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Scot Consultoria

Safra maior garante suprimento de alimentos


Quarta-feira, 3 de janeiro de 2007 - 19h16

A safra dos produtos agrícolas que fazem parte da alimentação básica dos brasileiros vai crescer em 2007, o que garantirá quantidade suficiente para suprir a demanda. A dificuldade será o preço — produtos como milho e soja, apesar da safra maior, estão em alta recorde e a previsão é de que se mantenham em nível elevado durante o ano, puxados pelas cotações do mercado internacional. No caso do trigo, em que a quebra da safra será superior a 50%, a situação é ainda mais preocupante porque, além da escassez, há dificuldades para importação, o que deve aumentar o preço de produtos como pão e farinha. A esperança é que essas elevações não sejam integralmente repassadas para o consumidor, mas há casos, como do trigo, em que os moinhos consideram o aumento inevitável. Na soja e no milho, embora os repasses possam ficar aquém da elevação das cotações, também existe previsão de aumento, o que afeta diretamente o bolso do consumidor e influencia os níveis de inflação para 2007. Mesmo com o repasse, no entanto, o crescimento da produção deve conter os reajustes na maioria dos produtos básicos para alimentação. Pela mais recente previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, o milho deve ter crescimento de 4,5% em sua produção, a soja terá colheita 2,4% maior e a produção de feijão vai aumentar 2%. A queda deve acontecer, além do trigo, no arroz, para o qual se prevê redução de 4,4% na produção para este ano. De uma maneira geral, o quadro é positivo em relação à quantidade a ser colhida. Segundo a Conab, a produção de grãos no País poderá alcançar volume superior a 120 milhões de toneladas, um crescimento de 1% ante a safra anterior. Ainda segundo o estudo, a previsão de aumento de produção acontece mesmo com a redução da área plantada em produtos importantes, como a soja. Essa redução é justificada pelas condições climáticas adversas que ocorreram neste ano, o que trouxe prejuízos ao setor, principalmente nos Estados do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para compensar essas perdas, os produtores terão que plantar mais em 2007 e conseguir mais ganhos de produtividade. Mantida essa estratégia, e a depender da safra de verão do milho, é possível até que a safra alcance ou supere o recorde de 123 milhões de toneladas, alcançada há quatro anos. Mais soja e milho Dados da Conab mostram que o cultivo de soja no País deve ficar em quase 55 milhões de toneladas, o que faz o produto ser responsável por 45% de todo o plantio brasileiro em 2007. Na safra passada, a produção total de soja no Brasil foi de 53 milhões de toneladas, um crescimento de 2,5%. Apesar da redução de 7% na área cultivada, a produtividade da soja em 2007 também deverá ser maior: cerca de 10%. O milho, que fechou a última colheita com uma produção de 41 milhões toneladas, deve encerrar 2007 com quase 44 milhões de toneladas produzidas, uma participação de 36%. Já a área de cultivo do milho em 2007 será 0,7% menor. Isso ocorre porque parte dos produtores da região sul está migrando para outras culturas com um custo de produção inferior. O feijão também crescerá, mas em uma proporção menor. A sua produção, que na safra anterior foi de três milhões e 400 mil toneladas, ficará em 3 milhões e 500 mil toneladas, mantendo a participação do grão em 2,9% no cenário nacional. A área de cultivo apresentará um incremento 2,6%, cerca de 110 mil hectares a mais se comparada com a da safra anterior. A queda no trigo e no arroz O trigo e o arroz, por sua vez, terão queda de produção. O total de trigo produzido no País em 2007 deve ficar em torno dos dois milhões de toneladas, cerca de 54% a menos que na safra passada. Com isso, a participação do grão no agronegócio brasileiro ficará abaixo de 2%. A área plantada e a produtividade do trigo também serão menores: 26% e 38%, respectivamente. Além disso, o trigo enfrenta problemas para realizar importações da Argentina, pela política de taxação adotada pelo governo de Nestor Kirchner. “A situação é preocupante para 2007”, afirma Luiz Martins, presidente do Sindicato das Indústrias do Trigo de São Paulo (Sindustrigo). Ele prevê que os preços tendem a ser elevados durante a atual safra, com a redução da produção e dificuldades para importar. Além disso, na avaliação de Martins, os moinhos brasileiros estão desestimulados com os obstáculos trazidos pelas tarifas argentinas e estão prospectando empresas no país vizinho para driblar essa dificuldade. Já a produção de arroz deve ficar 4,4% inferior se comparada a da safra passada. Isso se deve por causa da estiagem no principal Estado produtor, o Rio Grande do Sul, que está com os mananciais insuficientes para a irrigação das lavouras na região. A área de plantio do grão também ficará menor: cerca de 0,5%. A expectativa de analistas da Conab é a de que a alta nas produções de soja, milho e feijão reduzam o preço interno das commodities. Já no que se refere ao preço do trigo e do arroz, a expectativa é de que os preços caiam, uma vez que haverá menos oferta no mercado. Mais carne bovina e frango Segundo uma pesquisa da União Brasileira de Avicultura (Uba), a produção nacional de carne de aves crescerá 3% em 2007. “Fecharemos o ano que vem com uma produção total de 10 milhões de toneladas”, afirma Ariel Mendes, vice-presidente da Uba. Segundo ele, o preço da carne branca no Brasil em 2007 deve ser o mesmo praticado neste ano. Já as exportações devem crescer. “As vendas para o comércio exterior crescerão por volta de 5%, isso se não houver um desabastecimento de milho por conta da demanda de 50 milhões de toneladas dos Estados Unidos para a produção de etanol”, diz o executivo. A produção de carne bovina também será maior em 2007. Dados da Scot Consultoria apontam para um crescimento de 10%. “O Brasil encerrará 2007 com uma produção de aproximadamente 10 milhões de toneladas de carne bovina”, afirma Alcides de Moura Torres Júnior, diretor da Scot. Segundo ele, o preço interno da carne deve se manter o mesmo. “O maior empecilho para o aumento do preço interno é o baixo poder de compra do brasileiro”, diz Moura. “A preocupação maior do setor é a possível recuperação das exportações dos Estados Unidos. Se ela acontecer, a Austrália deve perder espaço e poderá brigar com o Brasil em outras regiões do globo, como o Oriente Médio”, completa ele. Fonte: Jornal DCI. Por Paulo de Alencar. 3 de janeiro de 2007.
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