• Sexta-feira, 19 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Moacyr Corsi: Potencial de produção, de 5 para 45@ por hectare/ano


Sexta-feira, 4 de setembro de 2015 - 17h50

Moacyr Corsi em palestra no Encontro de Confinamento da Scot Consultoria (abril/2015)Moacyr Corsi (ESALQ-USP) em palestra no Encontro de Confinamento da Scot Consultoria (abril/2015)


Moacyr Corsi, desde que nasceu, vive a pecuária. Herança de, pelo menos, duas gerações para trás. Em conversa com a Scot Consultoria, o professor da ESALQ-USP falou das principais dificuldades para o pecuarista intensificar a produção de capim, comparou o nível de retorno econômico entre a pecuária e a agricultura, versou sobre o enorme potencial de produção da pecuária nos dias de hoje e mencionou suas expectativas para o futuro da atividade.


O professor fará uma preleção sobre o tema "Manejo de adubação de pastagens, como intensificar a produção", no Encontro de Adubação de Pastagens da Scot Consultoria, dia 29 de setembro, em Ribeirão Preto-SP. A seguir, temos uma palinha sobre o que ele falará da intensificação na produção de capim.


Para saber sobre o Encontro, acesse: www.encontros.scotconsultoria.com.br


Corsi é engenheiro agrônomo (ESALQ/USP), mestre e phD em Agronomia (Ohio State University), doutor em Ciência Animal e Pastagens e possui dois pós doutorados (West Virginia University/Massey University).


Leia o bate-papo:


Scot Consultoria - Qual a principal dificuldade para o pecuarista intensificar a produção de capim?


Moacyr Corsi - Inicialmente, o pecuarista precisa se convencer de que a atividade pecuária é lucrativa. Entender que o trabalho que ele vai exercer proporcionará um resultado econômico muito melhor do que outras iniciativas que ele pode ter no uso da terra - como a agricultura, por exemplo.


Mas, como convencer esse pecuarista? Mostrando o resultado de trabalhos como os que são realizados aqui na escola (Esalq-USP) - projetos como os de Rondonópolis-MT, Rancharia-SP, Paragominas-PA, entre outros projetos grandes, que têm diversas propriedades participando.


Os projetos são interessantes. Começam com uma amostra, depois são escolhidas ao redor de cinco, seis propriedades para participarem. Após dois ou três anos (e bons resultados aparentes), o número de pessoas interessadas em entrar no projeto cresce vertiginosamente para 20, 25 propriedades. Além de se interessar, os pecuaristas ingressam e realizam profissionalmente esse trabalho.


É muito mais uma questão de demonstração de resultados. A dificuldade está na difusão dessa informação, desses resultados, para convencer o pecuarista a tomar uma inciativa no sentido de realizar o projeto.


Após isso, temos a segunda dificuldade: fazer com que o pecuarista tenha os conceitos corretos sobre a aplicação e o emprego das tecnologias na hora e na quantidade correta.


É muito difícil colocar tecnologia em um sistema de produção sem avaliar corretamente qual o nível tecnológico da propriedade. Porque se você oferecer mais tecnologia do que ela é capaz de absorver, não conseguirá os resultados esperados e, por outro lado, se oferecer uma tecnologia abaixo do nível tecnológico, o resultado também será frustrante. Isso é desanimador.


Scot Consultoria - Falta muito para a pecuária produzir no mesmo nível tecnológico da agricultura?


Moacyr Corsi - Não. Já temos eventos, inclusive nessas propriedades dos projetos que citei, que a partir do primeiro ano, o resultado econômico de muitas delas se equiparam ao que o milho e a soja apresentam na média.


Se já temos essas propriedades, com sistemas de intensificação de adubação de pastagens implantados e, que no primeiro ano atingem um retorno econômico semelhante ao da agricultura, vemos o potencial enorme que a pecuária tem.


