• Quinta-feira, 18 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Carta Boi - Impactos do transporte rodoviário nos bovinos


Quarta-feira, 10 de julho de 2019 - 18h30


Introdução


Na produção de carne bovina, um assunto bastante discutido é o impacto do transporte sobre o peso dos bovinos, da fazenda ao frigorífico.


O transporte rodoviário de bovinos é o mais adotado no Brasil e, por vezes, pode resultar em perdas econômicas, tanto para os frigoríficos quanto para os pecuaristas.


Consequências de um transporte mal realizado


No transporte rodoviário, a densidade da carga (quantidade de cabeças que serão transportadas por caminhão), varia de acordo com o peso e categoria do animal.


A capacidade de transporte pode ser classificada em três densidades, sendo elas: alta (600 kg/m²), média (400 kg/m²) e baixa (200 kg/m²).


Cargas com densidades inadequadas (tanto baixa quanto alta) podem resultar em contusões, quedas e estresse, o que reduz a qualidade da carne.


No Brasil, a densidade de carga adotada, normalmente, varia de 390 kg/m² a 410 kg/m².


- Fator humano


Um ponto de atenção e que pode provocar a perda de peso dos bovinos durante o transporte são problemas mecânicos no caminhão e a experiência do motorista.


Isso ocorre devido ao transporte menos estável, com curvas abruptas, mudanças de marchas com solavancos, no caso de motoristas com menos tempo de estrada.


Boas práticas no transporte de bovinos


O planejamento do transporte é o ponto chave para a redução da perda de peso dos bovinos e da qualidade da carne.


Caso o produtor embarque animais provenientes de lotes diferentes da fazenda, por exemplo, a falta de hierarquia dos bovinos do lote aumenta o estresse durante a viagem, resultando em maior número de contusões, o que afetará a qualidade da carne e é claro perdas na limpeza da carcaça.


Os mesmos problemas acontecem quando o produtor mistura lotes de machos e fêmeas no caminhão.


Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que durante o transporte rodoviário os bovinos podem perder cerca de 1% do peso por hora durante as primeiras três a quatro horas de viagem e 0,25% do peso por hora nas próximas oito a dez horas.


Um estudo realizado no Chile, por sua vez, apontou as diferenças entre um transporte de 36 horas realizado com e sem descanso.


No primeiro caso, os bovinos viajaram 24 horas, descansaram oito horas e depois viajaram por mais 12 horas. A perda foi de 10,6% do peso.


Na segunda situação, a viajem foi sem descanso e a perda foi de 9,6% do peso. Vale destacar que apesar da perda de peso ter sido menor, houve mais registros de lesões e a qualidade da carne foi menor em relação a viagem com descanso.


No Brasil, devido a condições ambientais desafiadoras de transporte, as perdas de peso estão estimadas entre 8% a 10% em viagens acima de 8 horas.


Em casos extremos, onde o animal é submetido a um período longo de jejum associado a um transporte inadequado, pode haver redução do rendimento da carcaça. Neste caso, há uma perda econômica direta, principalmente para o pecuarista.


Manejo pré-embarque e rendimento de carcaça


Um ponto importante e que vale destacar é o rendimento da carcaça e o peso do animal antes do embarque.


A diferença no manejo pré-embarque, ou seja, se o animal é submetido a jejum ou não antes de ser transportado, afeta o peso e o posterior rendimento da carcaça.


O indicado é que, quando se trata de um transporte por longas distâncias (acima de 600 km, por exemplo), e há incerteza de quantas horas os animais ficarão na estrada, não se deve submeter o animal a jejum antes do embarque. Manter os animais bem alimentados pode ser tratado como uma precaução para reduzir as perdas de peso e desidratação dos bovinos.


Importante salientar que comparações de rendimento de carcaça entre bovinos devem considerar apenas aqueles que tiveram o mesmo tipo de manejo pré-embarque (com ou sem jejum).


Conclusão


Em resumo, o transporte inadequado de bovinos resulta em lesões/contusões, implicando em perda de qualidade, tempo de prateleira da carne bovina e de peso na toalete para descartar as lesões da carcaça.


Fontes:


· Paranhos Da Costa, M.J.R.; Rezende Franco, M. Caracterização do transporte rodoviário de bovinos de corte e efeitos no bem-estar animal e na qualidade das carcaças. 2013.


· https://www.researchgate.net/publication/225186636_Factors_affecting_body_weight_loss_during_commercial_long_haul_transport_of_cattle_in_North_America


· https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0301-732X2001000100005


· https://wp.ufpel.edu.br/gecapec/files/2014/09/Fatores-pr%C3%A9-abate-relacionados-%C3%A0s-contus%C3%B5es-em-carca%C3%A7as-bovinas.pdf


· Diniz, P.P.; Silva, B.L.; Pereira, V.V.; Grande, P.A. Efeitos do transporte no bem-estar e qualidade da carne de bovinos. 2011.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja