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Scot Consultoria

Carta Insumos - Custos sobem mais que arroba do boi gordo


Segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016 - 17h50


A cotação da arroba do boi gordo não parou de subir desde o começo do ano. Na média das trinta e uma praças pesquisadas pela Scot Consultoria, até a terceira semana de fevereiro, os preços subiram 3,4%.


A falta de chuvas no final de 2015, associada ao final da temporada de confinamento, restringiu a oferta de boiadas, tida como curta antes do ano começar.


E, com a arroba trilhando o caminho de alta, “ignorando” as dificuldades no escoamento da produção e a forte redução na margem dos frigoríficos, provavelmente, há quem pergunte o porquê da recomendação de cautela com relação ao mercado do boi gordo em 2016.


Porque preço, “sozinho”, nada significa em termos de resultado. Ainda que na média da pecuária nacional, onde poucos controlam custos e o preço é o indicador de desemprenho, isso não tem validade para a “pecuária profissional”.


Além disso, com a volta das chuvas em grande parte do país, a oferta, gradualmente, vem melhorando em algumas regiões. E, não há quem  aposte, nem mesmo em Brasília, que o nível de consumo, de poder de compra, pare de cair.


Para concluir a ideia de que preço, sozinho, não é “indicador de resultado”. Quem controla custos, certamente, não se animou com essa alta recente da cotação da arroba. Isso, na maioria das praças pesquisadas pela Scot Consultoria, acompanhou a variação de preços dos insumos entre janeiro e fevereiro. Foi uma reposição de valor.



Aliás, em muitas praças pecuárias, mesmo com a valorização da arroba, a receita do produtor não acompanhou sequer a inflação dos produtos vendidos no varejo, medida pelo IPCA. Figura 2.

Aqui vale uma observação. A inflação, por definição, é aquilo que interfere no poder de compra. A medida que ela cresce, compra-se menos com a mesma quantidade de moeda. E, se a moeda do pecuarista é o boi, a inflação da fazenda, portanto, é custo de produção.


Veja na figura 2 o comportamento dos preços da arroba, do Índice de Custo de Produção e da inflação medida pelo IPCA.


 


Note na figura 2 que, são poucas as praças em que a valorização da arroba nos dois primeiros meses do ano, supera o crescimento dos custos. Em algumas, como em Barretos-SP, Goiânia-GO, Dourados-MS e no Norte de Minas Gerais, o fato de estarem, graficamente, colocadas acima dos custos, indica pouca coisa. Foi quase nula a evolução da margem (variação da receita em relação a variação do custo).


Embora em 2016 não tenha ocorrido grande mudança cambial e o patamar do dólar de 2015, próximo dos R$4,00, esteja sendo mantido, algumas empresas de insumos não repassaram integralmente o reajuste do dólar no último ano. O ajuste precisou ser feito e, dos itens dolarizados, vieram as maiores altas. 


Além disso, o pecuarista paraense, do sul de Minas Gerais, de Três Lagoas, Rio de Janeiro, Maranhão, do Norte do Tocantins, norte do Mato Grosso e de Santa Catarina, além de sentir a perda do “poder de troca” com insumos (inflação do campo), a inflação do comércio varejista (IPCA) também foi maior que as valorizações da arroba.


Ou seja, mesmo quem não calcula os custos, quem acha que porque o preço subiu “a coisa melhorou”, quando foi adquirir bens pessoais, percebeu a inflação corroer os ganhos de receita nesse início de ano.


Portanto, atenção ao mercado em 2016, os indicadores econômicos que não param de piorar.


É importante ressaltar que esta análise não é pessimista ou baixista, longe disso. Mas, da mesma forma que há boas possibilidades de ser o quarto ano seguido de valorização real no mercado do boi gordo, em função da oferta restrita, não podemos ser pegos de surpresa se isso não ocorrer. Há uma importante restrição de consumo em curso no país. É necessário ir “estudando” o mercado de perto.



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