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Scot Consultoria

Até quando vale segurar o boi no pasto?


Sexta-feira, 16 de março de 2018 - 12h00

Foto: Visual Hunt


Sidnei Maschio:
Hyberville, o que fez o mercado de carne no atacado reagir e subir na semana passada?


Hyberville: A melhoria do escoamento com o início de mês colaborou, além de alguma retenção por parte dos pecuaristas.


Sidnei Maschio: Por que essa reação no comércio atacadista não aconteceu logo no começo do mês, seguindo o costume e a tradição do mercado, por ser o período de pagamento do salário ao trabalhador empregado?


Hyberville: Realmente é comum observarmos uma maior movimentação no atacado na virada de mês, com o varejo se estocando. Por outro lado, temos observado um nível de abates expressivo, o que pode ter atrasado os ajustes.


Sidnei Maschio: De acordo com o acompanhamento da Scot, o que aconteceu com o mercado varejista de carne na semana passada?


Hyberville: A redução de preços estimulou o escoamento e acabou colaborando com a demanda no atacado. Apesar do ajuste negativo, as margens de comercialização do elo ainda estão nos melhores patamares do ano (69,0%).


Sidnei Maschio: Ainda dá para acreditar numa melhora geral do mercado?


Hyberville: A tendência é que o escoamento piore, com possíveis recuos no atacado. Com uma oferta de fêmeas ainda importante é possível que o mercado do boi gordo perca firmeza nas próximas semanas. 


Sidnei Maschio: Normalmente janeiro e fevereiro são os meses mais fracos para o consumo de carne no Brasil. Isso quer dizer que a gente já pode cravar uma aposta no aumento das vendas daqui para a frente?


Hyberville: Temos a melhoria geral da economia, além de estarmos deixando para trás o início de ano, trazem expectativa de melhoria, principalmente após o término da safra.


Sidnei Maschio: Por que nestes dias em que a carne subiu no atacado, o mercado do boi gordo continuou praticamente parado, se arrastando do mesmo jeito em que ele estava antes.


Hyberville: Porque temos uma oferta expressiva de boiadas, com destaque para as fêmeas. A retenção pelo pecuarista acaba limitando quedas, mas a disponibilidade de gado, quando o frigorífico oferta mais alonga as programações, o que segura o mercado e impede valorizações.


Sidnei Maschio: Como está hoje a margem de comercialização da indústria?


Hyberville: Atualmente a margem de comercialização, considerando todos os produtos do abate, está em 12,2% para um frigorífico que vende carcaças e em 19,0% para um que realize desossa. No primeiro caso está um pouco abaixo da média histórica, entre 14,0% e 15,0%. Já no segundo a margem está próxima da média.


Sidnei Maschio: Como está sendo nestes últimos dias o comportamento da oferta de gado terminado na praça? O tamanho da oferta de vacas de descarte engordadas nas fazendas de cria já está fazendo diferença no mercado?


Hyberville: A oferta está boa, com destaque para as fêmeas. Mas os produtores não têm cedido à pressão de baixa, uma vez que há possibilidade de retenção. Isto mantém o mercado andando de lado.


Sidnei Maschio: Além da qualidade do capim, o que o pecuarista deve levar em conta para decidir até quando ele vai segurar o boi no pasto para esperar o preço melhorar?


Hyberville: Sempre avaliar o potencial de ganho e os custos desta engorda. Normalmente a engorda em pastagem durante a safra gera retornos interessantes para uma retenção. Mas se as contas ficarem apertadas com os preços atuais, o produtor não deve reter confiando em altas do mercado.


Sidnei Maschio: Considerando o ponto em que estamos no ciclo pecuário e o que aconteceu no mercado desde o começo do ano, a previsão continua sendo de que o 2018 será melhor que 2017 para o bolso do pecuarista?


Hyberville: Temos expectativa de uma demanda melhor, influenciada pela recuperação econômica e eventos como as eleições e a Copa do Mundo, em maior ou menor grau. Por outro lado, a oferta de boiadas deve ser expressiva, o que tende a segurar o efeito da recuperação da demanda.


Entrevistado



Hyberville Neto, médico veterinário e analista da Scot Consultoria.



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