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Scot Consultoria

SP: Brasil ganha força na disputa pelo mercado global de leite em pó


Quinta-feira, 18 de setembro de 2008 - 10h08

Até 2012, a capacidade de produção de leite em pó no país deverá crescer cerca de 40% e alcançar 700 mil toneladas por ano, segundo projeção da Serlac, trading responsável pela maior parte das exportações brasileiras do produto. Atualmente, a capacidade instalada para fabricação de leite em pó é de aproximadamente 500 mil toneladas anuais, e o Brasil exporta o equivalente a 75 mil toneladas, de acordo com o presidente da Serlac, Alfredo de Goeye. Quando todos os novos projetos e ampliações estiverem finalizados, e a produção chegar a 700 mil toneladas, a expectativa é que as vendas externas atinjam quase 250 mil toneladas. “Praticamente todo o excedente (de produção) vai ser destinado à exportação”, afirma de Goeye. Conforme a Serlac, há oito novos projetos para produção de leite em pó no país, incluindo os de empresas estreantes e ampliações, como a que a Itambé faz em Uberlândia, onde dobra a capacidade de produção de sua fábrica. Outro exemplo é a goiana Laticínios Bela Vista que vai triplicar a sua produção de leite em pó, segundo o presidente da Serlac. O quadro desenhado por de Goeye para a demanda pode parecer otimista considerando o atual momento do mercado, quando a oferta elevada de leite fluido derruba os preços e levanta dúvidas sobre a capacidade de escoar a produção. Mas o fato é que os investimentos miram o longo prazo - cerca de cinco anos - e, nesse horizonte, a perspectiva é de demanda externa crescente por leite em pó na África, América Latina e Ásia. “A China é um desejo, e haverá agressividade brasileira na América Latina e na África”, afirma o executivo. Hoje, a América Latina, com destaque para a Venezuela, e a África já são os principais clientes do Brasil. No cenário que de Goeye antevê, Nova Zelândia e Austrália, outros dois importantes players no mercado de lácteos, atenderiam a demanda do Oriente Médio e da Ásia. O México, um dos maiores importadores mundiais de lácteos, ainda é uma incógnita para o Brasil, reconhece de Goeye. Apesar de as barreiras sanitárias terem sido superadas e de fábricas terem sido habilitadas a exportar, o leite em pó brasileiro paga uma tarifa de 60% para entrar no mercado mexicano. Já o produto dos EUA e de outros países com os quais o México tem acordo comercial paga tarifa zero. Maurício Nogueira, analista da Scot Consultoria, concorda que o Brasil vai vender mais leite em pó para países da África no longo prazo. Mas também aposta em vendas para China e Índia. “São países que produzem muito também, mas onde a demanda cresce mais que a capacidade de produção”, observa, referindo-se aos dois emergentes. Números da agência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), compilados pela Scot, corroboram as perspectivas de demanda crescente por leite em pó no mundo. Segundo dados da agência com projeções até 2017, no ano passado a produção global foi de 4,021 milhões de toneladas para um consumo de 3,810 milhões. Neste ano, a produção projetada é de 4,069 milhões de toneladas, com demanda um pouco acima disso: 4,071 milhões. Nos próximos nove anos, oferta e consumo de leite em pó seguirão equilibrados, conforme as projeções da FAO, que estima produção de 4,897 milhões de toneladas em 2017, ano em que o consumo deve alcançar 4,899 milhões. Independentemente da demanda externa, Nogueira avalia que os investimentos para ampliar a capacidade de produção de leite em pó são também importantes porque controlam as oscilações de preços do setor. Além disso, investir na secagem do leite se tornou crucial por causa do crescimento acelerado da oferta do produto no Brasil. “Se não produzir leite em pó, (o mercado) terá que engolir leite”, ironiza o analista. Estimativas do segmento indicam que a produção nacional de leite pode alcançar 30 bilhões de litros este ano, após um volume de 27,2 bilhões de litros de 2007, segundo o IBGE. Isso se o crescimento de 9,38% verificado no primeiro trimestre deste ano no país, pelo instituto de estatísticas, for extrapolado para todo 2008. O motor desse aumento foram os preços altos - no mercado interno e no exterior no ano passado, segundo analistas. As cotações internacionais já começam a perder fôlego. Mas é consenso que dificilmente voltarão aos patamares de 2006, quando a tonelada de leite em pó estava na casa dos US$2.000 na Europa. O último acompanhamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica preços entre US$3.500 e US$3.550. No mesmo período de 2007, a tonelada estava entre US$5.500 e US$ 5.700. Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha. 17 de setembro de 2008.
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