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Carta Boi - Rebanhos maiores, altas menores


Quarta-feira, 11 de novembro de 2015 - 17h50


O rebanho bovino brasileiro cresceu 0,3% em 2014. Ao final daquele ano existiam 212,3 milhões de cabeças no país, frente a 211,8 milhões no final de 2013 (IBGE).


O maior aumento ocorreu na região Norte, de 2,5%, e a maior retração na região Sudeste, cuja diminuição foi de 2,1%. Veja a figura 1.



O maior crescimento percentual ocorreu na Paraíba, onde o rebanho aumentou 9,3%. Vale destacar que em 2012, devido à seca, o estado perdera 28,6% do rebanho bovino. O que tem ocorrido é a recomposição do efetivo.


Cenário semelhante foi observado no Rio Grande do Norte, onde houve aumento de 6,3% no período. A tabela 1 mostra um resumo do que correu em 2014. 



O estado com o maior rebanho bovino é Mato Grosso, seguido por Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, nesta ordem. Destes, apenas em Mato Grosso o rebanho cresceu.


Os dez estados com os maiores rebanhos detêm 80,8% do total nacional, o que equivale a 171,6 milhões de cabeças.


O maior crescimento absoluto ocorreu no Pará, um aumento de 746,2 mil bovinos no período. Em geral, no Norte e Nordeste houve aumentos. A figura 2 mostra estas variações no mapa.



Variações de rebanho e mercado


Uma redução no rebanho tende a gerar menos oferta. Tende porque o rebanho total não define a disponibilidade por eras, ou a segregação entre corte e leite.


De toda forma, fizemos um exercício. Comparamos as variações de preços em 2015 (frente a 2014), com o que ocorreu com o rebanho em 2014. Isso porque os dados apresentados se referem ao rebanho no final do ano, ou seja, o que estará disponível no começo de 2015.


Veja o resultado gráfico da associação destas variáveis na figura 3.



Observe que existe uma tendência de altas maiores nas regiões onde houve diminuição do rebanho (pontos alaranjados). A valorização média do boi gordo nos estados onde houve aumento de rebanho foi de 13,4%, enquanto os preços subiram 16,7% nos estados com redução no efetivo.


A linha de tendência decrescente indica que quanto maior a queda no rebanho, maior a valorização do boi gordo no ano seguinte.


Bahia e São Paulo se distanciam um pouco da linha de tendência. No caso da Bahia, uma explicação seria a seca, afetando a engorda e a disponibilidade de boiadas.


Sem considerar São Paulo e Bahia, temos um coeficiente (R²) de 0,83. Valores próximos de 1,0 indicam um ajuste maior do modelo de regressão (ilustrado pela reta). Em outras palavras, se a reta explicasse perfeitamente os dados, teríamos um coeficiente de 1,0.


Para evitar uma possível coincidência, fizemos a mesma análise com os dados de preços e rebanhos imediatamente anteriores. De maneira semelhante, São Paulo teve comportamento discrepante, juntamente com Mato Grosso do Sul.


Aqui surge a hipótese de que o gado importado de praças vizinhas influir na precificação no estado. Retirando os dois estados que tiveram comportamento distinto, tivemos um R2 de 0,80.


Considerações finais


O mercado do boi gordo não se limita a uma simples equação e,portanto, esta análise é complementar a tantas outras que se faz para monitorar o comportamento de preços.


De toda forma, o objetivo desta análise foi trazer os dados recentes sobre o rebanho nacional e mostrar uma possível relação entre as cotações e o comportamento do tamanho do rebanho por estado, sem a pretensão de definir uma forma de "prever" o mercado.


A variável demanda, fortemente influenciada pela situação econômica, é outro ponto que não pode ser negligenciado. A força da indústria e o ajuste pelo qual esta passou no último ano, com dezenas de fechamentos de plantas, também pesam.



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