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Carta Insumos - A decisão de vender ou de reter a boiada na boca da seca deve ser pautada pelo resultado e não pela intuição


Segunda-feira, 23 de maio de 2016 - 15h30


A alta de preços da arroba do boi gordo no primeiro trimestre, que muita gente não esperava, e a tentativa das indústrias frigoríficas de reduzir os preços “na marra”, no começo de março, com ofertas até R$10,00/@ abaixo da referência, e que não perdurou, deram confiança para que boiadas fossem retidas no pasto no começo da seca, mesmo com a tradicional desvalorização de maio. 


E assim foi. A queda de preços nesse período de transição entre safra e entressafra não durou mais do que duas ou três semanas. Na segunda metade de maio os negócios acima da referência voltaram a acontecer e gradativamente foram se tornando comuns.


Boa estratégia. Mas cuidado. Isso não pode ser feito pensando somente naquele R$1,00 a mais por arroba. Manter o boi no pasto na seca é coisa séria. Há custo envolvido nisso e, muitas vezes, R$1,00/@ a mais não é suficiente para pagar a conta da retenção.


Vamos às simulações que deveriam ser feitas antes da decisão. 


Para isso, consideraremos que o bezerro de 210 quilos tenha sido comprado em junho de 2014 por R$1,0 mil/cabeça em São Paulo. Em abril de 2016, esse animal teria entre 465 e 480 quilos, dependendo do dia em que ele for pesado dentro do mês, já que seu ganho médio diário estimado ficou ao redor de 400 gramas.


O investimento total para levar esse bovino até esse peso, somado ao desembolso para compra do bezerro foi de R$1,9 mil. Se esse boi atingir rendimento de 53,0% no abate, seu peso de carcaça será de 16,7 arrobas. O preço médio em abril no estado foi de R$156,05/@, o que resulta em uma receita de R$2,6 mil/cabeça. Agora, subtraindo o custo, da receita, o lucro por bovino é de R$704,44, o que equivale a 1,61% ao mês.


Veja a tabela 1.




A conta da retenção. Mantendo esse bovino na fazenda em maio e agregando os custos com insumos para este mês, para manter o mesmo retorno de abril, que é o que importa, de 1,61% ao mês, esse animal deveria ser vendido por, pelo menos, R$159,26/@.


É aí que a conta aperta. A referência de preço para maio, até o dia 20, estava em R$154,00/@, à vista. Até esse dia, os negócios em valores maiores ocorreram até cerca de R$158,00/@, à vista. Neste preço, o retorno fica em 1,57% ao mês.


E, por fim, para vender em junho e igualar o retorno obtido em abril, de 1,61% ao mês, somente se o negócio for fechado por R$163,47/@.


É claro que os custos apresentados são médios e cada fazenda tem as suas características de produção. Mas esse exercício rápido deixa claro que reter a boiada, mesmo que o preço suba, não é garantia de resultados melhores.


Portanto, reter a boiada por reter, para esperar o R$1,00/@ ou R$2,00/@ a mais, é puro exercício de sorte. Para garantir o resultado é preciso fazer contas, controlar custo e projetar resultado. A decisão de vender ou de reter a boiada na boca da seca dever ser pauta pelo resultado e não pela intuição.



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