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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - Diferencial macho-fêmea e a valorização da vaca no Brasil


Segunda-feira, 30 de janeiro de 2017 - 16h10


Analisando dados de longo prazo, visualizamos tendências que o acompanhamento rotineiro do mercado não revela.


Um bom exemplo disso é a comparação dos preços do boi gordo e da vaca gorda sob uma visão dilatada de tempo.


Para tanto, podemos fazer uso do indicador conhecido como “diferencial macho-fêmea”. Tal indicador aponta o deságio da vaca em relação ao boi, em porcentagem.


Compilando os dados e calculando este indicador para os últimos vinte anos em São Paulo, temos o resultado exposto na figura 1.


Figura 1.
Evolução do diferencial macho-fêmea em São Paulo.


Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Ao analisarmos a figura 1, podemos concluir que, nos últimos vinte anos, houve um processo de apreciação das fêmeas em relação aos machos.


A vaca gorda, que tinha um preço aproximadamente 21,0% menor que o do boi gordo em 1996, atualmente apresenta um deságio de 5,0%.


Hipóteses


Diante de tal comportamento, avaliamos as hipóteses possíveis causadoras desse fenômeno.


Uma primeira hipótese é a de que o redirecionamento da atividade de cria de São Paulo para outros estados pudesse ter reduzido a disponibilidade de fêmeas, levando a esta valorização no estado.


Contudo, um exercício em outros estados mais expressivos na cria, como Tocantins e Pará, descarta esta ideia. O comportamento deste indicador nestes estados é exatamente o mesmo, com uma clara tendência de valorização histórica das fêmeas. Assim, algo estrutural explica este movimento.


Nossa interpretação é de que a melhoria da qualidade das fêmeas destinadas ao abate é o fator determinante desta evolução. 


O avanço dos pacotes tecnológicos destinados à engorda e terminação de bovinos (incluindo as fêmeas) gerou maior atratividade da engorda de fêmeas, bem como melhor acabamento e qualidade final das carcaças de novilhas e vacas.


Assim, uma carcaça de melhor qualidade possibilita reduzir o diferencial entre os preços de machos e fêmeas, mesmo diante do maior custo fixo presente no abate de fêmeas, que são mais leves que os machos (menor diluição de custos fixos e custos variáveis indiretos envolvidos no transporte, abate e processamento industrial).


Para 2017


Uma das utilidades da análise de séries temporais é estimar o comportamento futuro de uma variável. Neste sentido, o gráfico apresentado nos dá uma importante informação, mas através de outra avaliação: o comportamento cíclico.


Apresentamos novamente o gráfico do diferencial, mas dessa vez marcando comportamentos cíclicos, e evidenciando que, apesar da clara tendência de valorização das fêmeas frente aos machos, a série respeita o comportamento do ciclo pecuário, com suas fases de alta e baixa. Figura 2.


Figura 2.
Análise do comportamento cíclico do diferencial macho-fêmea em São Paulo.Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


Com ajuda das marcações contidas na figura 2, conclui-se que nas fases de alta do ciclo pecuário (setas em azul) a vaca se valoriza mais que os machos. Na fase de baixa (setas em vermelho), o inverso ocorre.


Assim, para 2017, caso a fase de baixa do ciclo pecuário realmente se confirme (queda dos preços reais), com base na análise histórica e gráfica do indicador em questão, deveremos presenciar o início de um “alargamento” do diferencial macho-fêmea, tendência que deve durar, entre altas e baixas, alguns anos.


Portanto, nossa recomendação é que avalie em que medida o seu sistema depende ou é influenciado pelos preços das fêmeas e se acompanhe este possível comportamento de mercado.



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