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Scot Consultoria

Crise já afeta exportação de gado vivo em volume no ano


Quarta-feira, 26 de novembro de 2008 - 09h00

Os exportadores de gado vivo esperam para meados de janeiro de 2009 a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à cobrança de taxa sobre as exportações de bovinos pelo governo do Estado do Pará, em prática desde o primeiro semestre deste ano. O Pará é o principal estado exportador de gado em pé, concentrando 97% de todos os embarques. Entre outras determinações da legislação estadual paraense, está a cobrança de R$22,00 por cabeça de gado vivo exportada, informou Gil Reis, superintendente da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado (Abeg). Segundo Reis, o objetivo dos exportadores é anular a lei estadual. A ação no STF foi interposta pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). “A cobrança dessa taxa onera as exportações e reprime o crescimento das vendas externas”, avaliou. “O julgamento está marcado para meados de janeiro, mas esperamos que a decisão saia rapidamente”, disse. Ainda conforme o representante, os exportadores absorveram esse custo e não fizeram repasse do valor da taxa para o preço final. Embora tenham desaquecido um pouco no segundo semestre deste ano, as exportações de gado em pé têm se destacado na pauta exportadora do País e dispararam 5.460% nos últimos quatro anos. Entre janeiro e outubro de 2008, os brasileiros exportaram 335,8 mil cabeças - recuo de 3,5% em comparação ao mesmo período acumulado de 2007. Em 2004, o País exportou pouco mais de seis mil cabeças nos dez primeiros meses do ano. Os dados são da Secex, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo Gabriela Tonini, consultora da Scot Consultoria, o recuo no acumulado de 2008 se deve principalmente ao problema de oferta de gado que existe no Brasil. “Estamos no final da entressafra e a oferta está bem apertada”, disse. A crise global também afetou a demanda dos principais importadores, a Venezuela e o Líbano. “A desaceleração das exportações de gado vivo é uma mescla de redução de demanda e de oferta. A redução de demanda já vínhamos sentindo um pouco antes de explodir a crise e esse fato prejudicou um pouco mais o quadro”, continuou Reis, da Abeg. Para o representante dos exportadores, a tendência agora até o final do ano é de estabilidade dos embarques. “Estou um pouco preocupado com o próximo ano, porque a situação de agora só vai se refletir na economia daqui a seis meses”, comentou. Receita maior Embora em volume as vendas externas de gado vivo tenham desacelerado, em receita, por conta da alta de preços em dólar do boi, os exportadores tiveram ganho de 55% na comparação do período acumulado entre janeiro e outubro. Até outubro deste ano, a receita somou US$303,6 milhões ante os US$196,1 milhões faturados na mesma época do ano passado. A explicação para o fenômeno é a redução de oferta mundial de bovinos, que levou à elevação das cotações. A Venezuela se tornou o principal importador do boi brasileiro para engorda este ano, seguida pelo Líbano. Segundo analistas, os venezuelanos desenvolveram papel de destaque na compra desse item porque o país passou por uma crise de abastecimento de alimentos. O poder aquisitivo da população melhorou significativamente e a Venezuela não tem produção suficiente. Inclusive, o setor agropecuário não é desenvolvido no país. De acordo com avaliação de especialistas, seria mais econômico para o país importar a carne, no entanto, o presidente Hugo Chávez optou por importar o animal e gerar empregos na indústria frigorífica. Enquanto a Venezuela ampliou sua participação significativamente nas importações, o Líbano reduziu um pouco suas compras, sobretudo, por conta do custo do gado, já que a oferta está restrita no Brasil e, os preços dos animais, elevados. O Brasil embarca gado vivo apenas pelos estados do Pará e do Rio Grande do Sul. Recentemente, devido ao impulso das vendas externas de bovinos, surgiram restrições nos portos paraenses aos tipos de embarcações que podem levar os animais ao destino. Fonte: DCI. Agronegócios. Por Érica Polo. 26 de novembro de 2008.
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