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Scot Consultoria

Carta Insumos - Retenção da boiada, maior uso de insumos e venda em preços menores em 2017


Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017 - 15h32

 


A arroba do boi gordo, no Centro-Sul do país, caiu em média 4,2% em 2017. Em Goiânia a desvalorização chegou a 7,25% até o final da segunda quinzena de fevereiro. O cenário “motiva” o pecuarista a criar as mais diversas alternativas para melhorar o resultado da operação.


E o que mais se vê nestes momentos é sugestão de estratégias mirabolantes para mudar a dinâmica do mercado, alterar, “na marra”, os rumos dos fundamentos. Aconselhamentos para que “todos” segurem a boiada no pasto, a fim de fazer a indústria sentir a falta de matéria-prima, esperando que com isso o mercado suba, escuta-se aos montes.


Mas, atenção. O mercado é mais forte. Sempre será. Existem centenas de frigoríficos, centenas de milhares de fazendas produzindo boi, milhões de consumidores de carne bovina e tudo isso envolto em um ambiente macroeconômico que possui mais uma centena de variáveis. É este o tamanho do mercado. Não parece fácil “controlar” isso tudo.


E, além de toda a ineficiência da tentativa de manipular o mercado, qualquer ação no sentido de alongar o tempo do bovino na fazenda, gera custos adicionais, mais gastos com insumos e, portanto, mais riscos.


Mais tempo na fazenda, maior uso de insumos


Vamos exemplificar como isso pode influenciar o resultado da operação utilizando números reais de 2017. Para tal, consideraremos um bovino recriado a pasto, com suplementação mineral nas águas e suplementação mineral proteica na seca, tendo atingido em janeiro de 2017 peso de 17,8 arrobas de carcaça, a custo total R$2,25 mil/cabeça (compra do bezerro, insumos e arrendamento), o equivalente a R$126,88/@, se o rendimento for de 53,0%.


O desembolso mensal até este momento, considerando compra de suplementos, produtos para sanidade e arrendamento, ficou em R$43,31. O ganho de peso médio foi de 410 gramas por dia. A recria foi de 22 meses e o preço de compra do bezerro foi de R$1,3 mil. 


Se a venda para abate fosse realizada em janeiro, no preço médio de São Paulo para aquele mês, R$148,74 à vista, sobraria R$388,10 por boi. 



Agora, quem segurou este bovino acreditando que poderia “colocar o mercado no rumo”, não fez um bom negócio. O mercado, como era de se esperar, não subiu. Já o custo, este sim subiu. 


Para chegar a essa conclusão, vamos considerar que este animal, no final de fevereiro, terá 18,3 arrobas, adicionará mais R$40,55 de custos com insumos (com arrendamento e suplemento mineral na nutrição, já que estamos na safra de capim), e que o preço de venda será a média obtida até o dia 20 do mês, que foi de R$146,50. Existe a possibilidade deste preço cair ainda mais, já que o consumo dificilmente irá melhorar e isso é que tem ditado os rumos do mercado do boi gordo.


O resultado é um lucro de R$385,42/animal. Ou seja, depois um mês, o lucro foi menor. 


Contabilmente, agregou mais um mês de saída de caixa (gastando com insumos) para ter quase o mesmo lucro. E isso significa que o retorno sobre o investimento foi pior do que se vendesse 30 dias antes. 



Se considerarmos ainda que em boa parte do país faltou chuva em janeiro e que a suplementação mineral muitas vezes não era suficiente para manter o animal ganhando peso, sendo necessário o uso de proteinado, o que elevou ainda mais o custo, a conta certamente ficará pior.


A conclusão disto tudo é que sempre que manter um bovino na fazenda, o uso de insumos também crescerá. Em um ano como o de 2017, em que não há perspectiva de reversão da pressão baixista no curto prazo, é assumir um risco desnecessário. Portanto, a liquidação dos bovinos prontos para abate, é uma boa estratégia diante desse cenário.



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