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Scot Consultoria

Frigoríficos brasileiros se expandem no Mercosul


Sexta-feira, 8 de agosto de 2008 - 10h39

Os principais países criadores de gado no Mercosul estão sendo dominados por indústrias brasileiras. Elas já são as maiores na Argentina e no Uruguai e agora avançam sobre o Paraguai. Ontem, o Minerva anunciou a aquisição de 70% do capital social da Friasa, por US$4 milhões. A indústria é arrendatária de uma unidade no país vizinho, com capacidade de abate de 700 animais por dia. A transação prevê que a Friasa arrendará a planta frigorífica por um prazo de cinco anos renováveis por igual período. A empresa está de olho, entre outras coisas, na oportunidade de exportar para a União Européia, uma vez que as remessas do Brasil estão quase paralisadas. O Minerva é a terceira empresa do Brasil a investir lá: o Bertin está desde o ano passado com uma planta para 600 abates diários, enquanto o Independência começa a operar em setembro a unidade que abate 700 bovinos por dia. “Talvez o Paraguai possa ser “a bola da vez” se tiver plantas disponíveis, já que, o que tinha de comprar no Uruguai e Argentina, o Brasil já comprou”, afirma o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari. Na Argentina estão o Marfrig - que tem a maior planta do país, da Quickfood - e o JBS, o primeiro a iniciar o processo de internacionalização do setor, em 2005, com a aquisição da Swift. É neste país que existe o maior domínio brasileiro: são 11 plantas. No Uruguai as empresas brasileiras têm cinco plantas. No Chile o Marfrig também opera, mas com cordeiros e não com bovinos. Segundo analistas de mercado, as indústrias brasileiras estão de olho na oferta de animais, em um hedge sanitário e também em mercados que o Brasil não atende. Alguns dos países do Mercosul têm, por exemplo, uma Cota Hilton - prêmio oferecido pela União Européia, que permite a entrada de 58.100 toneladas de cortes bovinos nobres com uma tarifa de 20% ad valorem - superior à nacional. A Argentina tem uma cota de 28 mil toneladas, enquanto a do Uruguai é de 6,3 mil toneladas e a do Brasil, 5 mil toneladas. Ronald Aitken, superintendente de Relações com Investidores do Minerva, diz que a escolha pelo Paraguai se deve à estabilidade política, ao potencial de melhoria do status sanitário, além da diversificação geográfica. “O país teve sinal verde da União Européia para a compra de carne bovina. Além disso, é um exportador para o Chile, que o Brasil está olhando, e fornecedor de clientes importantes como a Rússia e o Oriente Médio”. Segundo ele, as plantas brasileiras podem se focar mais no mercado interno, que está crescendo bastante, e o Paraguai ser base de exportação. Ele acrescenta que, neste sentido, o país vizinho está mais competitivo, pois o gado é mais barato. “Os frigoríficos estão se globalizando, difundindo tecnologia e transformando a América Latina em uma grande plataforma de exportação de carnes”, afirma o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. George Haddad, sócio-diretor da DBO Trevisan, diz que a representatividade das empresas brasileiras na América Latina é grande. “No Uruguai o Marfrig é o maior exportador de carne. Na Argentina, a Swfit e a Quickfood são grandes. Hoje, onde tem histórico de criação de gado, o Brasil está muito bem representado”, afirma. Segundo ele há motivos comerciais, como o mercado americano para carne in natura, e a Cota Hilton, para esta procura pelo Mercosul. Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, diz que o Minerva está seguindo o movimento de se internalizar, fazendo hedge econômico ou sanitário. Na sua avaliação, o Paraguai tem clima propício para a pecuária, e potencial grande para crescer em tecnologia. “É uma estratégia interessante. Mas tem problemas, como controle sanitário não rigoroso e não ter saída para o mar”, argumenta. O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, também vê alguns problemas no investimento no Paraguai. Segundo ele, o país, assim como a Bolívia, tem uma instabilidade sanitária. Rosa lembra também que, atualmente, o Uruguai não tem mais espaço para crescer e na Argentina há um “boicote” do governo.” O Paraguai é um dos poucos que sobrou”. Molinari acrescenta que o Paraguai não tem perfil exportador muito grande, mas tem grandes chances de ampliar o volume de exportações em função do tipo de rebanho. De acordo com o Minerva, o Paraguai é o 8º maior exportador de carne bovina do mundo, com um rebanho de 11 milhões de cabeças, e potencial de aprimoramento de produtividade, pois a taxa de desfrute é de 14%. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Neila Baldi. 8 de agosto de 2008.
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