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Carta Conjuntura - Paralisação dos caminhoneiros persiste por duas semanas e prejudica agronegócio


Sexta-feira, 6 de março de 2015 - 18h04

Contra o aumento do preço do diesel e os baixos preços recebidos pelo frete, caminhoneiros paralisaram as rodovias nas duas últimas semanas. 


Os bloqueios tiveram início no dia 18 de fevereiro e, após doze dias de protestos, a greve perdeu força no último domingo (1/3). No auge da paralisação, na quarta-feira (25/2), as manifestações ocorriam em 14 estados, com 129 trechos bloqueados.


Os protestos diminuíram após o governo anunciar uma série de medidas que favorecia os grevistas, além de ameaçar multar os envolvidos.


O movimento atrapalhou o abastecimento de diversos produtos à população e o agronegócio foi um dos setores mais afetados.  Operações de plantas frigoríficas e exportações foram comprometidas.


Valorização da carne bovina


No mercado atacadista de carne bovina com osso, o desabastecimento gerou valorização da carcaça.


Mesmo no final de mês, período em que as vendas diminuem, e "agrava" a dificuldade econômica da população em 2015, o quilo do boi casado de animais castrados saiu de R$8,53 para R$8,85, com relatos de negociações a até R$9,00.


Queda nas exportações


Os embarques de carne suína in natura em fevereiro foram os menores dos últimos nove anos. Houve redução de 29,0% em volume se comparado ao mesmo período do ano passado.


O bloqueio das rotas de escoamento de grãos também afetaram as exportações de soja, que foi a pior para o mês de fevereiro nos últimos quatro anos. A redução em volume em relação a fevereiro de 2014 foi de 69,0%.


Embora haja outros fatores relacionados à queda nas exportações do agronegócio, a greve colaborou com o desabastecimento e a piora dos resultados, pois a programação dos portos foi afetada.


A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) relatou que no dia 24 de fevereiro apenas 10,0% da carga para ser carregada naquele dia estava no porto de Paranaguá.


Em 2014, o porto respondeu por 16,0% da movimentação de soja em grão para fora do país, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).


Prejuízos


Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que as indústrias de aves e suínos contabilizam prejuízos da ordem de R$700,00 milhões, devido principalmente à suspensão dos abates e dificuldade no transporte de insumos e produtos.


A entidade estima ainda que nos dias mais graves do bloqueio, cerca de 70,0% da capacidade de abate do Sul do país, principal região produtora de aves e suínos, foi afetada pela paralisação.


Em uma estimativa otimista, a Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC) avalia em R$20,8 milhões por dia o prejuízo sofrido com o bloqueio.


Negociações


A presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos na segunda-feira (2/3) a Lei dos Caminhoneiros, que alivia pagamento de pedágio, perdoa multas e promete ampliar pontos de paradas para descanso, na tentativa de encerrar a greve da categoria.


A condição para validar as alterações é o término da greve.


Apesar de ainda existirem pontos de bloqueio, a manifestação está praticamente finalizada e já não interfere no setor. A tendência é de normalização das atividades em março.



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