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Scot Consultoria

Carta Insumos - Planejar a venda é melhor do que depender do mercado


Quinta-feira, 29 de outubro de 2015 - 05h59



São poucos os pecuaristas que planejam com antecedência as vendas do rebanho, sejam eles criadores, recriadores ou terminadores.


Ainda mais quando o mercado indica alta. A possibilidade de perder uma possível valorização de R$1,00 da arroba é aterrorizante, não é mesmo?


Gestão e planejamento são atitudes para "ganhar dinheiro". O mercado por vezes contraria as expectativas.


Em 2014, por exemplo, ano em que o bezerro subiu 40,0% em São Paulo, quem reteve essa categoria no pasto, a fim de agregar algum peso e aproveitar a curva de alta, não poderia imaginar que isso não seria o "melhor negócio".


Sazonalidade de preços


Analisando o comportamento histórico de preços do bezerro desde 2010, observa-se uma tendência sazonal de alta entre janeiro e maio. Passado esse período, o mercado anda de lado e, em alguns anos, descreve trajetória de ligeira queda.


Note na figura 1 que somente em 2012 o comportamento foi diferente.


Esse movimento está relacionado às chuvas. No meio do ano, seca. Criadores ficam mais dispostos a vender e aliviar os pastos, enquanto recriadores hesitam, já que a seca exige suplementação alimentar desses bovinos.


Na figura 2 a média da variação dos seis anos analisados na figura 1.


É através da análise dos comportamentos históricos de preços que se identifica a sazonalidade do mercado e, consequentemente, os melhores momentos para a venda.


Diante disso, os números indicam que os meses mais indicados para negociar os bezerros de desmama vão até maio. Realizar e ajustar a estação de monta, além de se justificar pela melhor qualidade do bezerro produzido quando este é parido em determinado período do ano, faz ainda mais sentido quando se olha o mercado.


Para desmamar até maio, aos sete meses, a vaca ou novilha precisa ter sido emprenhada até janeiro na estação de monta anterior.


A justificativa de venda até maio começa pela análise dos preços, mas vai além. O segundo passo para essa conclusão é agregar o custo com insumos para manter esse bovino na fazenda.


Custos inicias da recria


Vamos considerar que esse bezerro seja desmamado em maio com 180 quilos (referência de peso de desmama da Scot Consultoria) e, como em 2014 os prognósticos eram muito bons para os preços, o criador resolveu retardar a venda. Ou então que ele não conseguira negociar este animal e foi obrigado a mantê-lo no pasto.


Usaremos 2014 como referência-exemplo já que nunca antes, nem em 2015, o bezerro subira tanto. A cotação dessa categoria em maio daquele ano em São Paulo foi de R$978,00/cabeça.


Transcorrido o mês de desmama, com a seca e a campanha de aftosa, o bezerro retido na fazenda deverá ser vacinado, suplementado e receber a primeira vermifugação de seca. Além disso, incidem nesta operação custos com mão de obra e o preço do arrendamento, utilizado aqui para evitar as particularidades dos custos fixos de cada fazenda.


A Scot Consultoria estima que este animal tenha custado em maio na propriedade, R$44,60.


Em junho, passada a época de vacinação anti-aftosa e de uso de endectocida, se a venda for realizada "na perna", como também é denominada a venda por cabeça, no meio do mês, os custos mensais ficariam em R$21,40/cabeça metade do valor do mês cheio. Ao mesmo tempo o preço desse animal subiu para R$987,50, alta de 1,0%.


Ou seja, em um mês e meio de fazenda, o custo acumulado do bezerro foi de R$65,99 e a cotação de mercado subiu R$9,50. Tabela 1.


A segunda situação é a seguinte.


Se este animal for vendido no peso, aos oito meses, o resultado melhora, mas ainda fica abaixo da opção de venda à desmama. O lucro real de venda será de R$960,00, 1,7% abaixo do preço de maio.


Para este cálculo, consideramos que após um mês de fazenda ele irá agregar doze quilos, um ganho aproximado de 0,4 quilos por dia. Veja a tabela 2.


Diante dessas simulações, embora cada situação, cada fazenda, tenha um custo específico, fica claro que planejar é melhor do que olhar somente os preços.


Existem algumas fazendas que não trabalham com o pacote completo de insumos necessários. O custo cai, é claro. Mas, neste caso, o ganho de peso cai e compromete o desempenho do animal nas fases seguintes de vida.


Em um mercado onde cada vez mais se busca animais de qualidade para reposição, esse pecuarista "economizador" ou muda seu sistema de produção ou, no longo prazo, sairá do negócio.


Por fim, quem olha somente preço não consegue o melhor desempenho da fazenda. É preciso gestão e planejamento, algo pouco comum na média das fazendas brasileiras.



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