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Scot Consultoria

UBS Pactual sugere venda e papéis da Laep despencam


Quarta-feira, 2 de julho de 2008 - 08h14

Os papéis da Laep Investments, controladora da Parmalat Brasil, despencaram ontem na Bovespa, depois que o UBS Pactual rebaixou, de compra para neutra, a recomendação para a companhia e agregou sugestão de venda no curto prazo. A queda foi de 20% e os recibos de ações (BDR) da Laep fecharam em R$2,66. O banco reduziu o preço-alvo estimado para a empresa 12 meses à frente em 65%, de R$11,50 para R$4,00. Os analistas Guilherme Arruda e Jander Medeiros justificaram a mudança nas premissas por conta de um cenário mais difícil que o previsto para a indústria e margens fracas da companhia. O banco diminuiu sua projeção de margem operacional para a Laep em 2008 de 10% para -0,4%. O UBS afirma que a crise do leite em outubro de 2007, desencadeada pela descoberta de fraude em cooperativas que forneciam o produto inclusive para a Parmalat, pressionou os preços. De fato, o mercado foi afetado, mas temporariamente, segundo analistas do setor de lácteos. De qualquer forma, o escândalo afetou a imagem da companhia e prejudicou a oferta de ações, que foi coordenada pelo mesmo UBS Pactual. Os papéis saíram a R$7,50 cada, valor 34% inferior ao piso da estimativa, que oscilava entre R$11,50 e R$15,50. O UBS aponta ainda o aumento da concorrência no setor como fator negativo para a Parmalat. No último ano, a Perdigão comprou a Eleva e o Bertin, a Vigor. Os analistas do banco vêem ainda dificuldades de negociação com fornecedores ou varejistas por parte da Laep, o que levou a margem operacional da empresa para -2,6% no primeiro trimestre. "Os indicadores de mercado apontam para uma nova piora no segundo trimestre", diz o texto. O cenário já está mais difícil para o setor de leite em geral. Após um período de alta dos preços - sustentado pelo mercado internacional -, o consumidor já se retrai, o que eleva os estoques de lácteos das empresas, mostrou recente levantamento da Scot Consultoria. O UBS Pactual afirma também que a empresa adotou um plano de atuação diferente do descrito no prospecto da oferta de ações. A Laep pretendia destinar R$286 milhões dos R$477 milhões captados para as atividades da Integralat. A empresa foi criada em junho de 2007, três meses antes do início da oferta, para integrar a produção de leite, por meio de parceria com produtores. No entanto, observam os analistas, a Laep já gastou todos os recursos captados na oferta e apenas R$80 milhões para a Integralat. O restante foi destinado a aquisições, capital de giro e investimentos. "Achamos que a empresa fez uso rápido demais dos recursos e, agora, está muito alavancada. Os analistas comentam que, de acordo com a empresa, a intenção foi a de tirar proveito das condições fracas de mercado para comprar companhias a preços relativamente baixos. O UBS não menciona aspectos positivos das aquisições nem na compra da marca Poços de Caldas, por exemplo, negócio considerado fundamental pela Laep em sua estratégia para agregar valor. O relatório do UBS calcula que a Laep poderá enfrentar dificuldades de caixa. Ao fim do primeiro trimestre, a empresa dispunha de R$154 milhões e possuía R$318 milhões em dívida. Porém, no segundo trimestre, comprometeu R$125 milhões por conta das aquisições recentes. A dívida, combinada com os resultados negativos que a empresa tem gerado, leva o UBS a acreditar que a Laep precisará de nova injeção de recursos, reduzir seu plano de investimento (e, conseqüentemente, seu crescimento), ou tomar novos endividamentos. Caso a empresa continue com dificuldades de gerar caixa, calculam, precisará de R$43 milhões por trimestre. A Laep informou ao Valor, por meio de comunicado, que vem seguindo estritamente seu plano, previsto no processo de abertura de capital, aproveitando as oportunidades de negócios para consolidar o mercado lácteo e incrementar seu portfólio de produtos e de marcas. No entanto, desde a crise do leite, afirma a empresa, a indústria vive momentos de margens de lucro adversas em decorrência do aumento no preço da matéria-prima e da impossibilidade de repassar esse reajuste ao varejo. Diante desse cenário, a empresa está fazendo os ajustes necessários para se adaptar às novas condições do mercado de leite em 2008 e analisando as implicações da unificação de suas classes de ações - o que seria uma sinalização da empresa de que pode migrar para o Novo Mercado. No relatório, a área de análise do UBS faz críticas à governança da Laep que teria, durante o processo da oferta afirmado que migraria para o Novo Mercado, sem ter feito nova menção sobre o tema desde então. Para que a avaliação da empresa seja melhorada, os analistas apontam a necessidade de aumento das margens e sugerem alternativas de financiamento para a Integralat, por exemplo, por meio do BNDES. Fonte: Valor Econômico. Por Ana Paula Ragazzi e Alda do Amaral Rocha. 01 de julho de 2008.
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