A Scot Consultoria calcula anualmente as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital, referentes ao ano que passou.
Para este cálculo são utilizados modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico.
Neste sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos.
Os números mostram que, para todas as atividades agropecuárias, 2023 foi um ano pior que 2022.
No caso da pecuária leiteira com alta tecnologia (25 mil litros/hectare/ano) apesar da redução na rentabilidade em relação ao ano anterior, está ainda foi positiva, passando de 8,52% em 2022 para 5,96% em 2023.
Para os sistemas com produtividade média de 4,5 mil litros por hectare por ano (baixa tecnologia) a rentabilidade ficou negativa em 13,87%, sendo a pior entre todas as analisadas.
Veja na tabela 1 as rentabilidades agropecuárias nos dois últimos anos.
Tabela 1. Rentabilidades agropecuárias em 2022 e 2023.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Mesmo com a redução nos custos de produção ao longo do ano, a queda nos preços do leite ao produtor, em função principalmente do aumento na disponibilidade interna em função da importação, pesou no resultado.
Para uma comparação, o preço do leite ao produtor caiu 12,5% ao longo do ano, enquanto os custos caíram 7,0% na mesma comparação.
Com isso, a margem foi se estreitando, principalmente no segundo semestre, em função da queda no preço do leite.
Para a pecuária leiteira de baixa tecnologia, 2023 foi o décimo segundo ano consecutivo de rentabilidade negativa. Produtores menores tendem a receber menos por produzirem em menor escala e apresentarem custos mais elevados, quando comparados a grandes produtores.
A diferença entre os resultados para as atividades de baixa e alta tecnologias reforça a necessidade de melhorias dos indicadores zootécnicos através do uso de tecnologia, planejamento e estratégias de compra de insumos.
Figura 1. Evolução das rentabilidades médias da atividade leiteria de alta e baixa tecnologia, em porcentagem.
Fonte: BC / FGV / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Para este ano, as expectativas são positivas com relação a melhoria da demanda interna, o mercado espera mais um ano de crescimento econômico, porém em menor ritmo quando comparado a anos anteriores. Outro ponto positivo para incremento no consumo são os preços nas gôndolas menores que em anos anteriores. Em média, os preços dos lácteos no varejo de São Paulo, em janeiro de 2024 estão 6,9% menores que em 2023.
Além disso, são esperadas valorizações no preço do leite ao produtor no primeiro semestre (entressafra), em função do mercado mais ajustado em termos de oferta e demanda, que inclusive deu sustentação ao mercado no final de 2023 e início deste ano, meses normalmente de queda nas cotações do leite ao produtor e derivados lácteos. Depois de seis meses consecutivos de quedas, o preço ao produtor subiu no pagamento de dezembro, referente ao leite entregue em novembro.
No mercado internacional, a recuperação nos preços, que está acontecendo desde agosto de 2023, deverá continuar. Com isso, para o Brasil, os preços internacionais maiores reduzem a competitividade do leite importado. Medidas de fiscalização quanto aos produtos importados e redução de renúncia fiscal para laticínios que importem produtos lácteos, implementadas pelo governo federal, anunciam um novo cenário para este ano.
Para os custos de produção, a perspectiva é de que as despesas com alimentação animal aumentem este ano. A expectativa é de que a produção brasileira seja menor que no ciclo anterior.
De modo geral, a rentabilidade da atividade leiteira deve melhorar este ano.
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