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Scot Consultoria

Ciclo de alta de preços para o boi gordo pode durar até 2011


Terça-feira, 24 de junho de 2008 - 15h05

Com a arroba do boi sinalizando R$100,00 no mercado futuro e batendo os R$95,00 no físico em São Paulo, o que corresponde a uma valorização de 55% desde o começo do ciclo de alta dos preços em meados de 2006, analistas acreditam que os valores médios do animal continuem elevados até 2011. Anteriormente, acreditava-se que acabaria no ano que vem - mas os custos de produção também elevados, podem retardar esta mudança. Apesar de algumas discordâncias em relação ao período, o certo, de acordo com especialistas, é que a oferta só será regularizada por esta data. O analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, diz que os ciclos não têm duração definida, variando de seis a 10 anos o período todo - incluindo a fase de baixa e de alta. Considerando esse período, a atual fase iria até 2009 ou 2011. "Eu acredito que seja longo porque o abate de matrizes foi muito intenso e, no mesmo período, houve expansão da capacidade industrial", afirma. De acordo com ele, no ciclo de baixa - entre 2001 e 2006 - o abate de fêmeas aumentou 169%, enquanto o de machos, 39%. Rosa acrescenta que, naqueles cinco anos, em alguns estados, o abate de fêmeas superou o de machos, como no Rio Grande do Sul, Tocantins e Rondônia. Teoricamente, pelos dados da Scot Consultoria, o período de alta pode ser maior que o estimado anteriormente, até 2009. Isto porque, na comparação com os ciclos anteriores, desde 1970, houve valorização de até 145% na época do preço em alta. Até o momento são 55% e, no anterior, foram 34%. Mas Rosa diz que naquela época havia forte inflação. "Por isso eu não acredito em uma valorização tão alta, mas será superior ao passado", avalia. Ele acrescenta também que há um limite de repasse de preços aos consumidores. O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, diz que é difícil prever quando o ciclo vai acabar. "O principal fator para o fim do ciclo é o produtor voltar a investir e reter matrizes", afirma. Segundo ele, atualmente é complicado avaliar, pois aliada à alta na cotação do boi gordo houve também aumento nos custos de produção, diminuindo a rentabilidade. "Há uma discussão se o produtor chegou a este ponto ou não, há quem diga que ele ainda está se capitalizando, pagando dívidas", diz. Segundo ele, se isto estiver ocorrendo, "teoricamente" o pecuarista não estaria ainda reinvestindo. Apesar desta incógnita, Ferraz avalia que já existe retenção de matrizes, uma vez que os abates, no ano passado já foram inferiores a 2006. De acordo com dados da Scot, o volume caiu 9% em 2007. O diretor da AgraFNP acredita que os preços continuem altos até pelo menos 2010. Custos "A forte alta do custo de produção faz com que a retomada dos investimentos sejam mais lentos", afirma Rosa. Por isso, ele acredita que a retração das matrizes será de forma mais lenta e, assim, o ciclo mais longo. Em 2006, as fêmeas representaram 44% dos abates e, no ano seguinte, 40% - indicando queda no descarte das vacas. O abate de fêmeas foi 16,6% menor que o registrado em 2006 e o de machos, 3,16%. Segundo dados da Scot Consultoria, entre junho de 2006 e maio de 2008, portanto, período de alta de preços do boi gordo, os custos de produção subiram em média, 59% para a pecuária de alta tecnologia e 15% para a pecuária de baixa tecnologia. No mesmo período, o boi gordo em São Paulo, valorizou-se 62%, enquanto o bezerro, 68%. Rosa diz ainda que algumas vezes, o ciclo é afetado por outros motivos e cita o caso da febre aftosa, em 2005 - ocasião em que se sinalizava uma alta dos preços e houve reversão por causa da doença. "Se eu soubesse até quando vai este ciclo, ganhava muito dinheiro", diz o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa. Ele acredita que, pelo descarte de matrizes, seja necessário pelo menos mais um ano para o repovoamento do plantel. O analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, diz que o ciclo de baixa oferta vai até 2011, mas de preço alto deve ir, somente, até o ano que vem. "Já estamos na fase do repique, onde a alta é maior", afirma. Segundo ele, o que pode acontecer, entre 2009 e 2011, é o preço da arroba do boi encontrar um novo patamar e não mais subir, pois há o problema da demanda mundial maior que a oferta. Acreditam que os valores médios do animal continuem elevados até 2011. Fonte: Jornal o Parlamento. Agronegócio. 24 de junho de 2008.
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