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Scot Consultoria

Commodities manterão preços inflacionados


Domingo, 28 de novembro de 2010 - 16h39

Até o fim do ano, deve persistir a tendência inflacionária nos preços dos alimentos no varejo. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito a pedido da Agência Estado, mostra que a inflação das matérias-primas agropecuárias no atacado, de repasse quase automático nos preços dos gêneros alimentícios junto ao consumidor, atingiu em novembro o maior patamar em mais de dois anos. Tomando por base os dados do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) de novembro, a FGV apurou alta de 20,15% no acumulado em 12 meses nos preços destes produtos, a mais intensa neste tipo de comparação desde setembro de 2008, quando subiam 20,29%. As matérias-primas brutas agropecuárias comercializáveis (commodities) atingiram a primeira taxa positiva acumulada do ano, com alta de 6,61% nos 12 meses encerrados em novembro, a maior em quase um ano e meio. “Isso vai levar a novos repasses de aumentos de preço nos alimentos no varejo. A cadeia de derivados destes produtos é muito longa junto ao consumidor”, alertou o responsável pelo levantamento e coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. Ele lembrou que a onda de aumentos originados do setor agropecuário começou nos últimos dois meses. Porém, a partir de novembro, a intensidade das altas mostrou que a inflação não está arrefecendo. “Ainda não posso fazer uma estimativa para a inflação de 2011. Mas, podemos dizer que existem combustíveis novos para a elaboração de novos surtos de elevação”, afirmou o especialista. “O que nós podemos descartar é a ideia de que o pior já passou”, afirmou. Na prática, as elevações de preços são mais intensas em produtos relacionados a commodities agrícolas. O analista da Scot Consultoria, Alex Lopes da Silva, comentou que produtos como farelo de soja e subprodutos de algodão estão mais caros no mercado. De acordo com Silva, alguns produtos, como o caroço de algodão, começam a faltar no mercado. “Os alimentos concentrados proteicos estão mais caros”, resumiu. Para a economista do Santander, Tatiana Pinheiro, o cenário atual nos preços das matérias-primas agropecuárias é um fator a mais para elevar as expectativas quanto aos resultados dos indicadores de 2011. “Creio que estamos nos distanciamento do centro da meta inflacionária para o ano que vem (de 4,5%)” disse a técnica, acrescentando que a projeção do banco para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo (IPCA) de 2011 é de 5%. Na semana passada, o IBGE divulgou o IPCA-15 de novembro, de 0,86%, bem acima do teto da projeção média de mercado, que estava em 0,77%. Para os Índices Gerais de Preços (IGPs), a previsão do Santander é que terminem em torno de 4,7% para o ano que vem. “Mas podemos revisar a estimativa dos IGPs para cima, caso esta pressão de agropecuárias permaneça neste nível”, acrescentou Tatiana. Apesar do avanço das expectativas, o Santander não aposta em alta na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75%, na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), marcada para a segunda semana de dezembro - a última do ano. “O BC deve elevar os juros sim, mas somente na primeira reunião do Copom em 2011”, acrescentou a analista. O economista do banco Schahin, Silvio Campos Neto, avalia que com a provável mudança no comando do Banco Central (BC) no ano que vem, o primeiro do governo Dilma Rousseff, crescem as incertezas sobre a condução da política monetária, bem como sobre a autonomia da autoridade monetária para manter a inflação no centro da meta. Fonte: Agência Estado. 28 de novembro de 2010.
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