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Scot Consultoria

Indústria reforça crítica a exportação de boi em pé


Terça-feira, 22 de julho de 2008 - 12h24

No primeiro semestre, embarques cresceram 37% em volume e 177% em receita Representantes de frigoríficos, agora com adesão da indústria de couro, reforçaram o alerta a uma das estatísticas que mais os preocupam. Na primeira metade do ano, foram exportados 181,3 mil bovinos vivos, aumento de 37,3% em relação ao período de janeiro a junho de 2007. A receita triplicou. Cresceu 176,9%, para US$144,60 milhões. O motivo de apreensão é a tendência de repetir o que ocorreu no ano passado, quando o segundo semestre concentrou praticamente 70% dos embarques do boi em pé do país. Se os percentuais ocorrerem de novo, o país pode embarcar de julho a dezembro pouco mais de 420 mil cabeças, praticamente o volume embarcado pelas empresas brasileiras em todo ano passado. Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira da Indústria Frigorífica), diz que “as empresas estão irrequietas”. Segundo ele, existe “frustração e desapontamento” pela opção de exportar matéria-prima, “uma catástrofe do ponto de vista econômico”. Luis Bittencourt, presidente-executivo do CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil), diz que a preocupação vem da “velocidade com que cresce essa forma de exportar”. Para Bittencourt, há riscos ao emprego e se geram menos divisas com a venda de gado em pé, em vez de produtos com algum valor agregado. Para Antenor Nogueira, presidente do Fórum da Pecuária de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), para os produtores, a exportação de boi em pé é uma opção sobretudo para os Estados que dispõem de portos. “Gostaria muito que Goiás [Estado em que Nogueira se dedica à pecuária] tivesse mar”. No primeiro semestre, dos embarques brasileiros de boi em pé, 70% seguiram para Venezuela e 30% para o Líbano. Os importadores pagam melhor que as empresas brasileiras. Os negócios costumam ser fechados com prêmios de R$1,00 a R$2,00 por arroba. Além disso, levam em conta um rendimento de carcaça de 52%, o que muitas vezes o pecuarista não consegue com o frigorífico. ‘Questão de mercado’ Nogueira diz repetir o que ouviu certa vez de representantes da indústria: “Preço é uma questão de mercado”. Se as empresas daqui pagarem o mesmo que os importadores, vão conseguir mais animais, afirma. Salazar da Abrafrigo, diz que “a competição é desigual”. Por isso, a entidade encaminhou estudo à Receita Federal em que sugere a adoção de sobretaxa para esse tipo de embarque. Para o coordenador de análises setoriais da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, parte do aumento da receita com embarques do boi em pé vem da valorização da arroba neste ano. Ontem em Barretos e Araçatuba, duas das principais praças pecuárias de São Paulo, o preço bateu em R$90,00 – 33,5% a mais que um ano antes. Tito Rosa contesta que a dificuldade das indústrias se deve às exportações de gado em pé. “O que o Brasil vendeu de bois vivos a outros países em 2007 correspondeu a 1,4% do abate do país”. Para ele, ficou mais trabalhoso comprar animais pelo “ajuste produtivo que reduziu o rebanho”. A exceção, diz Rosa, está no Pará, principal destino do gado para a Venezuela. Lá o gado em pé para a exportação representou 12% da boiada que tomou o rumo do gancho dos frigoríficos. Atualmente há menos animais disponíveis porque, de 2004 a 2006, os pecuaristas intensificaram o abate de vacas e bezerras, em resposta às baixas cotações da época para a arroba do boi. Com custos de produção em alta, as margens reduziram e os fazendeiros se desfizeram das fêmeas. Agora, há menos matrizes em reprodução. Diminuiu o número de bezerros e caiu, conseqüentemente, o total de bois prontos para o abate. Tito Rosa prevê que apenas na virada da década a oferta volte a crescer, em linha com os preços mais altos praticados desde o ano passado. Fonte: Folha de São Paulo. Agrofolha. Por Gitânio Fortes. 22 de julho de 2008.
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