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Scot Consultoria

Carta Boi - Diária do confinamento: até quanto pode custar?


Segunda-feira, 16 de março de 2015 - 17h34

O custo final do boi gordo de cocho é a soma dos custos do confinamento e do boi magro.


Simulamos diferentes modelos para a identificação do ponto de equilíbrio para o custo da diária do cocho. Ou seja, o ponto no qual o lucro é zero. Diárias mais baratas geram lucros e mais caras trazem prejuízo. 


Esta diária pode ser considerada como os custos por animal ao dia em confinamento próprio, considerando depreciação, trato, operacional, sanidade, dentre outros. Também pode ser usada para avaliar o preço de um boitel, que, neste caso, inclui o lucro do dono do confinamento.


PARÂMETROS UTILIZADOS


Para as contas, utilizamos preços médios de reposição e dos animais terminados em diversas praças pecuárias, na primeira quinzena de março (tabela 1). Nesta simulação, os animais entraram com 360kg de peso vivo e foram abatidos após 90 dias. 


Consideramos custos com transporte de R$35,00 por cabeça e comissão de 1,0%, sobre o preço de referência da Scot Consultoria.


Ponto de equilíbrio dos custos com a diária de confinamento, considerando diferentes ganhos de peso diário e rendimentos de carcaça.


Optamos por deixar as variáveis ganho de peso diário e rendimento de carcaça com algumas possibilidades, para aumentar abrangência da análise. 


Com base nos parâmetros descritos, foram calculados os custos diários nos quais o lucro é zero. Ou seja, acima destes custos há prejuízo e abaixo há lucro.   


RESULTADOS


A tabela 2 demonstra o custo máximo da diária, para que os custos não superem a receita. Em São Paulo, por exemplo, com um ganho diário de 1,4kg e rendimento de 54,0%, o valor máximo da diária é de R$5,96/cabeça. Se o rendimento ao abate for de 56,0%, com o mesmo ganho diário, o custo da diária pode chegar até R$6,99/cabeça para o resultado empatar.


Em Rondônia ocorreram os maiores valores, o que indica que o confinamento no estado está com mais folga, sob o ponto de vista dos preços da reposição e boi gordo. 


Com um ganho diário de 1,6kg e rendimento ao abate de 54,0%, é possível ter lucro com diárias menores que R$8,67 por cabeça. Ou seja, se a diária for R$0,50 menor que o ponto de equilíbrio, em 90 dias o lucro será de R$45,0/cabeça (R$0,50 x 90). Com custo R$1,50/cabeça/dia menor, o lucro vai para R$135,00 por animal (R$1,50 x 90).



A pior relação, ou seja, a menor diária para equilíbrio, ocorreu em Três Lagoas-MS, onde, a partir de R$6,09/dia, há prejuízo. 


Assumir o risco da atividade para empatar o resultado não tem lógica, a menos que seja parte de um sistema mais  complexo, como um frigorífico buscando garantir a oferta de animais terminados. De toda forma, mesmo em sistemas integrados o objetivo é que cada etapa gere lucro. 


Com isto, ajustamos as simulações para que haja lucro, sem considerar custos de capital.


Para esta análise, utilizamos rendimento de 55,0% e ganho de peso diário de 1,4kg, valores médios usados na primeira simulação. Não alteramos os custos com aquisição de animais ou valores de venda e obtivemos custos de diária para que os retornos das simulações fossem de 5,0% e 10,0%, considerando o período de 90 dias.


A tabela 3 traz os resultados, em R$/cabeça e o retorno em 90 dias. 


Custos com diária, segundo o resultado esperado, para um período de 90 dias.


Em Rondônia, assim como para o equilíbrio, consegue-se obter 10,0% de retorno com a maior diária (R$5,78). Custos abaixo deste geram rentabilidades maiores. 


Em São Paulo, a partir de R$6,48/cabeça/dia não há lucro nesta simulação. Os resultados médios por estado estão na figura 1.


Custos com diária para que ocorram retornos de 0,0%, 5,0% e 10,0%, em um período de 90 dias.


Considerando as médias das praças analisadas em cada estado, o menor espaço para o custo com as diárias ocorre em Mato Grosso do Sul, onde a partir de R$5,73/dia, há prejuízo. 


Com diária semelhante (R$5,78) o retorno em 90 dias é de 10,0% em Rondônia. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A relação de troca está desafiadora em 2015, mas há regiões onde é possível obter resultados interessantes. 


Estas simulações foram feitas com preços de referência, podem ocorrer valores maiores para a venda e menores para a compra da reposição, o que aumenta o custo máximo de diária permitido pelo sistema.


A disponibilidade de alimentos na região vai ditar a dificuldade de obtenção de determinado custo diário.


As diferenças entre os estados são um exemplo de vantagens que empresas que trabalham em mais de uma região possuem. A engorda em confinamento pode ser uma estratégia válida para uma fazenda e para outra não. 


Assim como um frigorífico pode optar por trabalhar com confinamento próprio em determinada região e levar a carne para outra.


Temos um ano de demanda e relação de troca com reposição complicadas. 


Os preços do boi gordo em alta geram relações de troca positivas frente aos insumos, o que colabora com o uso de tecnologia. A necessidade de diluição do custo das arrobas magras também vai ao encontro do uso de insumos.


Ainda assim, a calculadora continua tendo o melhor custo benefício, dentre todos os insumos usados na pecuária. 


Com os custos calculados, avaliar a utilização de uma, das diversas ferramentas de hedge, também é uma boa estratégia.  



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