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Scot Consultoria

Aves, suínos e a “Segunda Sem Carne”


Sexta-feira, 12 de janeiro de 2018 - 10h00

Foto: https://pt.dreamstime.com


Sabendo da importância das cadeias produtivas de suínos e aves no Brasil, a Scot Consultoria entrevistou Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Francisco Turra conversou com a Scot Consultoria sobre o mercado de suinocultura e avicultura em 2017 e as projeções e perspectivas para 2018.


Turra é formado em Direito pela Universidade de Passo Fundo e em Comunicação Social pela PUC, foi Deputado Estadual e Federal, presidente-executivo da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), e ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil e desde 2014 é o presidente da ABPA.


A ABPA é uma entidade representativa do setor de proteína animal do Brasil e possui 132 associados. Representa o setor avícola e suinícola brasileiro em foros nacionais e internacionais. É fonte oficial de dados. Trabalha zelando pela qualidade, sanidade e sustentabilidade dos produtos. Promove e incentiva a integração de toda a cadeia e a adoção de tecnologias. E também trabalha possibilitando rentabilização e consolidação dos mercados interno e externo.


Durante 2017, segundo dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), o país exportou 592,6 mil toneladas de carne de suíno congelada, fresca ou refrigerada, contra 628,6 mil toneladas em 2016. Já o volume de carne de frango congelada, fresca ou refrigerada vendido em 2017 foi de 3,94 milhões de toneladas, contra 3,96 milhões de toneladas exportadas em 2016. Com isto, as exportações de carne suína tiveram queda de 6,1% e as de frango 0,05%. Para entender mais, confira a entrevista:


Scot Consultoria: Mesmo com todos os desafios enfrentados, podemos dizer que no fechamento de 2017 o mercado de suínos e aves foi melhor do que o esperado?


Francisco Turra: Apesar das dificuldades que nós tivemos durante a operação Carne Fraca, houve também outros percalços. Em especial a dificuldade gerada após essa operação, que trouxe desconfiança, demoras, fiscalizações, visitas, e isso tudo gerou ainda mais turbulência no mercado.


Então, embora não tenha tido represamento, pois o Brasil serviu o mercado interno, houve sim muito mais cautela de alguns mercados compradores, entre eles a União Europeia, que não fecharam o mercado e não nos afastaram, mas foram um pouco mais rigorosos com mais exigências, e isso complicou um pouco as importações. Os números teriam sido bem melhores, mesmo com a operação, se não tivesse existido esse problema posterior.


Por exemplo, em receita nós crescemos tanto em aves como em suínos. Aumentamos a receita da suinocultura em 10% e da avicultura em quase 6%.  Em volume, ainda não temos o número final, mas foi divulgado há um tempo que nós ficamos abaixo da estimativa, tanto em aves quanto em suínos.


Scot Consultoria: Quais são os projetos atuais da ABPA e em curto prazo há alguma perspectiva para abertura de um novo mercado?


Francisco Turra: Sim, nós estamos com previsões para crescer tanto no mercado de aves quanto no mercado de suínos em 2018.


Nós estamos animados porque a demanda está bem aquecida e o Brasil está mais preparado, ou seja, as lições que nós aprendemos de não errar em absolutamente nada geraram um clima mais confortável lá fora para o importador e como há muitos problemas sanitários em diversos países, o Brasil é cada vez mais um porto seguro, ainda a tendência é crescer tanto em aves quanto em suínos, sendo este crescimento de 3% em aves e 5% em suínos.


Scot Consultoria: Sabemos que a carne mais consumida no Brasil é a de frango, seguida da bovina e da suína, nesse âmbito o senhor acredita em um potencial de expansão para carne suína ou o maior consumo sempre será destinado à Europa e países asiáticos?


Francisco Turra: O consumo da carne suína vai continuar crescendo, não na proporção que nós gostaríamos, a reação é pequena, mas estamos projetando um aumento forte das exportações, principalmente para os países da Ásia, teremos agora Coréia do Sul, China, Japão, que serão mercados bem interessantes e que nesse ano serão mercados alvos.


Scot Consultoria: Por fim, qual é a expectativa de crescimento das cadeias de aves e suínos para os próximos anos?


Francisco Turra: O crescimento variável vai se dar sempre em aves porque efetivamente é uma carne que não tem restrições, chega no mundo muçulmano, enquanto que a carne suína ainda tem restrições de ordem religiosa.


Entretanto, os suínos vêm ganhando espaço em alguns países com problemas ambientais que não vão continuar crescendo como cresciam, que é o caso da China. Ou seja, o Brasil vem tomando um espaço bem significativo na carne suína, mas a carne de aves está crescendo muito, muito e muito.


Scot Consultoria: Falando sobre carnes, qual opinião do senhor sobre a aprovação de lei "Segunda sem carne"?


Francisco Turra: Bem, eu poderia começar dizendo que é um tema que não merece comentários porque efetivamente contemplou interesse de grupos fundamentalistas radicais e que, além de ser inconstitucional, esse projeto é de todo absurdo.


Se é para reduzir consumo isso não se faz através de um projeto de lei, mas sim da conscientização do consumidor, e não precisa da lei obrigando.


É de todo absurdo do ponto de vista econômico também. Porque nessas cadeias de proteína animal é onde ficam milhões de empregos. Na cadeia de aves e suínos nós temos 4,1 milhões de empregos, então se você dividir isso por um dia da semana você vai ver o tamanho do estrago também na geração de renda, de emprego, etc.


Isso desestabiliza um ciclo que já está formado para um dos maiores exportadores do conjunto de proteínas animal.


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Entrevistado:



Francisco Sérgio Turra, Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).



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