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Scot Consultoria

Carta Insumos - Crise do petróleo e seus efeitos na produção de alimentos


Quarta-feira, 22 de abril de 2020 - 17h10


Em menos de três meses, todas as estimativas/projeções feitas para 2020 tiveram de ser reconsideradas.


Ainda que nos últimos cinco anos o Brasil tenha passado por uma grave recessão econômica, greve dos caminhoneiros e escândalos envolvendo grandes empresas do setor pecuário (operação Carne Fraca, por exemplo), esses desafios não se comparam ao que temos enfrentado esse ano.


A pandemia de coronavírus e a crise do petróleo, juntas, estão impactando diretamente o setor agropecuário.


Em um primeiro momento o covid-19 diminuiu a demanda por petróleo, tendo em vista a restrição da circulação de veículos, restrita às atividades essenciais. Com isso, os principais produtores de petróleo do mundo se reuniram para traçar as estratégias para diminuírem o impacto da pandemia.


Entretanto, o que se viu foi uma desarticulação dos membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), principalmente entre a Arábia Saudita e a Rússia.


O impasse surgiu quando os sauditas sugeriram diminuir a produção para conter a queda de preço do petróleo, mas a Rússia discordou da estratégia, dando início à crise, o que resultou em forte queda da cotação do barril em março (figura 1).


Após a desvalorização intensa registrada em março (figura 1), produtores do petróleo chegaram a um acordo na primeira quinzena de abril, para um corte na produção de 9,7 milhões de barris por dia, que deve ocorrer em maio e junho.


Figura 1.
Preço, em dólares, do barril do petróleo.Fonte: Broadcast / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


O acordo, que visava estabilizar os preços do petróleo, no entanto, foi considerado insuficiente pelo mercado, o que manteve o preço do petróleo em baixa.


Ou seja, é de se esperar que os produtores revejam o tamanho do corte da produção, a fim de conter a desvalorização. Portanto, pode haver mudanças nas estratégias em curto prazo.


A relação entre petróleo e agropecuária

Tratores agrícolas consomem, em média, de 15 a 20 litros de óleo diesel por hora (dependendo do maquinário).


A queda de preço do petróleo tem impactado nas bolsas mundiais, mas o pecuarista ganhou poder de compra em relação ao combustível.


Em março de 2019, uma arroba de boi gordo comprava 45,69 litros de óleo diesel. Em março desse ano (mês em que os preços do petróleo afundaram), uma arroba de boi gordo, comprava 58,13 litros do combustível (figura 2). A relação de troca melhorou 26,6%. 


Na comparação ano a ano, em abril, houve aumento do poder de compra de 34,4%.


Figura 2.
Preço do óleo diesel em R$/litro (eixo da direita) e relação de troca entre arroba de boi gordo e o combustível (eixo da esquerda).Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 


A queda de preço do petróleo e do óleo diesel e, a alta de preço do boi gordo, sobretudo no último bimestre de 2019, explicam a elevação do poder de compra. 


Final 

O preço do petróleo impacta no preço do diesel, portanto, é importante ficar atento também a este mercado. 


Vale ressaltar que o óleo diesel compõe uma parte mínima do custo de produção da agropecuária. Entretanto, dentre tantos desafios, a baixa de preço do combustível é uma boa notícia para o produtor rural.



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