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Scot Consultoria

Produtor vê preço do leite atingir menor nível desde 97


Quarta-feira, 7 de julho de 2010 - 17h11

O preço do leite no mercado spot já acumula queda de 15% nos dois últimos meses do ano e hoje está cotado a R$0,78, contra R$0,90 em maio, de acordo com a Scot Consultoria. Além disso, depois de uma temporada de quatro meses em alta, o valor médio do lácteo pago aos produtores recuou no último mês (valor referente ao mês anterior), segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O levantamento do Cepea apontou que a média nacional foi de R$0,7718 por litro (preço bruto), em junho, nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia. A queda foi de 3,3% ou 2,7 centavos por litro frente a maio, quando estava em uma média de R$0,7981 por litro. O recuo de preços no ciclo da entressafra é atípico e, desde 1997, é a primeira vez que se nota redução de preços de maio para junho, segundo o Cepea. Os principais motivos para a queda na remuneração ao produtor, de acordo com os estudos, são: estoques altos de leite UHT (leite longa vida); altas importações de lácteos, principalmente dos vizinhos Uruguai e Argentina; e o baixo desempenho das exportações. “Esses dois países (Uruguai e Argentina) são responsáveis por vender cerca de 80% dos produtos lácteos ao Brasil, principalmente o Uruguai, em função de um acordo bilateral com o País”, afirmou Aline Barrozo Ferro, pesquisadora de mercado de leite do Cepea. “O País exporta carne de frango para os uruguaios, enquanto eles vendem leite para o Brasil”, completou. Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot Consultoria, complementou: “Há produtos lácteos da Argentina e do Uruguai que vêm para cá a preços menores e isso aumenta a oferta no mercado interno”. Outro fator importante é o atual aumento de produção de leite no sul. “Isso limita os preços do leite e pode influenciar negativamente. E um agravante é que o estado não consegue preencher as lacunas deixadas por Goiás e Minas Gerais (principais produtores nacionais), que produzem menos por causa da menor quantidade de pastagem”, explicou. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) informou que, entre janeiro e maio, as transações externas caíram 30% no volume embarcado, contra igual período do último ano. A pesquisadora do Cepea atribui a diminuição nas exportações ao câmbio desfavorável. “Além disso, o preço do leite no Brasil é mais caro, em comparação com Nova Zelândia, Estados Unidos e alguns países da Europa, e o País não tem competitividade com eles.” Goiás O Cepea informou que o Estado de Goiás perdeu 6,8% nas remunerações do mês passado. Entre maio e junho, a redução foi equivalente a 5,6 centavos por litro - média de R$0,7659 (valor bruto). Segundo a entidade, “esse comportamento está ligado à queda mais acentuada do preço do leite cru no mercado spot no estado, que tem registrado movimento significativo”. Em Itaberaí (Goiás), Eurípedes Bassamurfo da Costa, produtor de leite, afirmou já ter sentido os efeitos das baixas cotações. “Não só eu, como o pessoal daqui da região. Os nossos custos com a produção (em Goiás) são maiores. Perdemos entre R$0,10 centavos e R$0,15 centavos por litro de leite, no pagamento de junho”, disse. Em junho, Bassamurfo recebeu R$0,67 centavos por litro de leite, enquanto no período anterior ao recuo, lucrou R$0,80 centavos por litro. “Pelo momento, é uma queda significativa e isso pode causar baixa na produção, entre 10% e 12%”, falou o produtor, que acredita em novos decréscimos nos próximos meses. Segundo o especialista da Scot, dentro de dois meses começa um ciclo de chuvas. “Isso pode resultar em mais quedas nos preços do leite, pelo menos até outubro”. Bassamurfo contou também que esse momento atípico deixou outros produtores receosos. “Ninguém está à procura de novas aquisições de animais. Por enquanto, o setor está desmotivado”, disse. De acordo com o levantamento do Cepea, os respectivos estados apresentaram queda na captação e também nos preços pagos ao produtor: Rio Grande do Sul, 6,5%; São Paulo, 1,5%; Minas Gerais, 0,2%; Paraná, 4,2%; Santa Catarina, 1,7%; Bahia, 0,5%. Fonte: DCI. Agronegócios. Por Diego Costa. 7 de julho de 2010.
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