentação, o preço pago para o produtor e o preço final, na bomba, devem ser os mesmos. Isso porque, segundo Tejadas, os dois produtos têm as mesmas características, embora sejam gerados a partir de fontes diferentes. "São tão semelhantes que podem, em veículos como este ônibus [Scania Euro6] serem misturados", lembra Munhoz.


Esterco e bagaço


O biometano (CH4) viabilizado pela Sulgás é produzido pelo Consórcio Verde, uma parceria entre a cooperativa de citricultores EcoCitrus e a Naturovos, uma das maiores granjas de aves do Rio Grande do Sul. Todo o esterco produzido pelas aves no aviário é levado à sede da Ecocitrus, que já trabalha com o aproveitamento de resíduos desde 1995. Ao todo, 200 mil toneladas de esterco são transformadas em biometano por dia.


Albari Pedroso, diretor da Ecocitrus, diz que em meados de 2013 a cooperativa investiu em uma usina com tecnologia apropriada para gerar o biometano e desde então, agrega valor também aos resíduos. "O gás é inerente a qualquer organismo, então porque não aproveitar mais este produto para gerar renda ao produtor rural?", questiona. "Se, em toda a Europa, o pessoal aproveita os resíduos para gerar combustível limpo, por que nós, que temos resíduos de sobra, não vamos fazer isso para reduzir os custos da produção?".


Como o biometano ainda não tem regulamentação, o Consórcio Verde não pode vender o produto, mas os 100 associados da cooperativa estão abastecendo os seus veículos com a novidade já faz um ano. "O único custo é o da instalação do kit de gás veicular", completa Fabio Esswein, presidente da Ecocitrus.


Segundo ele, agregar valor aos resíduos para a produção de biometano, na região do Vale do Caí, onde a maioria dos agricultores são pequenos, foi um forte motivo para reverter o êxodo rural. "Com a instabilidade do mercado, às vezes o pequeno agricultor titubeia e pensa em abandonar a atividade. Quanto mais valor agregado à produção ele tiver, mais benéfico será para a longevidade da sua atividade e ele fica no campo", diz.


Solução urbana


Odorico Konrad, pesquisador e professor da Univates, de Lajeado (RS) explica que o biometano pode ser fabricado ainda, a partir do lixo urbano e até do esgoto. "Todo tipo de resíduo orgânico pode ser convertido em biogás e, através de um processo específico de purificação, em biometano", conta. "É um sistema muito simples, com tecnologia já dominada. O importante é você ter matéria-prima, e nós temos muita, e a conscientização dos consumidores", diz Konrad.


De acordo com o pesquisador, o uso do biometano em veículos, além da redução drástica das emissões de partículas poluentes e causadoras de efeito estufa, os motores de ciclo-otto, como o instalado no ônibus apresentado, produzem menos ruídos e reduzem a poluição sonora das cidades. 


Fonte: Globo Rural. 3 de fevereiro de 2015.



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