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Carta Conjuntura - Carne bovina será cortada da lista do supermercado


Quinta-feira, 13 de agosto de 2015 - 15h46

É importante analisar a percepção do consumidor para avaliação do ritmo em que se encontra a atividade econômica no país.


A restrição do consumo é uma das consequências diretas da crise. Em razão do desemprego, da inflação e do endividamento, a população começa a acreditar em piora da situação e tende a conter gastos.


Além disso, o consumo é influenciado tanto pela capacidade quanto pela pré-disposição da população em gastar.


Em pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgada em agosto, a maioria dos entrevistados está pessimista quanto ao rumo da economia brasileira.


"O Cenário Econômico na Visão Dos Consumidores"


Foram ouvidas 605 pessoas de todas as capitais brasileiras entre junho e julho, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos. A margem de erro foi de 4,0 pontos percentuais e a confiança foi de 95,0%.


A pesquisa mostrou que 56,1% dos entrevistados acreditam numa piora da situação econômica neste semestre em relação ao mesmo período do ano passado. Em outra pesquisa, realizada em março, os que acreditavam num cenário ruim compunham 47,0% do universo. O pessimismo aumentou.


A participação dos que acreditam num cenário positivo também caiu. Em março eram 27,0% e em agosto 17,8%.


Dos que se manifestaram dizendo que a situação tende a se agravar, a maioria disse que sentiu dificuldade em sua própria condição financeira em relação ao ano passado. Os principais motivos foram: endividamento, queda da renda e desemprego.


Dos entrevistados que acreditam em agravamento da situação, 47,7% pretendem consumir menos, deixando de adquirir bens e produtos não essenciais. Desse grupo, 61,3% pretendem cortar supérfluos.


Dos itens essenciais a alimentação será alvo de economia: 47,7% pretendem diminuir a frequência de refeições fora de casa e 35,4% farão cortes em itens no supermercado, entre eles as carnes, leite e derivados, congelados e bebidas.


Alta dos juros agrava a crise


A taxa básica de juros (Selic) está em 14,25%, e no início do ano estava em 11,75%.


O aumento dos juros desestimula o consumo. Taxas maiores tornam as compras a prazo onerosas.


Com a queda do consumo, a produção cai e diminuem os postos de trabalho.


A taxa de desemprego no trimestre encerrado em maio foi de 8,1%. No mesmo período do ano passado era de 7,0%.


Consequências no mercado pecuário


O consumo está fraco e a população está comprando menos carne bovina ou migrando para cortes mais baratos.


Não só por causa da elevação dos preços em relação ao ano passado, mas por causa da crise econômica e da expectativa ruim do que vem pela frente.


De agosto de 2014 até o momento, o preço da carne bovina subiu, em média 15,3% nos supermercados e açougues.


A questão é que a oferta de boiadas prontas para o abate está menor este ano, o que pressiona os preços dessas boiadas para cima.


Mas vale destacar que as altas de preço da arroba do boi gordo poderiam ser maiores caso as vendas na ponta final da cadeia estivessem firmes.


Estamos entrando na entressafra da pecuária de corte, quando a oferta de bovinos provenientes de pasto cai e a boiada de confinamento não supre plenamente a demanda.


Isso deve pressionar para cima os preços em curto e médio prazos, cujas valorizações ficarão limitadas pelo comportamento do consumo.


Ou seja, os patamares de alta no preço da arroba em outubro/novembro, previstos no início do ano, já não valem mais. O agravamento da crise ao longo dos últimos meses modificou o cenário e as altas devem ocorrer, mas de maneira mais modesta.



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