Leite tem o maior valor em 4 anos

O preço médio do leite pago ao produtor nacional atingiu em junho (referente ao produto entregue no mês anterior) o maior valor em quase quatro anos, de acordo com levantamento da Scot Consultoria. A cotação ao produtor na média Brasil ficou em R$0,609 o litro, a maior em 46 meses, considerando os preços atualizados pelo IGP-DI. Em relação ao mês anterior, o aumento foi de 7,7%. Em Minas Gerais e em Goiás, principais bacias leiteiras do país, a cotação média foi de R$0,647 e R$0,654, respectivamente. A alta dos preços internacionais - por causa da menor oferta de leite em países produtores e maior demanda - num momento de entressafra no Brasil segue sustentando os preços. De acordo com Cristiane de Paula Turco, analista da Scot, os produtores já estão fornecendo alimentos concentrados aos animais, mas não em quantidades suficientes para elevar a produção. O motivo seria o temor de apostar muito alto nos preços. "O produtor está assustado com a alta do leite, que aconteceu muito rápido", observa Turco. Ela pondera, contudo, que a alta também é forte por causa da base de comparação ruim. No ano passado, o produtor nacional recebeu R$0,476, em média, pelo litro do leite, ante R$0,577 em 2005. Segundo a analista, nem a promessa de bonificação por parte dos laticínios àqueles produtores que aumentassem o volume de leite estimulou os pecuaristas. Nesse cenário, continua havendo disputa pelo leite por parte das indústrias que querem aproveitar os preços convidativos no mercado externo. O último levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), da semana passada, mostra que a cotação da tonelada do leite em pó na Europa estava entre US$4.900 e US$5.400, mais do que dobro que um ano antes, quando a cotação variava de US$2.150 a US$2.300. Em Minas, informa a Scot, empresas de lácteos disseram que produtores já se reúnem para leiloar o leite, uma prática que há tempos não ocorria. O laticínio que pagar mais leva. A forte disputa pela matéria-prima também fez os preços do leite dispararem no mercado spot (à vista), no qual há comercialização de produto entre as indústrias. Segundo a Scot, a média nacional foi de R$0,83 o litro, 7,8% mais que em maio. Houve até negócios a R$1,05 o litro em Minas, informa a consultoria. "A captação [de leite] está baixa, e as indústrias não têm vendido porque não conseguem atender à própria demanda", diz Turco. Fonte: Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha. 29 de junho de 2007.
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