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Scot Consultoria

Confinamento: balanço positivo para 2014, cautela para 2015


Quinta-feira, 26 de março de 2015 - 16h44

André Perrone em palestra na última edição do Encontro de Confinamento da Scot Consultoria (2014)


Na visão de André Perrone, proprietário do Confinamento Monte Alegre (CMA), para a atividade "o ano de 2015 ainda está bastante obscuro. Teremos um ano mais difícil, um pouco mais duro e travado para o mercado do boi, que é o que ainda está melhor diante de nossa situação econômica".


O confinador bateu um papo com a organização do Encontro de Recriadores e de Confinamento da Scot Consultoria e, levando em consideração alguns fatores mercadológicos, avaliou o ano de 2014 como positivo, porém manteve a cautela para este ano. André também apresentou e comentou os principais modelos de parcerias praticados no CMA, deu sua opinião sobre até que ponto os preços e a escassez de boi magro podem atrapalhar a atividade e sugeriu soluções para lidar com essa situação. Além disso, ainda destacou a importância de eventos teóricos e práticos que contribuem para a interação da cadeia produtiva.


Leia a entrevista na íntegra:


Scot Consultoria - O senhor pode nos fazer um balanço da atividade de confinamento em 2014?


André Perrone - Nós passamos por um ano excelente, que não podemos reclamar. Houve uma expressiva valorização da arroba e, apesar das dificuldades com a reposição de animais - até mesmo para cocho no confinamento - o fator climático nos auxiliou bastante, ou seja, alguns fatores climáticos atrapalharam a terminação dos animais, trazendo-os mais cedo para o cocho, o que nos auxiliou com a produção de arrobas em confinamento.



Com relação ao número de animais em confinamento, foi mais restrito. Foi complicado ter o boi devido ao fator climático - que também foi um dos quesitos que ajudaram na valorização da arroba.


Também foi um ano muito bom para o confinamento com relação à compra de matéria-prima. Conseguimos trabalhar com custo de milho, energético e proteico que não trabalhávamos há anos. Assim, devido ao custo de uma arroba produzida dentro do confinamento no melhor preço, conseguimos até mesmo pagar um pouco mais pelos animais que entraram mais caros no cocho.


Uma das estratégias que moldamos na CMA foi que, devido ao menor número de animais e um custo maior de entrada do boi magro, mudamos um pouco nosso formato de cálculo. Ao invés de analisarmos o número de animais engordados em confinamento, passamos para a métrica de número de arrobas produzidas em confinamento. Hoje nossa métrica está cada levando em conta cada vez mais o número de arrobas produzidas em cocho e não mais o número de animais engordados em cocho. Às vezes, podemos ter um número mais restrito de animais em confinamento, porém animais mais leves e jovens entrando para serem engordados - estendendo período de cocho, devido aos custos de ingredientes/matéria-prima mais acessíveis, e propiciando uma maior produção de arrobas em confinamento.


Scot Consultoria - E para este ano, quais as expectativas? Haverá crescimento no número de animais confinados?


André Perrone - Para mim, o ano de 2015 ainda está bastante obscuro. Acredito que o preço do boi é firme, salvo nossa condição político-econômica, nossa demanda interna. Teremos que acompanhar a questão da demanda interna para carne e a questão politico-cambial também, visto que os países que compram a maior parte da nossa carne são os que também trabalham com o petróleo, como, por exemplo, alguns países da Ásia e a Rússia, que estão num poder aquisitivo menor. Acredito que teremos um ano mais difícil, um pouco mais duro e travado para o mercado do boi, que é o que ainda está melhor diante de nossa situação econômica.


Além disso, outros fatores que também colaboram para um ano mais difícil são a alta da matéria-prima (milho num patamar mais alto, soja também - provavelmente, fonte proteica e energética a níveis mais elevados); o aumento do custo operacional (eletricidade, mão-de-obra e combustível), expressivamente mais alto do que os anos anteriores e a escassez do boi magro, que está uma matéria-prima cada vez mais difícil de ser encontrada.


Nos últimos cinco, seis anos, o confinamento teve um aumento significativo de tecnologia e de desempenho, o que hoje nos faz focar para o custo de produção interno, dentro da propriedade, tentando mitigar os riscos do negócio, buscando a melhor rentabilidade possível.


