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Scot Consultoria

Brasil terá dificuldades em atender à União Européia


Quinta-feira, 20 de dezembro de 2007 - 11h03

As restrições impostas pela União Européia irão dificultar as indústrias brasileiras em atender aquele mercado. Segundo analistas, a tendência é de queda nas vendas externas e preços mais altos para o boi gordo. Mas governo e indústrias frigoríficas acreditam que as novas regras não vão prejudicar o setor. Ontem, as ações dos frigoríficos caíram na Bovespa. A União Européia comunicou oficialmente ao governo brasileiro medidas restritivas, alegando falhas no funcionamento do sistema de rastreabilidade de animais. Segundo a decisão, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deve apresentar até 31 de janeiro de 2008 número limitado de fazendas habilitadas para a exportação. O bloco espera receber, até março, relatórios de inspeção e auditoria relativos às fazendas listadas para, em seguida, enviar nova missão de auditoria ao Brasil. Posteriormente, poderão ser gradualmente acrescentadas novas fazendas à lista. O Departamento de Alimentos e Veterinária da UE realizará inspeções para garantir que todas as exigências de importação estão sendo atendidas. Em nota, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, lamentou a decisão: "a carne brasileira é de ótima qualidade e a restrição não tem caráter sanitário". Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, a decisão não altera substancialmente as exportações. "Na fase inicial vai ter um pouco de confusão, mas nossa indústria se ajusta rapidamente". Segundo ele, a medida confirma a sanidade brasileira e não atende às restrições pedidas pela Associação Irlandesa dos Agricultores - que disse possuir evidências de que o Brasil usava procedimentos inadequados para a identificação dos animais e controles inadequados para a febre aftosa. Em nota, a associação disse que as medidas são "um significativo passo à frente", mas apenas a proibição total garantirá que a Europa está livre do risco da febre aftosa. Pratini de Moraes admite que inicialmente o País possa vender menos e que o preço da matéria-prima suba. "Então, perdemos em volume, mas ganhamos em preço", conclui. Para ele, os produtores que não forem incluídos, podem entrar na Justiça. O presidente da Abiec acrescenta que a medida tende a ampliar a fidelização dos frigoríficos em relação a seus fornecedores. Procuradas, as principais indústrias do setor não quiseram se pronunciar. A maior do mundo, JBS reiterou comunicado anterior, em que afirma ter "total flexibilidade de re-ordenamento de sua produção". Para o assessor-técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Paulo Mustefaga, o setor terá de ver se o governo vai ter capacidade técnica de fazer as auditorias pedidas. "Mas, se quisermos exportar, teremos de nos adequar", avalia. O analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, diz que vai ficar difícil para vender para Europa. "Não há tempo para colocar o mercado dentro das regras. O Brasil vai diminuir as vendas para lá, mas encaminha a outros mercados". Já Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, diz que a cadeia deverá questionar se vale a pena se submeter às restrições. "Eles pagam bem, mas compram poucos cortes. O Brasil precisa ser firme na negociação. E buscar mais mercados". Fonte: Gazeta Mercantil. Por Neila Baldi. 20 de dezembro de 2007.
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