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Carta Boi - A carteira engordou... e o churrasco?


Quarta-feira, 4 de dezembro de 2013 - 12h35

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivemos o ano com a menor taxa de desemprego média na última década. 


Os dados foram obtidos através da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), com destaque para outubro último, que registrou a menor taxa de desemprego para este mês dos dez anos pesquisados.


A PME é realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.


A taxa, que vem apresentando queda ano após ano, se consolidou em níveis muito baixos em 2013, oscilando entre 5,0% e 6,0%, teto máximo que só foi atingindo uma vez este ano, em junho.


Assim, a taxa de desocupação ficou em 5,6% na média do ano (janeiro a outubro). Na comparação com a média do mesmo período de 2012, cujas taxas já haviam sido muito baixas, a queda foi de 0,1 ponto percentual. 


Bom sinal para a economia e para o consumo interno. No mês de destaque, outubro, a taxa de desocupação foi de 5,2%, de um total de 24,55 milhões de pessoas, o que resulta em aproximadamente 1,27 milhão de pessoas desempregadas. Consequentemente, o número de pessoas empregadas foi de 23,28 milhões de pessoas.



Esta população empregada gerou receita real de aproximadamente R$45,10 bilhões em outubro, e R$441,08 bilhões no acumulado de 2013, até este mês. Comparado com outubro de 2012, quando a receita foi de R$44,49 bilhões, o crescimento de receita para a população foi da ordem de R$619,0 milhões ou 1,4%. 


No acumulado de 2012, a massa de renda até outubro havia sido de aproximadamente R$429,81 bilhões, R$11,27 bilhões ou 2,6% a menos. Os valores estão deflacionados a preços de outubro deste ano.


Com a comparação anual, verifica-se que a cada ano os níveis de desemprego estão menores, e consequentemente, o bolo gerado pela massa salarial cresce substancialmente.


Enquanto a renda disponível cresce, como vai o abate de bovinos e a produção de carne bovina no país?


De acordo com a Pesquisa Trimestral de Abate, também realizada pelo IBGE, o abate de bovinos e a produção de carne cresceram na comparação entre 2012 e 2013.


No primeiro semestre de 2012, foram abatidos cerca de 14,88 milhões de cabeças. Neste mesmo período de 2013, o número de bovinos abatidos foi de 16,69 milhões, o que representa um crescimento de 12,1% na comparação semestral.


Consequentemente, analisando o peso gerado pelos abates nos primeiros semestres de 2012 e 2013, observamos um crescimento de 12,2%, saindo de 3,48 milhões de toneladas para 3,91 milhões de toneladas. Figura 2.



Além deste aumento anual, verificado nos primeiros semestres de 2012 e 2013, historicamente, verificamos que os abates do segundo semestre são maiores que os do primeiro semestre, apesar de uma disponibilidade menor de animais terminados.


Isto acontece devido ao aumento de consumo e a maior disponibilidade de renda nos últimos seis meses do ano, o que faz com que os frigoríficos intensifiquem as atividades. Com um abate maior e demanda mais forte, a rotatividade e a lucratividade tendem a ser mais atrativas.


Tal fato deve colaborar para a confirmação das previsões de um abate consolidado maior em 2013, comparado ao ano anterior.


E os preços?


Sabemos que o mercado da carne bovina, principalmente o brasileiro, não é totalmente perfeito. No caso do Brasil, a imperfeição vem da parte ofertante, pois a concentração dos frigoríficos, abatedouros e varejistas impede que a oferta e demanda sejam totalmente interativas, prejudicando a formação de preços.


Deve-se destacar que a demanda é consistente e variada, fato que não causa prejuízo ao livre comércio.


Ainda sim, observando os preços médios de todos os cortes no segmento varejista, percebemos que, nos últimos anos, existe uma disparidade entre oferta e demanda, cujo resultado é o aumento médio do preço da carne bovina no período. Figura 3.



Podemos perceber que a crescente taxa de ocupação da população brasileira e o aumento médio da renda vêm sendo indicadores positivos para o consumo de carne, embasando o aumento de preços e a "inflação da carne bovina". Além disto, esta crescente nos preços indica que o avanço da produção vem sendo insuficiente para provocar quedas nas cotações.


Dado que a renda do trabalhador brasileiro continue a crescer nos próximos anos, a questão é até aonde a produção de carne brasileira conseguirá crescer para que os preços não subam expressivamente, e quais são as medidas para tornar este crescimento sustentável.


Para alguns, o boom de consumo ainda não passou e os reflexos ainda poderão ser vistos na cadeia. Resta saber até quando.



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