Comparando a pecuária intensiva de um ano com a agricultura de soja de três, quatro, até cinco anos, conseguimos mostrar esse potencial.  Já quando se trabalha a pecuária por mais tempo, dois, três, quatro anos, aí nota-se um retorno econômico bem superior ao da agricultura.


Mas é claro que para isso é preciso um acompanhamento técnico, para conhecer o processo tecnológico, seu desenvolvimento, agregar conhecimento e ganhar confiança no processo - ao ponto de chegar a desenvolver a propriedade como um todo, porque todo processo é começado por uma área menor, com o objetivo de, nessa área piloto, orientar o pecuarista como é que ele tem que fazer e que hora ele tem que fazer.


Encontro dos Encontros da Scot Consultoria: www.encontros.scotconsultoria.com.br


Scot Consultoria - Atualmente produzimos cerca de quantas arrobas por hectare? No seu ponto de vista, quanto vamos produzir em 2030?


Moacyr Corsi - A média brasileira está em cinco arrobas por hectare no ano.


Nos projetos citados, esse número é superior a 30 arrobas por hectare no ano. Os projetos mais antigos já produzem cerca de 40 arrobas. Os iniciais, no primeiro ano, a meta é de 25 arrobas. Do segundo em diante, a meta já é determinada por eles mesmos - levando em consideração as melhores médias de resultados do grupo que trabalhou no projeto (são cinco, seis, até 20 fazendas). Geralmente eles atingem essa meta, chegando até a 45 arrobas por hectare/ano.


A resposta desses pecuaristas à absorção e aplicação de tecnologia é muito boa, muito rápida. Cada vez mais, acreditam e melhoram seus resultados, que no início são bem desafiadores e, após um tempo, muito satisfatórios.


Sobre o futuro, acredito que nos próximos anos haverá uma mudança significativa no perfil do pecuarista, assim como houve, nesses últimos dez anos, no perfil do agricultor. Essas mudanças nos permitirão dar passos muito mais largos no sentido de atender produtividade em quantidade elevada.


Scot Consultoria - Por favor, faça um comentário breve sobre sua preleção no Encontro de Adubação de Pastagens. O que os participantes absorverão da sua palestra de mais importante?


Moacyr Corsi - Versarei sobre o aumento de produtividade. Se nós tivermos uma produtividade hoje, por exemplo, no caso da cria, que está ao redor de 0,2, no máximo 0,5 bezerros por hectare, não importa o preço que esteja esse animal, nós nunca vamos ter o retorno financeiro esperado - quando comparado à outras atividades do uso do solo, como a agricultura.


No contexto da exploração da terra, se nós permanecermos nesse nível tecnológico, de produtividade, evidentemente a pecuária vai ser trabalhada como sendo uma atividade secundária. A agricultura seria a protagonista e a pecuária trabalharia sempre num nível mais baixo de interesse.


Aumentando a produtividade para níveis mais elevados, conseguimos uma comparação muito mais justa entre a pecuária e a agricultura, financeiramente falando. E como mostram nossos projetos, é perfeitamente possível obter esses níveis de retorno econômico equiparados.


Se nós obtivermos esses níveis de retorno econômico semelhantes entre a pecuária e a agricultura, de fato estaremos fazendo uma integração verdadeira entre a pecuária, a agricultura e outra atividade do uso do solo. Nesse ponto em diante, o empresário rural começa a ter interesse em trabalhar numa outra atividade - em níveis de oportunidade de mercado.


A pecuária ainda é coadjuvante e precisamos mudar isso.


O Encontro dos Encontros acontecerá nos dias 28 e 29 de setembro e 1o. e 2 de outubro, em Ribeirão Preto e Serra Negra-SP. Para mais informações, clique aqui ou entre em contato pelo telefone 17 3343 5111.


Para ver como foi a última edição do evento (setembro/outubro de 2014), clique aqui. Lá você encontra a cobertura completa com depoimentos de participantes, fotos, textos e vídeos.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja