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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - Planejando o futuro, considerando o passado


Quarta-feira, 29 de novembro de 2017 - 17h00

 


É hora de fazer um balanço de como foi o ano e quais as expectativas para 2018.


Em novembro realizamos o Encontro de Analistas da Scot Consultoria, e em um dos blocos discutiu-se o mercado do boi gordo em 2017 e o que esperar para 2018.


Ciclo pecuário


Em períodos de preços do boi gordo e reposição em queda abate-se maior número de fêmeas no intuito de gerar caixa, porque a cria não está atraente. Já no período de preços altos,


 é menor a participação de fêmeas nos abates, pois a produção de bezerros está interessante (figura 1).


A variação na produção de bezerros, afetará a oferta nos anos seguintes, tanto de bovinos para reposição do rebanho, como de bovinos terminados. Com a menor oferta, o preço reage.



Situação do ciclo


Após três anos (2014, 2015 e 2016) de menor participação de fêmeas no abate, 2017 foi marcado pelo aumento da quantidade de matrizes abatidas (figura 1).


Até junho, a participação de fêmeas no abate de bovinos foi de 43,9%, alta de 3,9 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2016 (IBGE).


Esse cenário caracteriza o período de baixa do ciclo pecuário de preços.


Em 2017, o cenário foi de maior oferta de bovinos terminados diante da demanda, o que contribuiu para a queda de preços no mercado do boi gordo.


Até o fechamento desta análise, em 29/11, em São Paulo, a arroba do boi gordo estava cotada em média, em R$144,50, a prazo, livre de Funrural. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve queda real de 4,2%, considerando o preço deflacionado pelo IGP-DI(figura 2). 



A praça pecuária de São Paulo foi usada como referência, mas o cenário foi semelhante em todas as demais praças pesquisadas pela Scot Consultoria. No Sul da Bahia e no Noroeste do Paraná a queda no mesmo período foi de 7,9% e 9,1%, respectivamente.


 A expectativa já era de que seria um ano desafiador, e além disso, 2017 foi marcado por acontecimentos inesperados e impactantes, exógenos ao mercado, que provocaram quedas ainda maiores para arroba.


Em março (17/3/2017), foi deflagrada a operação Carne Fraca, mas os acontecimentos não pararam por aí, no dia 30 do mesmo mês, o Supremo Tribunal Federal (STF), declarou constitucional a cobrança do Funrural e o desconto de 2,3% de cada arroba negociada.


De março a abril a cotação da arroba do boi gordo caiu 4,7%, em São Paulo, por exemplo.


Por fim, após dois meses (17/4/2017) aconteceu a delação premiada dos donos e executivos da JBS. 


Reposição


Para o mercado de reposição, o cenário também foi de preços em queda. 


A fêmea que deixou de ser abatida em 2015, produziu o bezerro disponível no mercado em 2017, o que resultou em melhora na oferta desta categoria.


Além disso, com a queda no mercado do boi gordo, ocorreu uma diminuição na procura pelas categorias de reposição, outro fator que colaborou com as desvalorizações.


Em novembro, em São Paulo, o bezerro (7,5@) esteve cotado, em média, em R$1,26 mil, queda de 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado, considerando o preço deflacionado pelo IGP-DI.


Expectativa


Analisando o mercado futuro, observamos que o cenário está otimista para o próximo ano.


Na B3 até o dia 28 de novembro, o contrato futuro do boi gordo para janeiro estava em R$148,50 e para maio R$146,95, à vista, ou seja, queda 1% entre os dois contratos. 


Em maio, a expectativa é de que estaremos no final da safra, com maior oferta de boiadas e consequentemente menores preços para a arroba. Com queda em menor intensidade desses contratos, quem travar preço na bolsa, tem chance de aproveitar o ganho produtivo ascendente das pastagens entre janeiro e maio (período de pico de produção das pastagens) e vender com um deságio relativamente aceitável. 


Está perspectiva é válida para quem utiliza as ferramentas da bolsa para proteger ou travar margem, do contrário nada disso é válido, já que estamos falando de contratos futuro. E é bom dizer que sem conhecer o custo de produção essa ferramenta de gestão de risco não faz sentido.


Em 2018 será ano eleitoral, quando normalmente aumenta o consumo, o que pode colaborar com a demanda por carne bovina.


Para o mercado de reposição, a expectativa é de oferta confortável, o que poderá pressionar as cotações. 


A recomendação é sair do risco de mercado. Lembre-se, até dia 16 de março deste ano o mercado também estava calmo.



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