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Scot Consultoria

Pecuarista e frigorífico travam disputa por preço da arroba


Terça-feira, 27 de abril de 2010 - 09h37

Enquanto o clima não define o cenário para a comercialização do boi gordo, a disputa de preço continua. De um lado, os pecuaristas seguram o animal no pasto ainda verde. De outro, os frigoríficos operam com ociosidade por escassez de oferta. Segundo Hyberville Neto, consultor da Scot Consultoria, o clima nas últimas semanas tem sido favorável ao pasto, mas a partir de maio este cenário pode mudar. “A partir do próximo mês pode ocorrer seca. Se houver, a qualidade do pasto cai, fazendo com que aumente a oferta tanto de boi quanto de bezerro”, afirma Neto, acrescentando que o período de seca deve durar até setembro. No entanto, para o consultor, mesmo se a oferta estiver em alta, os preços não devem sofrer grandes oscilações. “Nas próximas semanas, os frigoríficos vão pressionar os preços para baixo, mas os valores devem se estabilizar em R$82,00, na comercialização a prazo”, afirma. Em São Paulo, a arroba do boi gordo a prazo estava cotada a em torno de R$81,00. No mesmo período e na primeira quinzena de maio em 2009, quando o clima foi atípico e sem seca, de acordo com Neto, o preço da arroba variou entre R$78,65 a R$77,18. Daniel Schwahofer de Carvalho, pecuarista e zootecnista da Pecuária Jacarezinho, que também acredita na compressão dos preços por parte dos frigoríficos, aposta em um teto de R$85,00 para a arroba do boi gordo em São Paulo até o fim deste ano. De acordo com Maria Gabriela Tonini, consultora da Scot, os preços à vista, em São Paulo, foram fechados na semana passada a R$79,00, livre do funrural. No Triângulo Mineiro, o preço do boi caiu para R$77,00, a prazo, sem o imposto, e no sul de Goiás, os negócios a prazo com o boi ficaram em até R$78,00. Para André Carvalho, analista da BeefPoint, os frigoríficos que operam com escalas mais folgadas testam nivelar preços mais baixos. Segundo o analista, o indicador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Esalq/BM&F Bovespa o preço do boi gordo à vista teve retração de 1,43% na semana passada. O indicador a prazo caiu 1,34%. Pautado pela falta de concorrência, já que o setor depende hoje praticamente de dois frigoríficos, de acordo com Schwahofer, o ideal seria que os criadores combinassem escalonagem. “De dois anos para cá tem melhorado, mas além da pouca comunicação ainda falta profissionalização para entender melhor o comportamento do mercado”, afirma. Segundo o pecuarista, o seu rebanho não está disponível para o abate. Como no cenário do boi gordo, a distribuição de bezerro para engorda também está lenta. Segundo Neto, como o pasto está bom, os pecuaristas também têm represado os bezerros para engorda. “A reposição está cara, com a venda de um boi gordo comprando 1,9 bezerro. A média é 2,1”, afirma o consultor. Além do fator climático, o consumo da carne no atacado também pode pesar na hora de fechar preço da arroba do boi gordo. De acordo com Neto, o consumo no atacado precisa se recuperar. “Está em queda, por ser fim de mês. Nas próximas semanas os frigoríficos vão tentar pagar menos”. Análise da XP Investimentos mostra que com a perda de força no consumo, a melhora nos estoques resultou em queda nas cotações da carne no atacado, o que deve fazer com que os frigoríficos pressionem por recuo nos preços do boi gordo. Mercado futuro Schwahofer também considera os preços no mercado futuro como balizadores para o físico. “Se tem bom cenário para o futuro, o físico também tem de acompanhar”, afirma. Dados da XP Investimentos apontam que o boi gordo no mercado futuro sofreu queda de 1,7% para contrato de maio e 1,5% para outubro. Para contratos com vencimento em abril, a BM&F também fechou em baixa, na última semana. Com desvalorização de R$0,85, os contratos foram fechados a R$81,15 a arroba. A expectativa da consultoria é de mercado pressionado com viés de baixa, com mais intensidade para contratos mais curtos. Estatística da BM&F Bovespa mostra que de janeiro a março de 2010 foram negociados no mercado futuro, 200.495 bois gordos. No mesmo período do ano passado, a bolsa registrou 216.234 contratos negociados de boi no mercado futuro. Fonte: DCI. Agronegócios. Por Alécia Pontes. 27 de abril de 2010.
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