Scot Consultoria - E para o boitel, este ano será favorável? Qual o tipo de parceria mais comum atualmente na CMA?


André Perrone - No CMA não praticamos o formato boitel. Trabalhamos, na maioria, com formatos de parcerias. Temos um modelo que é o de arroba produzida, ou seja, o pagamento de diária é por empreita, o pecuarista só paga pelo ganho, o que o animal dele ganha é o que ele tem a acertar.


Para o pecuarista, principalmente diante de um ano mais travado, mais difícil - ou seja, custo da matéria-prima elevado versus um produto final acabado - a opção para uma prestação de serviço, uma terceirização, como o boitel ou uma parceria, é muito mais confortável, porque ele consegue passar o risco (que poderia ter dentro da própria casa, realizando toda a operação) a um terceiro. Diante de um ano tão complicado, trabalhar num formato de parceria é muito mais seguro. O pecuarista terá certeza do quanto custará a produção para ele, minimizando ainda mais os riscos.


Sessenta por cento do nosso negócio é feito por parceria padrão, em que o pecuarista nos fornece o animal e ganha na valorização das arrobas entregues ao confinamento. Trinta por cento nós fazemos no formato de arroba produzida, onde o pecuarista paga pela engorda. Nesse formato, o produtor conta com um preço fixo e, além disso, ele já sabe do custo de produção desde o início. Uma vez acordado que o custo de produção será R$120 a arroba produzida, então ele sabe que o seu custo será esse e não terá surpresas quanto à expectativa - enquanto no formato de pagamento de diária, como o boitel, ele pode ser surpreendido, porque numa oscilação dos preços dos ingredientes (matéria-prima) o custo da diária também pode oscilar. Os outros 10% são no formato de partir lucro, uma parceria nova onde recebemos o animal e esse é precificado logo na entrada, em seguida o confinamento coloca toda a gestão e dividimos o lucro lá na frente.


Scot Consultoria - Até que ponto a dificuldade em comprar boi magro irá atrapalhar o confinamento em 2015? Que soluções a CMA vêm buscando para isso?


André Perrone - A solução é buscar parcerias, estar mais próximo do pecuarista. Temos que entender qual é a sua necessidade e tentar auxiliá-lo para que ele seja mais eficiente a pasto e produza mais arrobas no período das águas, num formato mais eficiente e, depois, investir na terminação em confinamento. Assim, o produtor fechará melhor o ciclo, irá conseguir ganhar de 12 a 18 meses e encurtar a terminação do animal. Muitas vezes ainda encontramos pecuaristas tradicionalistas, que persistem em terminar o animal a pasto. Quando a gente traz esse pecuarista, conversa com ele, entende sua situação e ele começa a enxergar de forma diferente o quanto ele está perdendo para terminar, porque a arroba gorda para a terminação de um animal é muito mais caro, ele é menos eficiente a pasto do que quando comparado ao formato de confinamento. Ou seja, o pecuarista se torna muito mais eficiente, ele tem uma rotatividade muito maior, ele consegue ter um giro muito maior de animal, fazendo a cria, a recria desse animal e partindo pra um formato de terminação em confinamento.



Scot Consultoria - Nos últimos anos, a Scot Consultoria realizou o dia de campo do Encontro de Confinamento no Confinamento Monte Alegre. Sob o ponto de vista da propriedade, qual a importância destes eventos?


André Perrone - Para nós é um prazer muito grande poder ter essa parceria com a Scot, que tem um nome que traduz em transparência, honestidade, credibilidade, arrojo e informações confiáveis. É um prazer muito grande poder recebê-los aqui em casa.



Para nós também é um prazer muito grande poder abrir as portas aos pecuaristas, para compartilhar experiências e tudo o que fazemos no decorrer do ano, o que buscamos inovações, de novas tecnologias e implementações, buscando cada vez mais uma pecuária mais eficiente e rentável.


A interação é muito importante, o setor precisa estar mais unido, compartilhar os nossos maiores desafios, é algo extremamente valioso.


O dia de campo do Encontro de Recriadores e de Confinamento da Scot Consultoria acontecerá no Confinamento Monte Alegre - três vezes vencedor do prêmio Nelson Pineda, excelência em confinamento. Os encontros acontecem de 14 a 17 de abril. Saiba mais: www.encontroconfinamento.com.br ou 17 3343 5111.



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