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Scot Consultoria

Sem um bom manejo a adubação não faz milagre


Sexta-feira, 5 de outubro de 2018 - 11h30

Foto: Scot Consultoria / Moacyr Corsi, professor da ESALQ/USP


Durante o Encontro de Adubação de Pastagens, o professor Moacyr Corsi, que ministrou a palestra “Sem um bom manejo a adubação não faz milagre” concedeu uma entrevista para a Equipe da Scot Consultoria.


O professor comentou sobre os temas mais relevantes que abordou durante sua palestra e também sobre a importância da transmissão de conhecimento e informações que o evento proporciona. Acompanhe:


Scot Consultoria: Em sua opinião, qual a importância de eventos como esse para o setor?


Moacyr Corsi: Eventos como esse já são uma tradição na pecuária e o pessoal espera com ansiedade esse evento ocorrer. Ele traz muitas repostas e também muitas indignações do público. Indignações no sentido de querer fazer cada vez melhor e isso desperta neles a necessidade de voltar aos encontros objetivando a melhoria, a confirmação dessa melhoria ou então o questionamento do que fizeram, se foi acima do esperado ou foi uma frustração. Mas, de qualquer maneira, esse hoje é o centro, o fórum de discussões sobre a pecuária, principalmente na área de pastagem, onde temos poucas oportunidades de discutir em profundidade e abrangência o que está sendo discutido nesses encontros.


Vocês estão de parabéns, os elogios não são elogios só de abertura ou de fechamento de uma palestra, mas eles são verdadeiros. É uma maneira que vocês conseguiram manter isso como uma tradição, em que o público espera isso e conta com as novidades que estão chegando e as possibilidades de progressos na pecuária. E, cada vez mais, vai haver essa necessidade, evidentemente, elas vão aparecer de maneiras diferentes, mas sempre o objetivo é a maior lucratividade. O objetivo principal das palestras é termos competitividade com outras culturas, ou seja, produzir a mesma rentabilidade por unidade/área. Se nós não conseguirmos fazer isso na pecuária, ela vai desaparecer porque sempre irão aparecer novas alternativas para melhor uso do solo, ou com melhor rentabilidade e esse é o fórum em que nós podemos discutir, apresentar resultados, e despertar o interesse do público.


Scot Consultoria: Qual o principal impacto no bom manejo na adubação das pastagens e quais melhorias isso pode trazer para o produtor?


Moacyr Corsi: Em termos de impacto, o que nós procuramos na verdade, é que a rentabilidade seja igual ou melhor que a agricultura, e isso é possível. Então, à medida que você vai melhorando o manejo e as adubações isso fica evidente.


Os níveis de adubação que geralmente são propagados na literatura ou em revistas são em torno de 100kg a 150kg de nitrogênio por hectare/ano e isso é uma adubação que não provoca um impacto tão grande na produtividade, nós precisamos de adubações mais pesadas. Como, evidentemente, o pessoal tem uma resistência à adubação, essa linha de pensamento ainda não é muito aceita, mas já tem aqueles que estão pontuando nessa linha e mostrando que a rentabilidade é muito alta. Na verdade, eu tenho repetido várias vezes que a rentabilidade na pecuária não pode continuar sendo tão alta como está, em termos da pecuária intensiva em pastagem, a rentabilidade é muito boa.


Então, o que se espera no futuro, é que os empresários irão perceber que isso está acontecendo e vão desenvolver essa pecuária mais tecnificada, competitiva em sentido de uso do solo, ou seja, ela tende a dar mais rentabilidade que outras alternativas, e esse impacto vai vir através da adubação e um manejo mais cuidadoso, que é exatamente o que foi discutido na minha palestra.


Scot Consultoria: Para o produtor que está procurando se intensificar e melhorar o manejo e a adubação de suas pastagens, quais os principais pontos que ele deveria se atentar no início?


Moacyr Corsi: Melhor conselho, comece com pouco, aprenda a trabalhar com a pastagem intensiva. Nós costumamos dizer que tem que haver uma área piloto, uma área pequena, que normalmente nos projetos tem um total de 10% da área total de pastagem e nessa área começam a ser empregadas tecnologias do sistema intensivo.


Você tem que aprender a trabalhar naquela área em termos do manejo do pasto, épocas de adubações do solo, enfim, aquela área que vai ter uma produção e vai irradiar a tecnologia para o resto da propriedade. Para vocês terem uma ideia do que seria uma área piloto, na ESALQ-Piracibaba, quando começou os projetos de sistema intensivo, foi usado 1,4 hectare, o que correspondia a 2% da área total de pastagem. 1,4 hectare basicamente não é nada, é bem pequeno, mas foi exatamente neste núcleo que foram sendo empregadas tecnologias e a maneira correta de fazer o manejo e ter o máximo possível de forragem colhida, não produzida, mas ter o máximo possível de forragem colhida naquela área. Isso aumenta a eficiência de pastejo, a taxa de lotação e a rentabilidade começa a ser bastante alta.


Melhor conselho, prepare uma pequena área, que caiba no seu bolso, ou seja, que você possa gastar uma quantidade que não lhe faça falta e maneje da melhor forma possível e dê o máximo de atenção a essa área, porque é ela que vai transformar toda a pecuária na sua propriedade.


 



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