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Scot Consultoria

Carta Insumos - O confinamento, a venda de insumos e o frigorífico


Quarta-feira, 1 de abril de 2015 - 17h58

As empresas de insumos e produtos para uso em confinamento de bovinos têm apostado em um ano bom para a atividade de engorda intensiva.


Os preços da arroba entre janeiro e março de 2015, quando variaram, foram para cima. Primeiro, parecia que tal firmeza ocorria em função da seca, que comprometia as condições de terminação das boiadas em pasto.  Depois choveu, e o preço seguiu firme.


Ou seja, está claro que a oferta deverá sustentar o mercado em 2015 e isso animou o setor.


Porém, recomendamos cuidado.  


A interação entre situação econômica, venda de carne, projeção de preços da arroba do boi gordo e do boi magro, projeção de resultado do confinamento e margem da indústria frigorífica, inspira atenção.


A começar pelo preço da reposição. Já existe boi magro sendo vendido no mercado de São Paulo por mais de R$2,0 mil. Considerando que o período de maior demanda por esse animal nem começou, há espaço para altas.


Se esta categoria subir até julho, 2,5%, metade do que subiu no mesmo período em 2014, será preciso vender a arroba terminada em confinamento por R$145,18 para pagar todos os custos e investimentos.


Em 2014, com esta remuneração, o retorno sobre o investimento superava os 20,0%.



A partir daí, para se tornar atrativo o confinamento, a ponto de apresentar um grande crescimento no volume de cabeças confinadas, os preços da arroba precisariam subir fortemente no segundo semestre.


O retorno de 20,0% que foi obtido em 2014 seria atingido este ano com a arroba vendida por R$172,00 em São Paulo, uma valorização de 14,5% em relação ao preço do final de março.


É aí que a situação do setor frigorífico começa a ganhar importância para venda de insumos para confinamento.


Indústria frigorífica


Em 2015, o patamar de preço do boi gordo e a receita que o frigorífico tem aferido estão deixando as margens historicamente baixas.



Como nada há que indique que a oferta de boiadas crescerá e que a situação da economia melhorará, pelo contrário, a possibilidade de inflação e desemprego crescente é palpável, os negócios poderão ficar difíceis para a indústria. 


Aumentar os preços da carne, certamente afetaria o consumo, que já é preocupante.


Desde o começo do ano, os cortes de traseiro no varejo paulista subiram 1,0%, o dianteiro 2,5% e a carne de frango 4,5%. Fica claro que a preferência da população é pelos produtos de menor valor agregado.


Para piorar, a exportação, que em tempos de mercado interno fraco poderia ajudar no escoamento, caiu mais de 20% em três meses e vai depender, e muito, dos preços do petróleo para voltar a crescer.


Diante disso, pagar mais pela arroba significa estreitar o resultado do frigorífico, uma vez que estima-se que 80,0% do custo total de uma planta de abate e processamento de carne seja composto pela compra da boiada.


Para um exercício, se considerarmos que os preços da carne fiquem em patamares semelhantes aos vigentes no final de março e a arroba atinja os R$156,00 em outubro, como vêm indicando os contratos futuros, a margem da indústria que não desossa cairia para 3,6%, resultado nunca visto.


Mas, mesmo que a cotação da carcaça volte ao recorde de 2015 (um dos maiores preços nominais já registrados), R$8,93/kg - preço do primeiro dia de janeiro, reflexo ainda do comportamento das vendas de final de ano - isso traria a margem para 7,5%, menor do que a registrada no final de março, até então, a pior do ano.


Por fim, se o cenário se mantiver como está, é possível que o espaço para alta nos preços da arroba diminua nos próximos meses. A demanda poderá limitar as valorizações. Assim, remunerar e obter lucros com a engorda de um boi magro adquirido por mais de R$2,0 mil ficaria difícil.


Com isso, o ímpeto para confinar poderá diminuir. É comum o planejamento do confinador no começo do ano ser totalmente revisto à medida que se aproxima o período de fechamento dos bovinos, geralmente no final do primeiro semestre, quando se tem as projeções de custo e receita mais "afinados".


Portanto, atenção ao consumo.



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