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Scot Consultoria

O momento é fraco; a pecuária é forte


Terça-feira, 11 de agosto de 2015 - 14h39

O engenheiro agrônomo (ESALQ/USP) e sócio-diretor de Tec-Fértil, José Francisco da Cunha, constata com otimismo que, apesar de registros de baixa no mercado de fertilizantes neste ano, o setor indica crescimento.


José Francisco da CunhaJosé Francisco da Cunha, sócio-diretor da Tec-Fértil.


Cunha tem experiência em empresas de fertilizantes desde 1979 e atua no estudo de mercados e fabricação/desenvolvimento de novas linhas de produtos. O engenheiro agrônomo fará uma preleção sobre o mercado de fertilizantes e as relações de troca com o boi gordo no Encontro de Adubação de Pastagens, durante o Encontro dos Encontros da Scot Consultoria.


Em entrevista à organização do evento, ele adiantou um pouco sobre o tema que abordará em sua palestra. Leia o bate-papo na íntegra e veja como anda o mercado de fertilizantes em 2015, a demanda por adubos para pastagens, uma estimativa de tamanho e crescimento desse mercado, suas expectativas para o futuro e as novidades em linhas diferenciais de produtos.


Scot Consultoria - Faça, por favor, uma breve avaliação do mercado de fertilizantes em 2015.


José Francisco da Cunha - Em 2015, o mercado de fertilizantes caminha com uma redução no consumo e, até o final de junho, acumulou uma redução de 9,6% se comparado ao mesmo período do ano anterior, atingindo 11,7 milhões de toneladas contra 12,9 milhões em 2014. Entre os diversos fatores desse cenário, o principal refere-se à perda de poder aquisitivo da maioria das culturas, piorando a relação de troca e desestimulando o consumo. A cultura que mais utiliza fertilizante no país é a soja. Uma outra razão importante para a redução no consumo é que o movimento geralmente antecipado e acelerado de compra pelos plantadores de soja, tornou-se mais lento e comedido, diante do cenário de aumento de preços dos fertilizantes e perda do poder de compra. É certo que ainda é cedo para definir o mercado de 2015, mas diante da demanda no primeiro semestre e os preços mais elevados, deverá ocorrer uma retração no consumo, que está estimada em torno de 4%.


Scot Consultoria - Como está a demanda por adubos para pastagens?


José Francisco da Cunha - Os dados estimados de consumo de fertilizantes para pastagens são baixos, registrando-se nas estatísticas do setor, um consumo de apenas 478 mil toneladas de fertilizantes, que corresponde a 1,5% do consumo em 2014. É provável que esses dados elaborados pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) estejam subestimados e o consumo possa ser bem maior, pois, ao cruzarmos dados de uso de fertilizantes levantados junto aos pecuaristas, podemos calcular que o consumo seja muito maior. A área de pastagens no país é muito grande e, apesar de uma boa parcela estar em situação de degradação ou baixa produtividade, a área que deve receber algum tipo de fertilização seria suficiente para demandar uma quantidade de fertilizante bem maior, como tentaremos demonstrar nas apresentações do Encontro de Adubação de Pastagens.


Scot Consultoria - O senhor consegue estimar o tamanho desse mercado? Ele tem crescido?


José Francisco da Cunha - Como comentado anteriormente, utilizando-se os dados declarados por pecuaristas quanto ao percentual da área adubada, e que deles, mais de 50% efetuam algum tipo de fertilização e também reformam acima de 10% das áreas, deveríamos ter um consumo de fertilizantes acima de dois milhões de toneladas. Estimativas utilizando outros parâmetros também indicam um consumo bem maior que o volume apontado pelo setor de fertilizantes. Ainda em resposta a sua pergunta, pelo menos vem sendo indicado um crescimento do consumo no segmento, apesar de dados de um consumo abaixo do que seria esperado.


Scot Consultoria - Há novidades em termos de fertilizantes para pastagens, linhas diferenciadas de produtos? Quais?


José Francisco da Cunha - Há pouco esforço das empresas para oferecer produtos diferenciados para as pastagens, visto que muitas oportunidades podem ser identificadas, como fertilizantes nitrogenados tratados para reduzir as perdas; combinação de fontes fosfatadas para oferecer efeitos imediatos e de longo prazo com menor custo; produtos com micronutrientes para suprir as principais deficiências das áreas de pastagens e, inclusive, o uso de fertilizantes foliares que atendem diretamente uma necessidade específica e imediata.


Scot Consultoria - Quais as expectativas desse mercado para o futuro?


José Francisco da Cunha - As expectativas são muito positivas, pois a produção da pecuária é muito promissora no Brasil, principalmente a produção de carne, que tem uma demanda crescente no mundo e nós devemos aumentar os volumes de exportação. Para isso, é preciso um grande esforço para aumentar a produtividade das pastagens e, assim, melhorar o desempenho da produção pecuária, que ainda é baixa. Isso será possível e vantajoso somente através do manejo adequado e do uso de corretivos e fertilizantes.


O Encontro dos Encontros acontecerá nos dias 28 e 29 de setembro e 1o. e 2 de outubro, em Ribeirão Preto e Serra Negra-SP. Para mais informações, clique aqui ou entre em contato pelo telefone 17 3343 5111.


Para ver como foi a última edição do evento (setembro/outubro de 2014), clique aqui. Lá você encontra a cobertura completa com depoimentos de participantes, fotos, textos e vídeos.



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