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Scot Consultoria

Carta Gestor - Nutrição de precisão para aves e suínos


Quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021 - 18h00


Introdução

Exigência nutricional é definida como a quantidade diária de um nutriente que o animal precisa ingerir para resultar em uma produção animal satisfatória. Atender corretamente às exigências nutricionais é desafiador, uma vez que vários fatores como idade, raça, categoria, condição sexual, fatores ambientais e sanitários, além de outros, influenciam nas exigências.


Se por um lado a deficiência de nutrientes se reflete em perdas do desempenho animal, o excesso leva ao aumento de custo de produção e diminuição do lucro da atividade, além do aumento da excreção de elementos poluidores.


O nitrogênio (N) e o fósforo (P) são os principais componentes poluidores excretados por meio de fezes e urina, caso que é agravado quando há um excesso de ingestão desses elementos. Quando excretados na natureza, o N e o P podem ser a causa de contaminação de solo e água.


O conceito de nutrição de precisão (NP) consiste no uso de técnicas e tecnologias que possibilitam o fornecimento da quantidade e composição nutricional adequadas dos alimentos para cada suíno presente em uma população.


Premissas da nutrição de precisão

Para se atender corretamente às exigências nutricionais, devemos ter informações a respeito dos teores nutricionais dos ingredientes, realizar formulações de rações balanceadas, considerando as diferenças individuais.


Em relação à nutrição de aves e suínos, nutricionistas optam pelo livro “tabelas brasileiras para aves e suínos” (Rostagno et al., 2017) para obter informações a respeito das composições de alimentos e exigências nutricionais.


Também é possível a realização de análises bromatológicas para a determinação precisa dos alimentos, apesar do aumento do custo de produção. Vale ressaltar que há ingredientes que apresentam grandes variações nos teores nutricionais. Quanto às exigências nutricionais de cada espécie e linhagem, há manuais de linhagens específicas que são divulgadas pelas empresas de genética e institutos de pesquisa (Cobb, 2018; Embrapa, 2003).


Com essas informações é viável a obtenção de dietas balanceadas através de softwares de formulação de ração, ajustando-se a exigência individual de cada animal.


Atualmente, há a possibilidade da integração entre balanças automáticas que reconhecem os animais com dispositivos eletrônicos e alimentadores automáticos, que misturam diferentes rações para atender adequadamente às necessidades especificamente para aquele animal, como é o caso do Automated Intelligent Precision Feeder System desenvolvido para suínos.


Figura 1.
Esquematização dos processos da nutrição de precisão de acordo com o Automated Intelligent Precision Feeder System.
Fonte: Adaptado de Pomar e Remus (2019).


A figura 2 ilustra o funcionamento dos equipamentos que contribuem para uma nutrição precisa para suínos.


Figura 2.
Ilustração do Automated Intelligent Precision Feeder System para suínos em crescimento.

Fonte: Pomar e Remus (2019).


Ganhos com a nutrição de precisão

Uma alternativa para atender precisamente às exigências nutricionais seria aumentar o número de fases de alimentação, o qual se refere ao número de rações utilizadas ao longo da vida do animal.


Com relação ao número de fases de alimentação para suínos, é tomado como base seus diferentes estágios produtivos, sendo: gestação, lactação, leitões do nascimento ao desmame (leite), leitões pós-desmame (fase de transição de leite para ração), crescimento (dos 25 aos 60 kg) e terminação.


Por outro lado, em relação aos frangos, é comum variar de 3 a 5 fases de alimentação ao longo de sua criação.


Na figura 3, é exemplificado como o maior número de fases pode contribuir em uma maior precisão em relação ao atendimento das exigências nutricionais, representada pela linha azul.


Figura 3.
Atendimento das exigências nutricionais de acordo com o número de fases de alimentação.
Elaboração: Scot Consultoria


Estima-se que para suínos em crescimento a nutrição de precisão possa resultar na redução de até 8,0% dos custos ligados à alimentação, além da queda de 40% da excreção de N e P, e 6% de emissão de gases de efeito estufa (Pomar et al., 2019). 


Para frangos de corte, Bueno (2014), analisando as diferenças de um programa alimentar composto por 4 e 14 fases de alimentação, determinou um aumento no sistema multifásico (14 fases) de 2% para ganho de peso, 3% para rendimento de peito, além do aumento de 3% em sua lucratividade. 


Consideração final 

A nutrição de precisão que, inicialmente, foi empregada para as lavouras, tem ganhado espaço na produção de proteína animal. Com o avanço do conhecimento da nutrição animal, associada ao uso de técnicas e tecnologias, é possível aumentar a precisão da oferta de nutrientes que o animal necessita, produzindo mais e desperdiçando menos.


Bibliografia


Bueno, C. F. D. Comparação de programas de alimentação para frangos de corte: 4 e 14 fases. 2014. 


Cobb Vantress, 2018. Disponível em: https://www.cobb-vantress.com/assets/Cobb-Files/99b0cf062c/61bd2490-56d1-11e9-bfbd-7963ec6b06e5.pdf. Acesso em: 22 de fevereiro de 2021. 


Embrapa, 2003. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/SP/suinos/nutricao.html. Acesso em: 22 de fevereiro de 2021. 


Pomar, C.; Remus, A. Precision pig feeding: a breakthrough toward sustainability. Animal Frontiers, v.9, n.2, p.52-59, 2019. 


Rostagno, H. S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos. Composição de alimentos e exigências nutricionais, v. 2, p. 186, 2011.



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