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Scot Consultoria

Laticínios investem em gado e produtividade


Sexta-feira, 31 de agosto de 2007 - 09h01

Os pecuaristas e os laticínios brasileiros estão enfrentando uma nova fase na pecuária leiteira. Para se adaptarem ao novo cenário, investem em animais e em maior produtividade. O setor registra ao mesmo tempo desequilíbrio entre oferta e demanda e aumento nos custos de produção. Com isso, as cotações devem atingir um novo patamar, mesmo quando a safra recomeçar, em meados de setembro, os preços devem ficar cerca de 30% superiores ao registrado em 2006. A "entressafra do leite" é provocada pela seca das Regiões Sul e Centro-Oeste, quando o pasto fica fraco e a produtividade diminui drasticamente. O período vai de abril a outubro. O preço por litro pago ao produtor aumentou quase 60% este ano, segundo levantamento da Scot Consultoria. Este mês, o preço do leite reagiu 12,55% na média ponderada nacional, alcançando o valor recorde de R$0,749 por litro. Segundo a Consultoria, é o maior preço registrado quando se atualiza os valores pelo IGP-DI desde março de 1998. "Os produtores estavam descapitalizados, por causa da crise registrada nos últimos anos, e conseqüentemente a oferta ficou reduzida por falta de investimentos no setor", afirma Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil). Segundo Rubez, além da produção menor, a demanda aumentou, desequilibrando ainda mais o mercado. De acordo com estimativas preliminares, o consumo de leite per capita passou de 135 litros ao ano para os atuais 140 litros ao ano. Para reverter essa situação, os pequenos produtores - que respondem por mais de 30% da produção nacional - precisam investir em animais com maior índice de produtividade, avisa Rubez. "A produtividade média do gado leiteiro no Brasil é muito baixa, muitos animais produzem menos de 3 litros dia." Segundo o setor, a raça Holandesa - que tem o melhor índice de produtividade da pecuária produz, em média, mais de 30 litros de leite por dia. Atenta a esse cenário, a direção da Parmalat já está se preparando para essa nova realidade do setor, com custos mais altos devido ao preço da matéria-prima. Para tanto, segundo Marcus Elias, da acionista Laep, que controla a marca, a empresa já está investindo na ampliação de seu rebanho - ficando menos dependente de fornecedores - e na produtividade, selecionando os animais com maior nível de produtividade. "Com um rebanho menor, podemos ter um volume significativo com custos bem menores", afirma Elias. A empresa quer trabalhar com animais que produzam cerca de 20 litros/dia. "Em algumas regiões, as vacas produzem três litros/dia e consomem a mesma quantidade de água que as com maior índice de produtividade." Elias estima que com um plantel menor, a economia pode chegar a 20 bilhões de litros por ano. Atualmente, a Parmalat conta com 20 mil fornecedores de leite, que devem ser integrados à empresa. A captação de leite da empresa é proveniente de 200 mil vacas, sendo que cerca de 5 mil pertencem à companhia. A integração com os produtores também prevê a instalação de biodigestores para produção de energia elétrica em propriedades com poucos recursos. "O equipamento gera energia elétrica a partir dos dejetos das vacas, que produzem gás metano suficiente para gerar eletricidade para toda a propriedade", afirma. Segundo a direção da Indústria de Alimentos Nilza, esse novo patamar de preços no leite deve ser facilmente absorvido pelo mercado. "Nesta entressafra, mesmo com o leite acima de R$2,00, o volume de vendas não diminuiu", informou o presidente da Nilza, Adhemar de Barros Neto. Custos Assim como os preços subiram para o produtor, seus custos também aumentaram. Segundo dados da Scot Consultoria, desde o início do ano, a alta média acumulada é de 7,67%. Essa recuperação nos preços acontece devido à demanda mais aquecida pelos suplementos. O fosfato bicálcico, por exemplo, que é um importante componente na produção de suplementos minerais, teve um reajuste de 12,73% desde janeiro. Crise mundial Mas o problema não é localizado, trata-se de uma crise mundial. No mercado internacional, o preço do leite em pó - cotação que serve de base para todos os mercados - saltou de US$2 mil a tonelada em 2006, para os atuais US$5 mil a tonelada. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), hoje o mundo já registra um pequeno déficit na produção. A estimativa da FAO é de que em menos de 10 anos a demanda seja 34 bilhões de litros maior do que a produção. Segundo especialistas do setor, o aumento da demanda mundial está ocorrendo em função do aumento do consumo em países, como a China, que tradicionalmente não tinham o leite em sua dieta. Vale ressaltar, que com o preço em alta no mercado internacional, a balança comercial do leite registra superávit de US$25 milhões no primeiro semestre. Abertura de capital Assim como ocorre em outros setores da economia, as grandes empresas do setor de lácteos também estão apostando na abertura de capital para captar recursos. A Eleva Alimentos S.A. (ex-Avipal) protocolou, no início do mês, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido de registro de oferta pública primária de ações ordinárias ao mercado. Já a Parmalat entrou com o pedido na CVM na semana passada. Fonte: Jornal DCI. Por Luciana Villar. 31 de agosto de 2007.
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