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Scot Consultoria

Um ano depois, País não se refez


Quarta-feira, 11 de outubro de 2006 - 13h01

Seguem embargos, volume exportado cresceu pouco e até suínos foram afetados nas vendas. Um ano depois dos focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, o Brasil ainda tenta recuperar a imagem na defesa sanitária. Os 56 países que impuseram embargo à compra da carne brasileira - incluindo os 25 países da União Européia - se mantêm até hoje, embora alguns estados já tenham sido liberados para a exportação. Apenas países como Namíbia, Tailândia, Venezuela, África do Sul, Belarus, China e Cuba têm restrição a importação de carne de todo o Brasil. Para analistas de mercado e representantes do setor, nestes últimos 12 meses, o País perdeu muito. Entre os prejuízos estão a postergação da abertura de novos mercados para a carne bovina, como os Estados Unidos, e a queda de 18,31% nas exportações de suínos, que acumularam US$ 726 milhões. Reflexo também nas vendas externas de bovinos, cujo crescimento em volume foi menor (ver matéria ao lado). As estimativas do setor é que os efeitos ainda sejam sentidos no ano que vem, pois os embargos totais só devem cair no primeiro trimestre de 2007. Acredita-se que nos próximos dias a Ucrânia libere as carnes brasileiras. Para o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, o prejuízo provocado pela febre aftosa "foi mais moral do que financeiro", pois as exportações brasileiras de carne continuam crescendo. "É um prejuízo moral porque esta doença já foi erradicada em vários países do mundo e o Brasil continua com ela", diz Nogueira. Ele lembrou que em 1968 o ministério criou um documento com objetivo de erradicar a febre aftosa, o que ainda não aconteceu. A última previsão era de acabar com a doença em 2009. Para erradicar a febre aftosa no País, Nogueira diz ser necessário a implantação de um programa de fiscalização para combater o contrabando, ter recursos e "vontade política" (ver matéria abaixo). "Perdemos tempo para tranquilizar o setor, os mercados externos, e refazendo o trabalho de garantia sanitária", argumenta Antonio Camardelli, secretário-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec). Além disso, segundo ele, o País poderia ter avançado em novos mercados. Desde 1999, o Brasil tenta negociar com os Estados Unidos carne "in natura", mas sucessivos casos de aftosa - no Rio Grande do Sul em 2000 e 2001, no Amazonas em 2004 e os últimos do ano passado - têm adiado os planos da indústria nacional. "Os Estados Unidos podem ser, em poucos anos, o terceiro maior importador individual", afirma. Atualmente, o maior comprador de carne "in natura" é US$ 399 milhões. Camardelli reclama de alguns embargos que, segundo ele, são sanções, como as do Chile, que liberou a Argentina, país com foco no ano passado, e não o Brasil. No mercado interno, os danos para o setor só não foram maiores porque, segundo Camardelli, os frigoríficos têm muita capilaridade, ou seja, possuem plantas em diversos estados e podiam trabalhar com as escalas variadas, conforme os embargos fossem ou não retirados. Para o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, além dos prejuízos à carne bovina, os suínos também sofreram sanções em virtude da aftosa. Com isso, o comércio exterior diminuiu, assim como o preço pago ao produtor. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gabriel Alves Maciel, disseque os estados mais prejudicados são aqueles que registraram os focos, tanto em termos econômicos - pois deixaram de exportar - como social. Ele não soube calcular o prejuízo para cada estado e quantos empregos no setor foram eliminados. Produtor Para o analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, o impacto da febre aftosa foi mais elevado para o produtor do que para indústria. Isso porque, apesar de estarem em recuperação, os preços da arroba do boi despencaram muito. "Se não fosse a aftosa estaríamos em outro patamar de preço", diz. Hoje o preço da arroba está em R$64, mas em junho estava no menor patamar dos últimos 35 anos, cotada a R$50. Exames Segundo o secretário, os exames sorológicos realizados em Mato Grosso do Sul e Paraná ainda demonstram reação positiva para o vírus. "É difícil prever quando estes dois estados voltarão a exportar. Enquanto não concluírmos todos os processos fica difícil estimar", diz. Maciel diz que serão realizados novos testes em um rebanho de 145 mil cabeças de gado, localizados em 1,9 mil propriedades dos municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul. No Paraná serão feitas 158 coletas de 53,32 mil animais, situados em 256 propriedades na cidade de Luanda. Fonte: Gazeta Mercantil. Finanças & Mercados. Por Viviane Monteiro e Neila Baldi. 11 de outubro de 2006.
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