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Scot Consultoria

Carta Boi - Os desafios de 2017 na pecuária


Sexta-feira, 9 de junho de 2017 - 10h00


Este tem sido um ano de dor de cabeça para o pecuarista. 


Em analogia, pode-se dizer que o produtor vive uma trilogia de dramas, que começou com a operação Carne Fraca, passou pelo retorno do Funrural e chegou até as delações dos irmãos Batista, donos do JBS. 


Diante deste roteiro, o mercado está desafiador e mudanças aconteceram. 


Os impactos em números


De março para cá, especificamente do dia 17 de março, data da deflagração da operação Carne Fraca, a cotação da arroba do boi gordo caiu em todo o Brasil. 


Também, tem-se que considerar os efeitos do final de safra, sazonalmente comum nesta época do ano e também a demanda pela carne, que não vem bem desde o ano passado, devido à crise econômica que o país atravessa. 


Os números mostram um forte impacto no mercado do boi gordo. 


Do dia 16 de março (dia anterior à operação Carne Fraca) até o dia 1 de junho, na média geral das 32 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, a queda da cotação da arroba do boi gordo foi de 6,3%. E em alguns casos ultrapassou os 10,0% de queda, como em Dourados - MS cuja retração foi de 10,5%.


Na tabela 1 apresentamos a simulação de venda de um rebanho de mil cabeças de boi gordo (18@) negociadas no dia 16/3 e no dia 1/6, nas praças de Dourados -MS, Araçatuba-SP e Goiânia-GO. Veja os resultados:



Note que em Dourados-MS a diferença da receita entre as operações chega a ser R$252 mil para o lote de mil animais, a desvalorização da arroba neste período foi a maior dentre todas as praças.


Diante desta queda, o mercado de reposição, também sentiu o baque. 


Em função do futuro incerto, pecuaristas deixaram de investir em reposição e as cotações também estão em queda. 


Desde o dia 16 de março até o começo de junho, em média, considerando todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria, a cotação do bezerro desmamado com seis arrobas, caiu 2,7%. 


Com a desvalorização da reposição menos intensa em relação à desvalorização da arroba do boi, a relação de troca piorou para o invernista. E o poder de compra do pecuarista diminuiu.


Com a venda de um rebanho de mil bovinos e com a receita destinada à compra de bezerros, veja a diferença da quantidade de bezerros desmamados com seis arrobas, comprados nos dois períodos.



Em Goiás o pecuarista deixou de comprar o equivalente a três carretas de bezerros com a diferença de receita na operação de venda entre os dias 16 de março e 1 de junho.


Com certeza esses números vão tirar o sono de muita gente, porém, já ficaram no passado e não há como voltar atrás. Que fique a lição de trabalhar com seguros, ao menos para parte da boiada.


Porém, vale ressaltar que dois fatores podem pressionar as cotações da reposição e aliviar um pouco a situação do recriador.  


O primeiro é o atual cenário do boi gordo, que diminuiu o poder de compra do recriador, e consequentemente da demanda. Isto pode fazer os preços da reposição recuarem ainda mais. 


O outro é que com a maior retenção de fêmeas em 2015, espera-se uma oferta crescente de bovinos para reposição.


Conclusões


O quadro pecuário piorou em função de acontecimentos alheios aos fundamentos de mercado, vindo a contribuir para a depressão da cotação da arroba do boi gordo, num período onde isso aconteceria naturalmente em função da transição entre chuva e seca. 


O prejuízo advindo desse cenário, resultou em perdas com a venda de rebanhos terminados e do abalo do poder de compra, que com a venda de boiadas compra menos do que comprava em meados de março.



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