• Sexta-feira, 19 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Preços da terra quebram recorde no país


Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008 - 10h10

Cotações em alta no setor de grãos, reação da pecuária e avanço dos biocombustíveis impulsionam valor de áreas agrícolas. Valorização, que tende a prosseguir neste ano, é um dos fatores que influem no desmatamento verificado no limite da fronteira agrícola. Produção em alta e intenção de plantio recorde para a safra 2007/2008 fizeram com que o preço da terra alcançasse valor recorde nominal em termos médios no país. Segundo pesquisa do Instituto FNP, consultoria privada especializada em agronegócio, ao longo de 2007, a valorização chegou a 17,83%, ganho real (acima da inflação) de 9,6% no ano. O preço do hectare passou de R$3.276 para R$3.860. Para 2008, apesar da turbulência nos mercados internacionais, que poderiam prejudicar investimentos, a perspectiva é de nova alta, com os negócios ainda aquecidos. Os motivos, segundo especialistas, são: o preço dos grãos tende a se manter firme, a pecuária ensaia recuperação e os biocombustíveis têm espaço garantido pela frota flex, em que pese não haver a euforia de outros tempos na cana-de-açúcar. "Os fundamentos melhoraram", diz Jacqueline Bierhals, responsável pela pesquisa de terras do Instituto FNP. Tomando um período mais amplo para análise, de três anos, o Estado de São Paulo registra as maiores valorizações absolutas no valor do hectare. As regiões de Araraquara, Bauru, Piracicaba, Ribeirão Preto e Pirassununga tiveram o valor do hectare duplicado em alguns casos em áreas para o cultivo de grãos, cana, café e pastagens. Esse cenário fez com que fundos de investimento, incluindo estrangeiros, se voltassem para o mercado de terras. As regiões preferidas são as consideradas de fronteira, em Mato Grosso, no Oeste baiano e no chamado "Mapito" - Maranhão, Piauí e Tocantins. A preferência se reflete nos números. Um hectare de terra agrícola que valia R$4.482 em Luís Eduardo Magalhães, no cerrado baiano, no começo de 2007, passou a R$7.000 depois de um ano. No cerrado de Balsas (MA), o preço passou da faixa de R$485/R$890 para R$1.300/R$1.430 em igual período. Em Alta Floresta (MT), a terra de soja evoluiu de R$1.360 a R$2.000. A valorização da terra é um dos fatores que influenciam indiretamente o desmatamento no limite da fronteira agrícola. A formação das lavouras é o terceiro capítulo de uma história que sempre tem o primeiro ato com a exploração das madeiras. A segunda parte vem com a formação de pastos para a pecuária. O terceiro é o cultivo de grãos ou de plantações perenes. "A minha empresa não recomenda comprar terra na Amazônia, onde a lei obriga a preservação de 80% da propriedade", diz Alcides de Moura Torres Junior, diretor da Scot Consultoria. "O ônus jurídico não compensa", afirma. A região de desmatamento não propicia nem um acompanhamento de um mercado formal. "Há muita invasão, "grilagem", não há como medir", diz Jacqueline Bierhals, da FNP. O máximo que existe é a exploração legalizada de seringueiras, para extrair o látex, e de palma, para obter óleo. Concentração Segundo Luiz Fernando Pereira Rodrigues, gerente substituto do Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mesmo com grandes grupos investindo em terras, ainda é cedo para afirmar que avançou a concentração fundiária no país. "Em algumas regiões, os assentamentos multiplicaram o número de propriedades. Em outras, de produção em grande escala, isso [a concentração] pode estar ocorrendo." O IBGE vai consolidar essas informações na versão final do censo, que tem divulgação prevista para o segundo semestre. A disputa em torno de pequenas áreas leva à valorização em determinadas regiões. O hectare agrícola de maior valor no país fica na região de Jaraguá do Sul e Rio do Sul, em Santa Catarina. Lá, o valor do hectare chega perto de R$30 mil em várzeas sistematizadas para a produção de arroz. Em São Paulo, a disputa de várias atividades fez com que o Estado registrasse, no ano passado, as maiores variações de preços. Fonte: Folha de S. Paulo. Por Gitânio Fortes. 10 de fevereiro de 2008.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja