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Demanda patinando e acréscimos da produção comprometem o preço do leite


Sexta-feira, 28 de julho de 2017 - 08h00

Foto: http://footage.framepool.com


Sidnei Maschio:
Rafael, o vento mudou mesmo de lado no mercado nacional do leite, e o que foi que provocou essa virada? 


Rafael Ribeiro: Eu destacaria dois fatores: o aumento da produção de leite, não só nos estados do Sul do país, mas também em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, em função do clima mais favorável (choveu até meados de junho no Brasil Central e região Sudeste) e também em função do custo da alimentação concentrada mais barata, por exemplo, o milho e o farelo de soja; e a demanda fraca na ponta final da cadeia.


Sidnei Maschio: De quanto tinha sido o tombo no preço médio do leite no pagamento que o produtor recebeu em junho?


Rafael Ribeiro: No pagamento de junho a média nacional caiu 0,3% na comparação mensal. Os dados parciais referentes ao pagamento de julho apontam para um recuo de pelo menos 1,0% na média nacional, sendo que a queda deverá ser mais forte no Sul do país. 


Sidnei Maschio: Comprando agora com esta mesma época do ano passado, qual é a situação atual do preço pago ao produtor?


Rafael Ribeiro: Considerando os preços deflacionados, neste caso corrigidos pelo IGP-DI, o produtor está recebendo 4,7% mais este ano, frente a igual período de 2016. 


Sidnei Maschio: O que é que estava sustentando o mercado nos quatro meses seguidos de alta que a gente teve até essa virada acontecida em junho?


Rafael Ribeiro: A produção caiu de janeiro a abril. O aumento da produção a partir de maio somado a demanda fraca (desde meados de 2015), com formação de estoques, por exemplo, de queijos e leite em pó em alguns casos, tiraram a sustentação do mercado. Agora, é importante destacar, que os preços do leite spot e do leite em pó no atacado já vinham em queda desde meados de abril.


Sidnei Maschio: O deve acontecer daqui para frente com a produção nas principais regiões leiteiras do país?


Rafael Ribeiro: São Paulo, Minas Gerais e Goiás devem sentir um os reflexos das pastagens mais secas na produção de leite, porém, com menor intensidade este ano, em função da comida concentrada mais barata.


No Sul do país, a expectativa é de siga aumentando até agosto, em função das pastagens de inverno e custos de produção menores.


Sidnei Maschio: O que não está ajudando nada é o consumo de leite e derivados no país, que está mais fraquinho do que cacarejo de galinha d’angola, não é? Você está vendo alguma chance de melhora no curto prazo, Rafael?


Rafael Ribeiro: Não, talvez a partir de meados de 2018, se tudo correr bem com a economia e política no país. Porém, esta retomada do consumo interno deverá ser mais lenta neste primeiro momento, bem abaixo do ritmo de crescimento verificado antes da crise.


Sidnei Maschio: Depois dos problemas de clima que estavam ameaçando a safra de grãos dos estados unidos, como está sendo nestes últimos dias o comportamento dos principais alimentos que fazem parte da dieta da vaca leiteira?


Rafael Ribeiro: Ainda pressionado para baixo, porém, as exportações brasileiras de milho mais firmes em julho têm limitado as quedas em algumas regiões.


No caso do farelo de soja, o dólar mais fraco em relação ao real nas últimas semanas tem “brigado” com as questões climáticas nos EUA na formação de preços no mercado brasileiro.


Sidnei Maschio: Dá para apostar na queda do custo da alimentação do gado nas próximas semanas?


Rafael Ribeiro: Acreditamos em um cenário mais firme de preços para o milho em agosto, apostando no aumento das exportações de milho.


Para o farelo de soja, acredito que o cenário de clima adverso deverá seguir dando sustentação aos preços no mercado internacional. Os preços no Brasil, em reais, dependerão do comportamento do dólar em relação ao real.


Sidnei Maschio: E em relação aos outros custos do produtor de leite, rafael, como é que está a situação atual?


Rafael Ribeiro: Acreditamos em um cenário mais firme de preços para o milho em agosto, apostando no aumento das exportações de milho.


Podemos citar os preços dos combustíveis subindo, que tem grande peso nos custos de produção da atividade. Além disso, o mercado de fertilizantes está andando de lado, mas a demanda firme pode puxar os preços dos adubos neste período de compra para o plantio da safra de grãos 2017/2018. Vai depender do câmbio também, neste caso.