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Scot Consultoria

Considerações sobre futuro do mercado do boi gordo


Sábado, 7 de julho de 2018 - 09h00

Foto: Scot Consultoria

 


Sidnei Maschio: Hyberville, falando do Brasil inteiro, como está a oferta de gado terminado nesse começo da metade do ano?


Hyberville Neto: Sidinei, nós podemos dizer que estamos na entressafra, realmente a oferta já diminuiu, os compradores têm tido dificuldade na aquisição dos animais e, embora as altas não tenham ocorrido nos últimos dias de maneira generalizada, são variações em uma praça, depois em outra, nós temos observado um viés de valorização em praticamente todas as regiões.


Sidnei Maschio: Hyberville, a respeito do confinamento a gente já pode ter certeza que vai haver, mesmo, um encurtamento substancioso no tamanho do rebanho engordado, nessas primeiras rodadas da temporada? 


Hyberville Neto: No primeiro giro do confinamento, ao que tudo indica, realmente nós vamos ter essa redução. A valorização do milho lá atrás e a própria demanda por boiadas mais eradas que entrariam no cocho se mantiveram fracas ao longo dos últimos meses, e isso ilustra essa menor disposição do confinador para fechar as boiadas, ao menos para as que seriam vendidas nessa primeira metade do segundo semestre.  As projeções, quando nós consideramos preços do mercado futuro e uma simulação de resultado, elas não estavam atrativas. Até metade, mais ou menos, do segundo semestre, nós não tínhamos resultados positivos por boa parte dos últimos meses. Quando a gente alonga um pouco a análise e com os preços do milho cedendo, nós já começamos a observar resultados mais atrativos.


Sidnei Maschio: Com o recuo do preço do milho por conta da colheita da safrinha quer dizer que o custo de produção do cocho também vai apertar menos o confinador daqui para frente?


Hyberville Neto: A safrinha, que é a segunda safra, é o principal momento de oferta no Brasil das últimas 6, 7 safras. Então, nós temos essa pressão negativa sobre as cotações que acaba abrindo oportunidades e abrindo um cenário com um pouco mais de atratividade ao que diz respeito aos custos com alimentação, consequentemente da atividade como um todo. Então, nós temos expectativas de, nas próximas semanas, um cenário de pressão devido a colheita e depois tipicamente a partir de setembro/outubro, quando a gente olha uma média histórica, os preços do milho voltam a ganhar um pouco de força. Mas, o cenário atual é mais atrativo que nos últimos meses sim.


Sidnei Maschio: Hyberville, o pecuarista pode cravar uma aposta que o preço do boi vai subir?


Hyberville Neto: A expectativa é de um cenário positivo. A valorização é um cenário que nós acreditamos, é o cenário mais provável e o próprio mercado futuro aponta para uma alta em torno de 6 a 7%. Se a gente considerar o preço, atualmente, em torno de R$140,00 o mercado futuro está apontando para R$150,00, São Paulo como referência e preços à vista, sem imposto, sem Funrural. Então, o mercado futuro aponta para essa alta e o cenário que normalmente a gente observa é um segundo semestre de consumo melhor, com valorização. Esse ano, com as eleições fazendo com que um pouco mais dinheiro gire na economia e o câmbio num patamar favorável aos embarques, é possível que nós tenhamos essa alta que o mercado futuro espera sim. O que o pecuarista não pode é confiar que ela vai ocorre só porque o mercado futuro está apontando, ele tem que sempre buscar garantir esse preço que ele está vislumbrando no mercado futuro ou fazer a sua atividade de maneira que ele não dependa dessa alta para ter resultado.


Sidnei Maschio: A situação que a gente tem hoje na praça, a arroba está subindo sim, mas muito vagarosamente, por quê?


Hyberville Neto: Realmente o cenário já é de uma oferta restrita, só que por outro lado, nós temos a demanda em um patamar relativamente moderado. Claro que, copa do mundo tem seu efeito positivo, nós temos começo de mês também colaborando, mas o patamar da demanda ainda está em recuperação quando a gente considera o que foi a alguns anos. Nós temos um cenário de escoamento melhor do que em 2017, mas ainda a quem daqueles observados antes de 2014, 2013 quando a crise bateu a porta. Na verdade, a partir de 2015 a gente considera que foi o pior da crise, então 2013 e 2014, aquele consumo mais forte.


Sidnei Maschio: Você está falando do segundo semestre, normalmente o consumo melhora. Será que essa escrita vai ser respeitada agora em 2018, com tudo que isso que você falou?


Hyberville Neto: Nós acreditamos que sim, a variação de consumo entre primeiro e segundo semestre, mesmo em anos mais fracos, ela é observada. Então, o que nós temos é que, no início do ano e em 2017, esperava-se que 2018 fosse um ano de recuperação mais forte da economia como um todo e do consumo, ainda assim, temos observado melhoria, mais modesta, mas ela tem sido observada. E, em anos bons e anos ruins, a sazonalidade do primeiro para o segundo semestre no que diz respeito a melhoria do consumo, ela é observada. Somando a isso, cenário de eleições, que acaba fazendo com que mais dinheiro circule na economia, agora tem as novas regras que nós temos que acompanhar como que será esse efeito no mercado, teoricamente menos dinheiro girando, mas ainda assim, é um efeito positivo. Nós acreditamos que o consumo no segundo semestre vai colaborar sim.


Sidnei Maschio: O preço da carne sem osso no atacado caiu na semana passada, depois de passar 11 semanas seguidas subindo. Qual foi o motivo dessa queda Hyberville? 


Hyberville Neto: Nos víamos com altas, como comentou, Sidnei, e essas valorizações agora, no final de mês, na última semana, no momento dessa inversão de tendência, houve esse ajuste negativo, então o varejo, com estoques relativamente bons, um final de mês, a situação de abastecimento, passado um mês já do final da greve, ela já si normalizou. Então, depois de diversas altas nós tivemos esse ajuste. Mas, ele não significa, uma inversão de tendência, nada muito preocupante, apenas uma acomodação depois de um cenário de altas importantes. 


Sidnei Maschio: Como está a margem de comercialização dos frigoríficos, Hyberville?


Hyberville Neto: Quando a gente considera a venda da carne com osso, as vendas das carcaças, que é uma parcela menor das indústrias que tem esse tipo de comercialização, nós temos uma margem mais próxima da média histórica, em torno de 15%, ou seja, os produtos do abate, eles superam o valor pago pelo boi gordo em 15%.  Isso não indica lucro, apenas a relação entre preço de venda e preço de compra. Quando nós consideramos o frigorífico que desossa, que aí sim nós temos a maior parte das empresas, os grandes frigoríficos praticamente todos, temos uma margem de comercialização próxima de 29%, o que é bem acima da média histórica que gira em torno de 20 a 22%.


 



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