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Scot Consultoria

Câmbio afeta rentabilidade do produtor


Segunda-feira, 16 de novembro de 2009 - 15h07

Valorização do real entre dezembro de 2008 e agosto de 2009 é de 26%, segundo estudo da Sociedade Rural Brasileira A alta instabilidade dos mercados financeiros, registrada com a eclosão da crise econômica e que tem refletido no mercado de câmbio vem trazendo preocupação aos setores produtivos, entre eles a agropecuária. O dólar partiu de uma cotação média de R$1,60 em agosto de 2008, para R$2,40 em dezembro do ano passado, para então seguir uma tendência clara de valorização, chegando hoje a cerca de R$1,70. Um estudo realizado pela Sociedade Rural Brasileira (SRB) revela que entre agosto e dezembro do ano passado o real registrou uma desvalorização de aproximadamente 50%, passando a uma valorização entre dezembro de 2008 e agosto de 2009 de 26%. Essa volatilidade acertou em cheio o bolso dos agricultores brasileiros, especialmente daqueles que dependem do mercado externo para escoar sua produção, ou parte dela. Os pecuaristas gaúchos amargam uma queda de 11,3% nos preços do boi em comparação ao mesmo período do ano passado. Para a Scot Consultoria, o recuo na cotação está diretamente atrelado ao câmbio: a queda do dólar fez com que, mesmo com aumento do preço médio da carne exportada, houvesse redução na conversão para reais. A analista de mercado da Scot, Maria Gabriela Tonini diz que de setembro a janeiro de 2008 eram pagos US$2,7 mil por tonelada, valor que caiu cerca de 32%, para US$1,84 mil, em meados desse ano. “Em setembro de 2009 houve um aumento no preço médio em dólar, chegando a US$2,26 mil, mas o câmbio ficou pior”, analisa. O cenário de desvalorização acaba gerando uma reação em cadeia, culminando no bolso dos produtores. A consultora afirma que, em função da desvalorização do dólar, que torna o produto brasileiro menos competitivo no mercado externo, muitos frigoríficos preferem deixar a carne no mercado interno. O resultado é um aumento da oferta no mercado interno, que gera uma pressão para queda dos preços da carcaça, atingindo em cheio a rentabilidade dos produtores. “Esse descompasso do dólar dificulta a rentabilidade dos frigoríficos, impactando nos preços do boi gordo e assim a indústria remunera menos o produtor.” O estudo concentra o foco na questão da soja, tomando como exemplo a taxa de câmbio média de dezembro de 2008, fixada em torno de R$2,40, a importação de uma saca de soja brasileira custaria US$9,54, ao passo que em agosto último, quando a taxa de câmbio média ficou em R$1,85, a mesma saca de soja custaria ao importador US$12,40, um encarecimento de 30%. Fazendo a conta pelo lado do agricultor, que receberia R$54,96 pela saca de soja caso a exportação fosse efetuada em dezembro do ano passado, valor que passaria para R$42,36 caso a exportação fosse efetuada em agosto último, há uma perda de 22,9% de rentabilidade. O analista econômico da SRB, responsável pelo estudo, André Diz, ressalta que no caso das exportações agropecuárias brasileiras, fortemente concentradas em commodities, o fator preço é preponderante sobre os demais atributos em termos de capacidade de ganhos de mercado internacional. “A taxa de câmbio é um fator fundamental para o cálculo dessa rentabilidade, sendo uma das influências mais óbvias a alteração do preço recebido pela comercialização nos mercados internacionais”, afirma o pesquisador. O economista da Fecoagro Tarcísio Minetto disse que a baixa do dólar tira competitividade das commodities brasileiras, não só da soja, mas também do leite e da carne. O especialista destacou que a baixa cotação da moeda e o consequente favorecimento da entrada de produtos importados no País também devem resultar em prejuízos aos produtores no mercado interno. Fonte: Jornal do Comércio. Por Ana Esteves. 16 de novemrbo de 2009.
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