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Scot Consultoria

Alta dos alimentos não significa mais lucro no campo


Terça-feira, 1 de julho de 2008 - 10h00

Produtores reclamam do preço de fertilizantes e defensivos agrícolas O aumento da produtividade de grãos e a recuperação de preços no mercado atacadista poderiam ser sinais de que os produtores mineiros surfam tranqüilos na onda da lucratividade. Engana-se quem pensa assim, garante a maioria dos produtores ouvidos por O TEMPO. O grande vilão é a escalada do preço dos insumos, principalmente fertilizantes e defensivos agrícolas, que, segundo eles, encarecem o custo da produção final. "Estamos na mão da Bunge", afirma o diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Unaí, José Augusto de Carvalho, ao se referir à multinacional de fertilizantes, que mantém atividades em várias regiões de Minas Gerais. Enquanto o preço da saca de milho de 60 quilos pago ao produtor subiu 27% em junho, na comparação com igual mês de 2007, o preço da tonelada do adubo para plantio aumentou 78,8%, segundo dados da Scot Consultoria, empresa especializada no setor de agronegócio. Outros grãos, como a soja e o feijão, também tiveram preços reajustados no último ano, em razão da forte demanda mundial por alimentos, que acaba impulsionando os preços das principais commodities agrícolas. No entanto, essa alta não acompanha os reajustes mais elevados da mão-de-obra, óleo diesel, defensivos agrícolas, além dos próprios fertilizantes. "Existe uma falsa impressão de que estamos tendo rentabilidade no negócio", diz Jonadan Ma, diretor do Clube Amigos da Terra (Cat) de Uberaba, associação que reúne 119 produtores de médio e grande portes da região do Triângulo. A produção de milho em Minas Gerais, segundo maior produtor do país, atingiu neste ano 6,5 milhões de toneladas, alta de 8,36% em relação a 2007. As de feijão e de soja subiram, respectivamente, 18,42% e 4,3%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Segundo Ma, só uma atuação mais firme do governo federal, no sentido de reduzir a carga tributária, poderia garantir maiores ganhos para o produtor. "Se quisermos ser líderes na produção mundial de alimentos não podemos importar 85% dos fertilizantes", critica o produtor de Uberaba, município que lidera no Estado a produção de soja e também de milho. José Augusto de Carvalho afirma que uma cooperativa de produtores rurais de Unaí estava se organizando para importar adubo da Rússia, 40% mais barato do que o comercializado no Brasil. "Essas operações de comércio exterior são complexas e eles não tiveram condições de concretizar o negócio", afirma Carvalho. Ele, que também é presidente da Cooperativa de Crédito Rural de Unaí, sugere que o governo deveria atuar mais no setor de fertilizantes, "já que existem minas de fósforo e calcário nas mãos de empresas que não as operam". A reportagem de O TEMPO tentou ouvir a Bunge Fertilizantes sobre a variação dos insumos, mas a assessoria de imprensa da empresa não retornou as ligações. Fonte: O Tempo. Agronegócio. Por Zu Moreira. 30 de junho de 2008.
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