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Scot Consultoria

Krug acredita que País pode exportar 20% mais leite até 2015


Domingo, 28 de março de 2010 - 08h45

Para alcançar a meta em cinco anos é preciso incrementar a produtividade e revisar os custos de produção Uma previsão da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL), divulgada na semana passada, aponta que o Brasil deve se tornar, em cinco anos, o maior exportador mundial de produtos lácteos. Especialistas acreditam que a meta poderá ser alcançada, mas sustentam que há muito trabalho a ser feito para chegar até ela. O zootecnista e consultor da Scot Consultoria Rafael Ribeiro afirma que os produtores precisam aumentar os investimentos em genética, para incrementar a produtividade do rebanho. Além disso, é indispensável buscar cada vez mais a qualidade do leite, pré-requisito indispensável para ingressar no mercado internacional. “A tendência é a indústria laticinista cada vez mais pagar pela qualidade. Hoje, em algumas praças, os produtores chegam a ganhar até 18% a mais em função dessa prerrogativa.” A sazonalidade da produção de leite também foi apontada pelo especialista como barreira a ser superada pelos produtores. Segundo ele, os compradores precisam da garantia de fornecimento o ano todo, o que ainda não é possível. “É também preciso trabalhar com a alimentação dos animais e com suplementação para o período de inverno.” Essas adequações também devem ser levadas em conta quando o foco é o Rio Grande do Sul, que é hoje o segundo maior produtor de leite do País, com 12% de participação, perdendo apenas para Minas Gerais, com 30% da produção nacional. Entre as vantagens para os gaúchos está o clima, que permite trabalhar com um rebanho mais especializado e raças europeias. “Além disso, o formato de pequenas propriedades também é vantajoso, pois engloba culturas importantes para a bovinocultura de leite, como o milho.” Entre os pontos positivos que faz o consultor acreditar no crescimento das exportações nacionais está o fato de o País ter disponibilidade de área para aumentar o número de animais a campo e também a produtividade. “Nossos maiores concorrentes não têm mais para onde crescer, países da Oceania e da Europa já estão no limite de produção.” Ribeiro destacou ainda dois mercados ainda pouco explorados pelos produtores de leite, como os países da Ásia e do Oriente Médio. “Hoje entramos muito bem na América do Sul e na África, mas para se tornar líder é preciso ampliar.” O crescimento populacional de países em desenvolvimento, assim como a melhora na renda, tem levado a modificações de hábitos alimentares, com maior consumo de leite. Segundo o especialista, os únicos mercados que impõem barreiras, tanto tarifárias quanto sanitárias são os Estados Unidos e a União Europeia. A necessidade de diversificar mercados ficou evidente no ano passado, quando foi registrada uma queda de 70% no faturamento e 56% em termos de volume. “Estávamos muito concentrados no mercado venezuelano e com a crise, as perdas foram muito grandes”, revelou Ribeiro. Durante a turbulência econômica, o recuo dos preços do leite em pó no mercado externo tiveram uma redução muito acentuada. Em 2009, os preços do leite em pó se mantiveram em torno de US$3,4 mil a tonelada. O presidente da Associação Gaúcha dos Laticinistas (AGL), Ernesto Krug, acha difícil que o Brasil assuma a liderança nas exportações de leite, mas aposta em um crescimento de até 20% no prazo de cinco anos. Hoje o País exporta entre 3% a 5% do que produz. Mesmo com a meta menos ambiciosa do que a da CBLB, o dirigente também ressalta a necessidade de fazer uma série de melhorias na cadeia produtiva. “Mercado não deve faltar, com o crescimento das classes C e D nos países em desenvolvimento, com mais poder de compra”, disse Krug. Para o dirigente, é indispensável aumentar a disponibilidade de crédito, melhorar o manejo alimentar e reprodutivo dos animais e fomentar a assistência técnica nas propriedades. Para Sindilat, objetivo é pretensioso, mas não impossível de ser alcançado O secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindilat-RS), Darlan Palharini, considera pretensiosa a meta estipulada pela CBCL, principalmente se for traçado um comparativo entre a produção brasileira, de 27,5 bilhões de litros ao ano, em relação à produção dos Estados Unidos, de 80 bilhões de litros. “Não digo que seja impossível. O Brasil pode ser um grande player, mas há necessidade de alguns ajustes.” O dirigente citou a questão dos custos de produção, que segundo ele devem ser melhor trabalhados, buscando a redução, através de recursos como alimentação a custo mais baixo para os animais. “É preciso salientar que o leite sempre terá que ser um alimento barato.” Outro fator apontado por ele se refere à necessidade de avançar em termos de sanidade do rebanho, especialmente para buscar novos mercados. “Ainda temos muito poucas propriedades certificadas como livres de brucelose e tuberculose”, disse. Em relação ao mercado Chinês, um dos mais cobiçados da atualidade, Palharini destaca que, apesar do alto potencial de consumo, existe um movimento forte de fomento da produção interna. “A produção de leite é tida como boa opção de inclusão de produtores, assim como fazemos aqui no Brasil.” Em 2009, o Rio Grande do Sul produziu 3,4 bilhões de litros de leite, mantendo-se nos mesmos patamares de 2008, quando foram produzidos 3,3 bilhões de litros. A justificativa para queda, além da crise, foram os problemas climáticos que abalaram as pastagens no Sul do País. Fonte: Jornal do Comércio. Por Ana Esteves. 28 de março de 2010.
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