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Carta Boi - Confinar ou não confinar, eis a questão!


Quinta-feira, 10 de setembro de 2015 - 16h51

Os preços do boi magro em alta até junho e as cotações no mercado futuro perdendo força em boa parte do ano afetaram a intenção do confinador. As projeções têm sido ajustadas e já é esperada redução do volume de bovinos confinados este ano, frente a 2014.

A figura 1 mostra a evolução dos preços do boi magro (360kg) em São Paulo, do contrato de out/2015 para o boi gordo e da relação de troca entre estes.



A cotação do boi magro esteve em alta ao longo de todo o primeiro semestre e, mesmo quando perdeu força, não cedeu muito. No fechamento de agosto, a cotação estava 10,3% maior que no início do ano.

Já o contrato do boi gordo de outubro, após valorizações que estimularam os confinadores no final do primeiro trimestre, caiu, acompanhando a pressão vivida no mercado físico do boi gordo, e terminou agosto no mesmo patamar do início de janeiro.

A sombra na figura 1 representa a relação de troca entre o boi magro e o boi gordo.

Vale a ressalva de que um bovino comprado em janeiro precisaria de pasto (e custos adicionais) até ser confinado e ser vendido em outubro. Esta relação de troca tem por objetivo apenas mostrar o cenário visualizado pelo produtor e o que gerou o desânimo.

Alteração de cenário


No Segundo Levantamento de Intenções de Confinamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), por exemplo, a projeção para o volume de bovinos confinados no estado caiu.

O primeiro levantamento, feito em abril, indicava que 789,7 mil bovinos seriam confinados em Mato Grosso. Isto representaria um acréscimo de 24,0%, frente aos números de 2014. Já na segunda pesquisa, realizada em julho, houve redução de 21,4% nesta expectativa.

Com isto, a estimativa de confinamento de bovinos no Mato Grosso caiu para 620,5 mil cabeças, o que representa um recuo de 2,5%, em relação a 2014.

A Associação Nacional dos Confinadores (ASSOCON) também alterou suas expectativas. Inicialmente, projetava um aumento de bovinos confinados de 7,7% em relação a 2014. Agora projeta uma queda de 10,0%.  
A cotação do boi magro e a queda da expectativa de preço futuro foram as causas dessa inversão.

Resultados do confinamento

Embora a alimentação e outros custos também tenham oscilado, o principal fator que determina o resultado do confinamento são os preços de compra e venda da boiada.

Quando o pecuarista analisa se vai ou não confinar, ele o faz, ou deveria fazer, simulando os resultados e a viabilidade do negócio.

Para ilustrar a oscilação dos resultados do confinamento (para cada mês), fizemos uma simulação.

Consideramos um período de 90 dias, com ganho médio de 1,5kg, frete de R$40,00 por bovino e rendimento de carcaça de 55,0%. O peso inicial foi de 360kg e final com 510kg. Usamos quatro valores de custo de diária, de R$6,50 a R$8,00.

A partir destas premissas, consideramos diferentes períodos de referência. Por exemplo,
o resultado de julho refere-se ao que o pecuarista planejou em julho. Considerando preços futuros para a venda e de compra da reposição no período.

O preço de venda considerado foi a média do contrato futuro equivalente. Veja a figura 2.



Embora grande parte dos confinadores não use ferramentas de garantia de preços, consideramos os valores no mercado futuro, pois essas projeções (mesmo que não trave) influem na decisão de confinar. O melhor resultado dentre as simulações foi do pecuarista que se programou em janeiro, comprando a reposição e travando o preço de venda naquele mês. Com uma diária de R$7,00 ele teria uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 2,3% ao mês, com lucro de R$138,32 por cabeça.



A figura 3 apresenta as Taxas Internas de Retorno das diferentes simulações.



Nesta análise consideramos que o pecuarista avaliou os preços futuros somente no momento da compra da reposição. Também existe a possibilidade de travar com mais antecedência, o que não consideramos, pois geraria múltiplas possibilidades.

Escolha do investimento

A TIR é a taxa de retorno do capital investido. Ela deve, preferencialmente, ser maior que outras opções disponíveis, como investimentos de renda fixa ou mesmo poupança. Se a TIR projetada for menor que as outras opções, o risco da atividade não deve ser assumido. Aqui consideramos apenas o confinamento, sem eventuais ganhos, como liberação de pastagem, caso o animal seja próprio.

No caso do confinamento, a TIR deveria ser superior à de investimentos de renda fixa. Isto porque há um risco operacional na atividade, mesmo que os preços estejam previamente garantidos.

Entre abril e julho, considerando um custo diário de R$7,00/cabeça, houve redução no resultado projetado.
A TIR foi de 1,5% ao mês em abril e de 0,2% ao mês em junho.

Estes 0,2% ao mês não superam nem a poupança no período. Ou seja, é melhor direcionar o dinheiro para outra atividade ou investimento.

Considerações finais

As pesquisas feitas pelo IMEA sobre as intenções de confinamento ocorreram nestes meses citados (abril e julho). Embora tenha sido em Mato Grosso, a situação de troca apertada é geral e o mercado futuro é um só.

Com isto, é provável que a oferta de boiadas confinados siga tendência semelhante em São Paulo e demais estados, como a própria ASSOCON já tem apontado.  Uma oferta menor de bovinos confinados colabora com um cenário de preços firmes para o boi gordo nos próximos meses, quando boiadas dessa origem compõem parte importante das escalas.



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